Dólar abre em queda de 0,31% à espera de discurso do Fed

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu em queda de 0,31% nesta sexta-feira (25), com a atenção dos investidores voltada a sinalizações sobre os juros nos Estados Unidos.

Às 9h06, a moeda estava cotada a R$ 4,8645 para a venda à vista. O mercado trabalha em modo de espera antes do discurso do presidente do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA), Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole, nos EUA, que reúne os chefes dos principais bancos centrais do mundo.

Temores sobre uma possível nova alta dos juros americanos para esfriar a economia levaram pessimismo ao mercado nas últimas semanas, e, por isso, o pronunciamento de Powell será acompanhado de perto pelos investidores.

Na quinta-feira (24), os investidores optaram pela cautela no aguardo de sinalizações sobre a política monetária nos EUA.

O principal índice acionário da Bolsa brasileira oscilou no território negativo durante todo o dia e terminou os negócios de quinta em queda de 0,93%, aos 117.025 pontos, enquanto o dólar registrou alta de 0,45%, a R$ 4,8792 na venda.

O movimento acompanhou o sentimento de maior cautela que predominou nos mercados globais —nos Estados Unidos, as ações também caíram, com baixa de 1,87% do Nasdaq, queda de 1,35% do S&P 500 e de 1,08% do Dow Jones. Na mesma toada, o dólar se fortaleceu contra uma cesta de moedas de países desenvolvidos, com alta de 0,54% do indicador DXY.

Dados sobre o mercado de trabalho nos EUA divulgados na quinta indicaram que o setor segue aquecido, o que pode contribuir para mais uma alta de juros no país. O número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego caiu na semana passada, a despeito do aperto monetário promovido nos últimos meses pelo Fed.

Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego diminuíram em 10 mil na semana encerrada em 19 de agosto, para 230 mil, informou o Departamento do Trabalho dos EUA. O número ficou abaixo do esperado pelos economistas, que previam 240 mil solicitações para a última semana.

O mercado de trabalho apertado e a expectativa pelas sinalizações do presidente do Fed fizeram com que as taxas de juros dos títulos públicos dos EUA operem em alta nesta quinta. O título do governo americano com vencimento em 10 anos avançou de 4,19% no fechamento de quarta para 4,23% nesta quinta.

Em contraste ao sentimento de maior aversão ao risco dos investidores globais, as ações da Nvidia fecharam em leve alta de 0,1%, após a empresa de chips reportar resultados fortes, impulsionados pela demanda crescente relacionada à inteligência artificial.

A companhia reportou na quarta-feira um lucro líquido de R$ 13,5 bilhões no segundo trimestre de 2023, o que corresponde a uma alta de 843% na comparação com o mesmo período do ano passado. As ações chegaram a subir 8,5% no início das negociações nesta quinta, mas perderam força ao longo da sessão, até pela alta já acumulada de 222% no ano.

Na Bolsa brasileira, as ações do Itaú registraram queda de 1,16%, após o banco anunciar acordo para vender sua operação na Argentina para a instituição local Banco Macro por cerca de R$ 250 milhões. O Itaú informou que terá um impacto negativo não recorrente de R$ 1,2 bilhão no balanço por conta da operação.

Segundo o banco, o impacto negativo decorre do fato de o valor contábil da operação na Argentina ser superior ao valor recebido pela venda. “Como o banco na Argentina foi vendido abaixo desse valor, pode-se interpretar que houve um deságio na operação”, diz João Frota Salles, analista da Senso Investimentos.

O analista acrescenta que geralmente o que ocorre é ao contrário. Um banco compra o outro pelo valor de mercado, que é maior do que o valor contábil, via de regra, afirma Salles.

O banco informou ainda que tem a intenção de continuar atendendo clientes corporativos locais e regionais, além de indivíduos de wealth e private banking através de suas unidades internacionais e que irá buscar a aprovação para abrir um escritório de representação no país vizinho.

Analista da Guide, Mateus Haag avalia como neutro o impacto da venda para o Itaú. “A transação já estava no radar do mercado, uma vez que o banco já havia informado em junho que estava em negociação preliminar com o Banco Macro”, diz o analista, acrescentando que o negócio é pouco representativa para o balanço do Itaú —as operações de crédito na Argentina, algo por volta de R$ 10 bilhões, correspondem a menos de 1% do total da carteira de crédito do banco.

Redação / Folhapress

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