SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu em queda nesta quarta-feira (20), numa sessão de foco total nas decisões de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) e, após o fechamento dos mercados, do Banco Central do Brasil.
Às 9h43, o dólar caía 0,29%, cotado a R$ 4,858.
O mercado já é praticamente unânime ao afirmar que o BC deve realizar um novo corte de 0,50 ponto percentual, enquanto nos EUA a expectativa é de manutenção do atual patamar de juros, de 5,50% ao ano.
Investidores desejam analisar, no entanto, a comunicação dos dois bancos centrais, buscando pistas sobre as decisões posteriores.
No Brasil, a dúvida é se há espaço para reduções maiores dos juros nos próximos encontros do Copom (Comitê de Política Monetária). Sinais como o arrefecimento da inflação de serviços em agosto animaram parte do mercado sobre uma aceleração do ritmo de cortes da Selic, mas a persistência de riscos para o processo de redução da alta de preços ainda gera receios.
Já nos EUA, a discussão é se novos aumentos de juros ainda serão necessários neste ano. Apesar de o último dado de inflação americana ter vindo em linha com esperado e ter apresentado queda no núcleo (que exclui preços mais voláteis), a recente alta do petróleo e dados fortes sobre a economia do país sugerem que o aperto monetário pode continuar.
Na Europa, o Banco da Inglaterra também divulga sua decisão sobre juros nesta semana sob otimismo de investidores, após a divulgação de dados de inflação nesta manhã. O CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) desacelerou a 6,7% em agosto, ante 6,8% no mês anterior, o que pressiona o banco central do país a realizar uma pausa em sua escalada de juros.
Na terça (19), a Bolsa teve uma sessão volátil, registrou mais um dia de queda e perdeu os 118 mil pontos, acompanhando o exterior, enquanto o dólar subiu, com investidores negociando em cautela justamente por conta da decisão sobre juros nos Estados Unidos desta semana.
A queda na Bolsa foi liderada pelas “small caps”, empresas menores e mais ligadas à economia doméstica, num cenário de alta dos juros futuros no Brasil. O setor financeiro também pressionou os negócios, e o Ibovespa fechou em baixa de 0,37%, aos 117.845 pontos.
As curvas de juros brasileiras acompanharam a subida dos rendimentos dos títulos americanos, que, por sua vez, foram impactados pela expectativa sobre a reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central americano).
Nesse cenário, o dólar também ganhou força e subiu 0,36%, terminando o dia cotado a R$ 4,873.
No Brasil, investidores também repercutiram nesta terça a divulgação do IBC-Br, índice de atividade econômica do Banco Central, que veio melhor que o esperado pelo mercado e apontou ganho de força da economia.
Após a divulgação do IBC-Br, as curvas de juros futuros, que embutem as expectativas sobre a Selic, registraram alta, acompanhando os títulos americanos. Os contratos com vencimento em janeiro de 2025 iam de 10,43% para 10,49%, enquanto os para 2027 saíam de 10,34% para 10,44%.
Dois profissionais ouvidos pela Reuters afirmaram que os números do IBC-Br acabaram por não influenciar a curva de juros brasileira. Segundo um deles, a revisão para baixo do dado de junho acabou anulando eventual efeito da alta de julho.
Com isso, os rendimentos dos títulos dos EUA foram o principal catalisador para a alta dos juros futuros no Brasil, motivados justamente pelas dúvidas sobre as próximas decisões do Fed e pela alta do petróleo, que é um dos maiores riscos para a inflação americana neste ano.
Nesse cenário, as “small caps”, empresas menores e mais ligada à economia doméstica, lideraram as perdas do dia. O maior tombo da sessão foi do GPA (7,35%), também impactada por um corte de preço-alvo feito pelo Bank of America, enquanto Gol e Yduqs também apareciam entre as principais baixas. Já o índice da B3 que reúne essas companhias caiu 0,95%.
“São ativos sensíveis ao comportamento da curva de juros, sendo que GPA e Gol são relacionados ao consumo interno, e Totvs é uma tech, que historicamente negocia a múltiplos altos. Com a alta dos juros futuros, essas ações acabaram sendo penalizadas”, afirma Petrokas, da Quantzed.
O setor financeiro também fez pressão no Ibovespa, tendo como principal baixa o Itaú, que caiu 0,84% e ficou entre os papéis mais negociados da sessão. Outros bancos, como Bradesco e BTG Pactual, acompanharam o movimento de queda, e o índice financeiro da Bolsa recuou 0,84% nesta terça.
Já as empresas ligadas ao petróleo, que teve alta no exterior, foram o principal ponto de sustentação do índice. A Petrobras e a PetroRio, por exemplo, subiram 0,41% e 0,99%, respectivamente, e figuraram entre as mais negociadas da sessão.
A Vale, por sua vez, terminou o dia em leve alta de 0,11%.
Nos EUA, os principais índices de ações caíram também impactados pelas especulações sobre juros no país. O S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq recuaram 0,22%, 0,31% e 0,23%, respectivamente.
Com Reuters
Redação / Folhapress