Dólar cai a R$ 5,11 e Bolsa sobe após dados de inflação nos EUA e no Brasil

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar registrou queda de 0,93% nesta sexta-feira (26), fechando a sessão cotado a R$ 5,115, após a divulgação de novos dados de inflação nos Estados Unidos, que vieram em linha com as expectativas do mercado. Já o Ibovespa registrou forte alta de 1,50%, terminando o dia aos 126.526 pontos.

Segundo o Departamento de Comércio, o índice PCE de preços, o mais acompanhado pelo Fed em suas decisões de juros, subiu 0,3% no mês passado. Os dados de fevereiro não foram revisados e mostram um aumento de 0,3% do PCE.

Nos 12 meses até março, a inflação aumentou 2,7%, depois de avançar 2,5% em fevereiro. Economistas consultados pela Reuters previam que o índice subiria 0,3% no mês e 2,6% na base anual.

A divulgação ocorre após uma série de dados mais fortes que o esperado que surpreenderam o mercado e adiaram apostas sobre o início do ciclo de corte de juros no país.

Havia temores de que a inflação pudesse exceder as previsões em março, depois que o relatório do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre, na quinta-feira (25), mostrou que a maior pressão dos preços em um ano, impulsionada pelo aumento dos custos de serviços, especialmente transporte, serviços financeiros e seguros. Isso mais do que compensou a queda nos preços de bens.

“A boa notícia é que os dados divulgados nesta sexta-feira não excederam as expectativas do mercado. Mas, eles não são suficientes para uma revisão das projeções do mercado sobre o início do corte de juros, que deve ocorrer em setembro”, afirma Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.

Já Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, destaca que os dados mais fracos do PIB americano no primeiro trimestre e o PCE desta sexta colocam no radar a possibilidade de um processo de estagflação nos Estados Unidos, e que os números desta semana aumentam a tensão antes da próxima reunião do Fed, marcada para semana que vem.

“A leitura do PCE deve apenas confirmar a recalibragem das expectativas que ocorreram em abril e agora apostam que o início do ciclo de cortes de juros só irá acontecer no final do ano e provavelmente será mais tímido”, afirma Igliori.

No Brasil, a inflação medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) perdeu força em abril e desacelerou a 0,21%, após marcar 0,36% em março, segundo dados divulgados nesta sexta pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O número veio abaixo da projeção do mercado, que esperava alta de 0,29%, segundo estimativas coletadas pela Bloomberg.

O chefe de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital, João Savignon, destaca que os números foram melhores que o esperado e são uma boa notícia para o Banco Central, afirmando que a autoridade monetária pode realizar um corte de 0,50 ponto percentual na Selic (taxa básica de juros) em sua próxima reunião, em maio, diante desse cenário.

Ele faz uma ressalva, no entanto, sobre uma possível desaceleração do ritmo a partir de junho.

“A mudança recente da comunicação da autoridade monetária por conta do cenário externo, aliada à reprecificação dos ativos e nova desancoragem das expectativas inflacionárias e fiscais, devem levar o Copom a antecipar essa desaceleração do ritmo de cortes e a uma Selic terminal mais elevada, de 9,75%”, diz o economista.

Já o analista Felipe Moura, da Finacap, diz que os números do IPCA-15 reforçam a visão de que o BC tem conseguido controlar a inflação, mas destaca que o mercado brasileiro ainda depende da dinâmica inflacionária americana.

“As comunicações de Roberto Campos Neto [presidente do BC] ainda vêm destacando dados dos Estados Unidos, que realmente o movimento monetário aqui vai ser muito dependente dos dados lá fora. Frustra um pouco, porque a gente vive uma dinâmica desinflacionária mais forte do que os EUA, mas ainda assim está refém do movimento que vai acontecer lá”, diz Moura

Os novos dados fecharam uma semana de recuperação do mercado brasileiro: desde a última sexta, a moeda americana apresenta desvalorização de 1,61% ante o real, enquanto o Ibovespa teve ganho de 1,12%.

“A gente tem uma perspectiva de recuperação para a Bolsa. O que vale observar daqui para frente é a questão do juro americano e o reflexo disso ao redor do mundo. Os dados de hoje vieram interessantes e o mercado tomou um pouco mais de risco no dia”, diz Pedro Marinho Coutinho, sócio da The Hill Capital.

Redação / Folhapress

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