SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar caía e a Bolsa subia nesta segunda-feira (30), com os investidores monitorando as negociações comerciais dos Estados Unidos com parceiros sobre tarifas e aguardando comentários de autoridades no Brasil, incluindo do ministro da Fazenda, após a derrubada do derrubada do decreto do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) na semana passada.
Às 11h33, a moeda norte-americana recuava 0,36%, cotada a R$ 5,462, em linha com a queda do dólar no exterior. O índice DXY, que mede a força da divisa dos EUA frente a uma cesta com outras seis divisas, se desvalorizava 0,27%, a 97,12.
No mesmo horário, a Bolsa subia 0,78%, a 137.939 pontos, na esteira da forte alta das Bolsas americanas, com o otimismo em relação aos acordos comerciais firmados pelos EUA. Na sexta-feira (27), o dólar fechou com queda de 0,26%, cotado a R$ 5,483, e a Bolsa brasileira recuou 0,18%, a 136.865 pontos.
A sessão desta segunda-feira marcará o encerramento do primeiro semestre de 2025. Até agora, a Bolsa paulistana registra um ganho acumulado de 13,54%, enquanto o dólar registra uma queda de 11,27% nos primeiros seis meses do ano.
“Hoje teremos muita volatilidade, teremos aí muitas distorções de preço, sem dúvidas. Temos fechamento de trimestre e fechamento de semestre”, disse Alison Correia, analista de investimentos e co-fundador da Dom Investimentos.
Como pano de fundo da sessão está a expectativa pelo fim da pausa das tarifas abrangentes dos Estados Unidos, que acontecerá na próxima quarta-feira (9).
O presidente dos EUA, Donald Trump, ainda não fechou acordos com os seus principais parceiros, como o Japão e a União Europeia.
Na frente de dados, o destaque da semana será a publicação, na quinta-feira (3), do relatório de emprego de junho nos EUA, com os agentes em busca de sinais de enfraquecimento no mercado de trabalho que possam impulsionar as chances de cortes na taxa de juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano).
Nos últimos dias, operadores têm elevado as apostas em reduções de juros pelo Fed na esteira de dados moderados de inflação e da maior pressão de Trump sobre a instituição para que retome o afrouxamento da política monetária.
Um dado fraco para a criação de empregos em junho pode gerar ainda mais expectativa por cortes de juros, o que favorece o real e outros pares do dólar. No momento, operadores projetam um corte de juros em setembro.
Na cena doméstica, os agentes do mercado financeiro seguem atentos ao impasse sobre o aumento do IOF. Na semana passada, o Congresso derrubou os decretos que elevariam as alíquotas do imposto.
Em entrevista na sexta ao novo videocast semanal da Folha, o C-Level Entrevista, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve ingressar com ação no STF (Supremo Tribunal Federal) contra a decisão se tiver o aval da AGU (Advocacia-Geral da União).
O revés no Congresso representa uma mais uma derrota para o governo. Haddad disse que acreditava ter chegado “num baita de um acordo” para calibrar as alíquotas do imposto quando se reuniu com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), na noite do dia 8.
“Saí de lá imaginando que estava tudo bem. Não só eu, todo mundo. Eu não sei o que mudou. Eu não consigo… O que mudou daquele domingo para cá?”, declarou à Folha, quase 20 dias depois da reunião.
O plano de judicializar a decisão se ampara no argumento de que o governo pretende cobrar dos ricos em favor dos pobres. Ao travar esse embate, o Executivo pode acirrar a disputa com parlamentares de centro e de direita, em um contexto já adverso às pautas da gestão petista.
O mercado nacional deve monitorar falas de Haddad a partir das 11h na cerimônia de lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar, e do diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, no Forum on Central Banking 2025, em Sintra, Portugal.
Na frente dos dados domésticos, o mercado reage à redução das expectativas para a inflação neste ano por economistas ouvidos pelo BC. É a quinta semana seguida que há diminuição da previsão.
O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que a expectativa para a inflação, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), é de 5,2% ao fim deste ano, abaixo da previsão de 5,24% na pesquisa anterior. Para 2026, a projeção para a alta dos preços no país foi mantida em 4,50%.
O centro da meta perseguida pelo BC é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Os analistas mantiveram os índices do PIB (Produto Interno Bruto) e da taxa básica de juros, a Selic, para o final de ano, e diminuíram do dólar.
Além disso, os agentes do mercado avaliam dados divulgados pelo BC mostrando que a dívida pública bruta do Brasil subiu menos do que o esperado em maio.
A dívida bruta fechou maio em 76,1%, contra 76,0% em abril. As expectativas em pesquisa da Reuters eram de 76,6% para a dívida bruta.
A dívida bruta é um dos principais indicadores econômicos observados pelos investidores na hora de avaliar a saúde das contas públicas do país.
Redação / Folhapress
