SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar tinha queda nesta sexta-feira (16), com otimismo dos mercados globais após uma série de dados econômicos fortes dos Estados Unidos.
Às 14h18, a moeda norte-americana recuava 0,11%, cotada a R$ 5,4768 na venda.
Já a Bolsa engatava tímida no nono pregão seguido de altas e avançava 0,09%, aos 134.277 pontos, ultrapassando a máxima histórica de 134.193 pontos, registrada no fechamento de 27 de dezembro de 2023.
A tônica dos mercados desta semana tem sido o estado da economia dos Estados Unidos, após temores de recessão derrubarem Bolsas ao redor do mundo na semana passada.
Os pedidos de auxílio-desemprego, divulgados na quinta-feira, diminuíram para 227 mil na semana encerrada em 10 de agosto, ante expectativa de 235 mil de analistas consultados pela Reuters. Na semana anterior, haviam sido 234 mil pedidos, em dado revisado para cima.
Além disso, as vendas no varejo por lá cresceram 1% em julho, bem acima da projeção de 0,3% de economistas. Os dados de junho, antes em estabilidade, foram revisados para queda de 0,2%.
Na quarta-feira, o CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) ainda veio em alta modesta para julho, em 0,2%, depois de cair 0,1% em junho. Em 12 meses, ficou em 2,9%, ante 3,0% da leitura anterior.
O resultado mensal veio em linha com as projeções de analistas consultados pela Reuters; no comparativo anual, a expectativa era por 3,0%.
Os dados levaram investidores de volta a ativos de risco, uma vez que, além de demonstrarem a resiliência da economia dos EUA, também consolidaram a perspectiva de um corte de juros do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) na próxima reunião, marcada para setembro.
“A perspectiva é de recuperação dos ativos de maior risco devido a indicadores que serviram de suporte para espantar por hora os temores de recessão global”, disse Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.
“E ao mesmo tempo, o conjunto de dados mostra que o ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos pode ser iniciado sem que haja necessidade de um corte mais agressivo”, acrescentou.
Antes, com os temores de uma desaceleração acentuada na economia, um corte de 0,50 ponto percentual na taxa de juros atualmente na faixa de 5,25% e 5,50% era a aposta majoritária, com especulações até de uma reunião extraordinária do Fed para adiantar o ciclo de afrouxamento.
Agora, uma redução inicial de 0,25 ponto se tornou a de maior probabilidade, com endosso de 76,5% dos investidores, segundo a ferramenta CME FedWatch.
O apetite por risco de investidores tem favorecido a Bolsa brasileira, que também ganhou fôlego nos últimos dias graças a uma bateria de balanços corporativos.
Já o dólar costuma se depreciar à medida que o Fed reduz os juros. Em tese, ele se torna comparativamente menos atrativo em relação a outras moedas quando os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro, chamados de treasuries, caem.
Com isso, a divisa norte-americana se enfraquecia nesta sexta frente a uma série de moedas emergentes, registrando quedas ante o rand sul-africano, o peso chileno e o dólar australiano.
Na cena doméstica, o foco está voltado à percepção de que o BC (Banco Central) deve manter a taxa Selic no atual patamar de 10,50% ao ano, ou até mesmo elevá-la antes do final de 2024.
O presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, disse em evento nesta manhã que o Copom (Comitê de Política Monetária) optou por não trabalhar com o chamado “guidance” ou seja, um indicativo ao mercado sobre como atuará nas próximas reuniões e, sim, balizar as decisões a partir de novos dados econômicos.
No início desta semana, Gabriel Galípolo, diretor de política monetária e favorito ao cargo de Campos Neto ao final do ano, reforçou que um novo aperto na Selic está na mesa, em mensagem que já havia aparecido na ata da última reunião do Copom.
“Talvez em algum momento, quando se colocou o cenário alternativo, foi lido como retirar da mesa a possibilidade de alta. E isso não é a realidade do diagnóstico do Copom. A alta está na mesa, sim, do Copom”, afirmou Galípolo.
A possibilidade de uma alta na Selic, ao mesmo tempo em que o Fed aparenta estar mais próximo do início do ciclo de cortes, torna o real atrat ivo pelo diferencial de juros.
É nesse cenário que ocorre o chamado “carry trade”, ou seja, quando agentes tomam empréstimos a taxas mais baixas e aplicam esses recursos na moeda de países de juros maiores.
Redação / Folhapress