SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar registrou leve queda de 0,20% nesta sexta-feira (12) e fechou o dia cotado a R$ 5,430, acompanhando o movimento visto em outras divisas exportadoras e emergentes no exterior, enquanto investidores repercutem novos dados de inflação nos Estados Unidos divulgados nesta semana.
Já a Bolsa brasileira registrou seu décimo pregão seguido de alta, subindo 0,47%, aos 128.897 pontos.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou nesta sexta que o índice de preços ao produtor para a demanda final subiu 0,2% em junho, depois de ter ficado inalterado em maio. Economistas consultados pela Reuters haviam previsto alta de 0,1%. Nos 12 meses até junho, o índice subiu 2,6%, depois de avançar 2,4% em maio.
Apesar de ter vindo mais forte que o esperado, a inflação ao produtor não teve efeito negativo no mercado, que manteve o otimismo em relação aos números de alta de preços ao consumidor divulgados na quinta (11).
O CPI (Índice de Preços ao Consumidor) caiu inesperadamente e o aumento anual foi o menor em um ano, reforçando as visões de que a tendência de desinflação está de volta aos trilhos e aproximando o Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) de um corte na taxa de juros do país.
Após a divulgação do CPI, aumentaram as apostas de uma redução nas taxas americanas em setembro, desencadeando alta nos mercados que persistiu nesta sessão.
“O Ibovespa segue em alta, com o apetite tanto do investidor local quanto estrangeiro, com os ativos ainda bastante depreciados, e com uma inflação menor nos EUA indicando início de cortes de juros em setembro. Nem um PPI [índice de inflação ao produtor] mais forte que o esperado foi suficiente para derrubar as Bolsas. O mercado segue dando um peso maior para o dado de inflação americana divulgado ontem”, afirma Andre Fernandes, chefe de renda variável e sócio da A7 Capital.
A sequência de dez altas do Ibovespa é a maior desde um período entre o fim de 2017 e o início de 2018, quando o Ibovespa avançou por 11 sessões consecutivas. Apesar disso, a performance acumulada no ano segue no vermelho, com queda de quase 4%.
Na semana, o Ibovespa acumula alta de 2,0%, e o dólar caiu 0,58% no período.
A performance recente acompanha a melhora da movimentação de estrangeiros na B3, com as compras no mercado secundário de ações superando as vendas em R$ 2,88 bilhões no mês até o dia 10. No ano, o saldo segue negativo, em R$ 37,2 bilhões.
“Nós estamos vendo fluxo positivo de estrangeiros, e isso é muito importante. Para mim, é o que explica essas altas consecutivas”, destacou o gestor e sócio-fundador da Trígono Capital, Werner Roger.
“Parece que os estrangeiros já estão procurando emergentes e o Brasil é a Bolsa que mais caiu no mundo em dólar”, acrescentou, ponderando que no ano o sinal ainda é negativo, com investidores “talvez ainda aguardando o movimento da Selic”.
No Brasil, o ministro da Fernando Haddad (Fazenda) defendeu nesta manhã a necessidade de “paciência” para colocar a situação fiscal do Brasil em ordem, ao mesmo tempo em que afirmou ser uma “obsessão” organizar as coisas no governo.
Haddad também defendeu que a expansão fiscal neste momento não é boa para o Brasil e afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cortará gastos primários para ajustar as contas públicas se for necessário.
“Estamos desde 2014 ou 2015 produzindo déficit pesado”, disse Haddad em sua fala. “Isso melhorou a vida de alguém?”, questionou durante sabatina em Abraji (Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo).
Mesmo com as sinalizações em defesa do ajusta fiscal feitas pelo ministro, as curvas de juros futuros locais registraram alta, especialmente as de contratos mais curtos.
Perto do fechamento a curva a termo precificava 84% de chances de manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano no fim deste mês e 16% de possibilidade de alta de 0,25 ponto. Na véspera os percentuais eram de 92% e 8%, respectivamente.
Redação / Folhapress