SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar operava abaixo de R$ 5,40 nos primeiros negócios desta quarta-feira (10), conforme investidores analisavam os últimos dados sobre a inflação ao consumidor no Brasil, divulgados mais cedo pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os números também deram impulso à Bolsa, que caminhava para mais um pregão positivo.
A inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), desacelerou a 0,21% em junho, após marcar 0,46% em maio. O novo resultado veio abaixo da mediana das expectativas do mercado financeiro. Segundo pesquisa da agência Reuters, a projeção era de taxa de 0,32% em junho.
Em 12 meses, porém, o IPCA ganhou força e passou a acumular inflação de 4,23%, conforme o IBGE. Nesse recorte, a alta dos preços era de 3,93% até maio.
Às 10h25, o dólar caía 0,59%, cotado a R$ 5,384, enquanto o Ibovespa subia 0,44%, aos 127.674 pontos.
Os números de preços têm se tornado cada vez mais observados pelos membros do Banco Central, à medida que cresce a desancoragem das expectativas de inflação para este ano e o próximo. O resultado para o mês passado pode reduzir os temores do mercado em relação à inflação no Brasil.
“Os dados de inflação foram benignos e com a recente valorização da taxa de câmbio, as expectativas de inflação podem se estabilizar nas próximas semanas, contribuindo para reduzir a probabilidade de novas altas na taxa de juros no futuro. Porém, elas ainda seguem acima da meta e são de grande preocupação para o BC. Esse cenário se soma as dúvidas em relação à política fiscal brasileira e as incertezas no cenário externo”, afirma Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research
No mês passado, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu interromper seu ciclo de afrouxamento monetário após sete cortes consecutivos na taxa Selic, agora em 10,50% ao ano.
Economistas consultados pelo BC em sua pesquisa Focus elevaram novamente na segunda-feira (8) sua expectativa para o IPCA ao final de 2024 e 2025. Neste ano, os analistas veem os preços fechando em 4,02%, ante 4,0% na semana anterior.
Em 2025, o IPCA agora é visto encerrando o ano em 3,88%, de 3,87% na semana passada.
O BC trabalha com a meta de uma inflação acumulada em 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, como principal norteador para a definição da taxa básica de juros do país, a Selic.
“Além de ter sido uma composição [do IPCA] bastante boa, traz notícias boas para o ano. A gente deve continuar com essa inflação e o Focus transitando entre 4%, 4,10%, abaixo da banda superior da meta, diferente do que era esperado ali no começo da semana, com o reajuste da Petrobras. Traz um certo alívio para o banco central com relação às expectativas desse ano”, Laiz Carvalho, economista para Brasil do BNP Paribas.
O banco, no entanto, mantém sua projeção de que a Selic deve continuar no patamar de 10,50% até o fim do ano.
Redação / Folhapress