RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A escalada do dólar voltou a pressionar os preços dos combustíveis no país, elevando a defasagem em relação às cotações internacionais ao maior patamar desde julho. O cenário já provocou aumento na maior refinaria privada brasileira, mas a Petrobras deve esperar antes de decidir por reajustes.
A maior pressão ocorre sobre o diesel, cuja demanda global tende a crescer no inverno do Hemisfério Norte. Nesta quinta-feira (19), o preço médio do produto nas refinarias brasileiras estava R$ 0,47 abaixo da paridade de importação medida pela Abicom (Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis).
Nas refinarias da Petrobras, a diferença é ainda maior, de R$ 0,53 por litro, o maior valor desde o início de julho. Operada pela Acelen, a Refinaria de Mataripe, na Bahia, elevou nesta quinta em cerca de 5% seu preço de venda do diesel S-10.
A reportagem apurou que a estatal ainda deve esperar a formação de um novo patamar de preços antes de decidir por reajustes. A empresa vem repetindo que sua política comercial tem o objetivo de evitar o repasse ao consumidor de volatilidades no mercado.
Apesar de passar grandes períodos com elevada defasagem durante o ano, a Petrobras não promoveu nenhum reajuste no preço do diesel em 2024 –o último ocorreu no fim de 2023, antes da retomada da cobrança integral de impostos sobre o combustível.
No caso da gasolina, o preço médio nas refinarias brasileiras está R$ 0,16 por litro abaixo da paridade medida pela Abicom. Nas refinarias da Petrobras, o valor é parecido: R$ 0,17 por litro. Esse combustível tende a ter menor consumo no Hemisfério Norte durante o inverno.
Embora a Petrobras venha mantendo seus preços, a elevação da cotação internacional do diesel já vem provocando impactos nas bombas: De acordo com o Índice de Preços Edenred Ticket Log, o produto atingiu na primeira quinzena de dezembro o maior valor médio do ano nos postos brasileiros.
O diesel comum estava cotado em R$ 6,19 por litro e o S-10, em R$ 6,27 por litro, altas de 0,65% e 0,97% com relação aos valores verificados na quinzena anterior. A pesquisa é feita com base em transações em 21 mil postos brasileiros.
Em seu último boletim de preços, o Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos em Petróleo, Gás e Biocombustíveis) relacionou a alta nas bombas aos impactos do dólar caro sobre a parcela do produto que é importada.
“A situação observada em novembro, com possibilidade de intensificação em dezembro, repetiu-se em outras ocasiões ao longo do ano, evidenciando que os preços dos derivados têm se mostrado mais suscetíveis às decisões do Banco Central sobre o câmbio do que às variações relacionadas aos custos de produção”, escreveu.
NICOLA PAMPLONA / Folhapress