SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu a quarta-feira (27) em alta e a Bolsa está em queda, em dia que o mercado no Brasil espera o anúncio de novas medidas econômicas, o que pode ocorrer até o fim deste ano.
Às 10h01 (de Brasília), a moeda norte-americana era vendida por R$ 4,8340, à vista, com uma valorização de 0,24%. Na primeira hora, a negociação estava em queda, mas houve uma reversão com a leve alta.
O Ibovespa exibia leve recuo nos primeiros negócios, enquanto os principais futuros acionários em Wall Street não mostravam uma direção comum, com investidores locais no aguardo do anúncio de medidas econômicas nesta semana. Às 10h09, o Ibovespa caía 0,12%, a 133.366,87 pontos.
Na terça-feira (26), o dólar fechou em queda de 0,79%, a R$ 4,8216, menor patamar desde 2 de agosto, quando estava a R$ 4,80, segundo dados da CMA. Essa foi a terceira sessão consecutiva de baixa da divisa americana ante o real. No ano, a moeda acumula queda de 8,66%.
Já o Ibovespa subiu 0,58%, a 133.533 pontos, novo recorde nominal. No ano, o índice acumula ganhos de 21,69%.
Na sexta-feira (22), o principal índice da Bolsa já havia renovado a máxima histórica. Em termos reais, porém, o recorde está longe. Se for considerada a inflação, o pico do Ibovespa seria de 177.098 pontos, quando corrigido pelo IPCA atual, e de 212.305 pontos, quando corrigido pelo IGP-M, ambos atingidos em maio de 2008, antes da crise financeira. Os cálculos são da Economatica.
No mercado cambial, a percepção entre os agentes é de que o dólar ainda tem espaço para continuar a ceder ante o real na virada de 2023 para 2024.
“Há um fluxo comercial enorme chegando no Brasil, mais de US$ 20 bilhões no curto prazo, ainda que o Banco Central nem esteja fazendo os leilões de linha tradicionais de final do ano”, pontuou Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, em análise enviada a clientes.
Os leilões de linha são as operações em que o Banco Central vende dólares ao mercado, com compromisso de recompra no futuro. Tradicionalmente, a instituição realiza leilões de linha em dezembro, para dar conta da demanda por moeda por parte de fundos e multinacionais, que precisam remeter recursos ao exterior.
“Mas, neste ano, o fluxo está tão forte que o BC não está colocando estes leilões e ainda assim a moeda [real] está se valorizando”, acrescentou Gala, que vê o dólar em R$ 4,50 nos próximos meses.
Além das remessas de fim de ano, investidores repercutem as declarações do ministro Fernando Haddad (Fazenda) sobre a elaboração de medidas que visam aumentar a arrecadação federal, de modo a perseguir a meta fiscal de déficit zero.
A primeira delas é a reoneração no diesel em 2024. Outras mudanças devem ser divulgadas nos próximos dias para compensar a manutenção da desoneração da folha para 17 setores.
O anúncio de Haddad veio após a Petrobras anunciar redução de 7,9% no preço médio de venda de diesel para as distribuidoras, que passará a ser de R$ 3,48 por litro nas refinarias a partir desta quarta-feira (27).
“O impacto da reoneração é de pouco mais de R$ 0,30, e o impacto pela redução já anunciado pela Petrobras no mês de dezembro é mais de 50%. Se você comparar o preço do diesel com 1º de dezembro de 2023, você tem uma queda do preço da Petrobras mesmo com a reoneração. Não tem razões para [o posto de combustível] aumentar. Tem para diminuir”, disse o ministro.
Uma queda no preço dos combustíveis tende a aliviar a inflação e abrir espaço para cortes na taxa básica de juros.
Redação / Folhapress