SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar registrava forte alta nesta quarta-feira (26) e chegou a ultrapassar os R$ 5,521 na máxima do dia, numa sessão de avanço generalizado da moeda americana ante outras divisas no exterior. O movimento foi acelerado por falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a situação fiscal do Brasil.
Nesta manhã, Lula colocou em dúvida a necessidade de efetuar um corte de gastos para melhorar o equilíbrio fiscal do governo. O mandatário afirmou que será preciso analisar se a questão pode ser resolvida com aumento da arrecadação.
“O problema não é que tem que cortar. Problema é saber se precisa efetivamente cortar ou se precisa aumentar a arrecadação”, afirmou o presidente em entrevista ao UOL.
Lula ainda acrescentou que seu governo está fazendo uma análise sobre se está havendo “gasto exagerado”, mas que isso está sendo feito “sem levar em conta nervosismos do mercado”
No exterior, a moeda norte-americana avançava ante as divisas fortes, em especial em relação ao iene, que atingiu seu nível mais baixo desde 1986. Isso mantém os mercados cambiais alertas para qualquer sinal de intervenção das autoridades japonesas para impulsionar sua moeda.
Às 14h20, o dólar subia 1,12%, cotado a R$ 5,516, enquanto o Ibovespa tinha oscilação negativa de 0,02%, aos 122.296 pontos.
No Brasil, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) desacelerou a 0,39% em junho, após marcar 0,44% em maio, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (26) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O resultado deste mês ficou abaixo da mediana das expectativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam nova variação de 0,44% em junho.
Em 12 meses, porém, o IPCA-15 ganhou força e acumulou inflação de 4,06%, de acordo com o IBGE. Nesse recorte, a taxa era de 3,70% até maio.
César Garritano, economista-chefe da Somma Investimentos, avalia que a dinâmica da inflação no curto prazo está benigna, mas que ainda há alertas para os próximos meses, em especial por conta da recente desancoragem das expectativas de inflação e pela forte desvalorização do real observada nas últimas semanas.
Ele afirma, no entanto, que ainda há espaço para melhora nas expectativas. No cenário local, a continuidade das contas externas favoráveis e da política monetária apertada podem ajudar a obter menores níveis de inflação. No exterior, um possível corte de juros nos EUA também pode ser benéfico.
“Esse cenário mais benigno só poderá se tornar palpável se o governo colocar em prática medidas que consigam, minimamente, conter a enorme onda de pessimismo que se instaurou nos mercados. O anúncio de um bom nome para comandar o BC e atitudes que apontem na direção de respeito do arcabouço fiscal parecem ser condições essenciais para as próximas semanas e meses”, diz Garritano.
Na terça-feira (25), o dólar subiu 1,17% e fechou a R$ 5,454 com investidores repercutindo a divulgação da ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) e em meio a mau humor externo, após comentários mais duros de uma autoridade do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) sobre o futuro da política de juros dos EUA.
Já o Ibovespa caiu 0,24%, aos 122.331 pontos, quebrando uma sequência de cinco altas consecutivas.
Redação / Folhapress