SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar e a Bolsa abriram a semana em estabilidade após três dias sem negociações em virtude do feriado da Proclamação da República na última sexta-feira (15).
Às 13h53, a moeda norte-americana caía 0,70%, cotada a R$ 5,746. Já a Bolsa tinha variação negativa de 0,28%, a 127.427 pontos
Os investidores aguardam o anúncio de prometidas medidas fiscais pelo governo brasileiro e monitoram a reunião do G20, com os líderes das principais economias globais, no Rio de Janeiro. Expectativas para a inflação e a taxa de juros também pesam na sessão do dia.
O feriado do Dia da Consciência Negra, nesta quarta-feira (20), pode impactar a movimentação do mercado, como ocorreu na última semana.
A SPE (Secretaria de Política Econômica) do Ministério da Fazenda revisou suas projeções para o crescimento econômico do Brasil em 2024, elevando a estimativa de 3,2% para 3,3%. Essa revisão reflete a expectativa de maior expansão no terceiro trimestre, cuja previsão passou de 0,6% para 0,7%.
Para 2025, a projeção de alta do PIB (Produto Interno Bruto) foi mantida em 2,5%, apesar da expectativa de aumento na taxa básica de juros, que deve ser compensada por melhores perspectivas para a safra de grãos e a produção extrativa.
Em relação à inflação, a SPE revisou para cima as projeções para 2024 e 2025, refletindo pressões recentes sobre os preços. A previsão para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 2024 subiu de 4,25% para 4,40%, enquanto a de 2025 foi ajustada de 3,4% para 3,6%.
Esses números estão acima da meta de inflação do Banco Central, de 3%, e colocam a projeção para 2024 próxima ao teto da meta, de 4,5%.
No campo da política monetária, o Banco Central elevou a taxa básica de juros (Selic) para 11,25% ao ano em outubro, com o mercado projetando um novo aumento de 50 pontos percentuais na próxima reunião.
O mercado segue na expectativa pela divulgação das medidas de contenção de despesas do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entrando agora na quarta semana de discussões.
Em falas na quarta-feira (13), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o pacote já está pronto e que o anúncio depende do presidente Lula.
A jornalistas, ele não quis responder qual será o impacto do pacote nas contas públicas, mas afirmou que o valor é “expressivo” e indicou que os efeitos serão percebidos no curto e no médio prazo.
“Mais [importante] do que o número, na minha opinião, é o conceito que nós utilizamos para fazer prevalecer essa ideia de que as coisas devem, todas elas, na medida do possível, ir sendo incorporadas a essa visão geral do arcabouço, para que ele seja sustentável no tempo”, disse Haddad.
Rumores de que o pacote poderá ser de mais de R$ 40 bilhões começaram a circular entre as mesas de operações, com investidores creditando fontes internas do governo.
“Isso deu uma animada, principalmente porque o mercado gosta de um número para poder fazer contas e estimar qual será o impacto de fato”, diz Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.
Os investidores miram em cortes entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões. Para economistas do Itaú Unibanco, são necessários ao menos R$ 60 bilhões -R$ 25 bilhões em 2025 e R$ 35 bilhões em 2026- para que o mercado tenha mais confiança no ajuste fiscal proposto pelo governo.
Já na cena internacional, os investidores estão precificando os possíveis efeitos das propostas de Donald Trump para a economia.
O republicano promete aumentar tarifas entre 10% e 20% sobre praticamente todas as importações norte-americanas, incluindo as que vêm de países aliados. Para os produtos chineses, o aumento prometido é de pelo menos 60%.
As tarifas inibem o comércio global, reduzem o crescimento dos exportadores e pesam sobre as finanças públicas de todas as partes envolvidas. É provável que elas aumentem a inflação nos Estados Unidos, forçando o Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) a agir com juros altos por mais tempo -o que fortalece o dólar.
As projeções das propostas de Trump na economia têm ajustado posições de investimentos nos mercados globais. O movimento é chamado de “Trump Trade”, que tenta prever quais serão os ativos mais favorecidos pela política econômica do republicano.
Redação / Folhapress