Dólar e Bolsa oscilam em sessão volátil, com China, fiscal e inflação no radar

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar e a Bolsa operavam em alta nesta segunda-feira (13) em uma sessão volátil marcada por dados de exportações chinesas impulsionadas em dezembro, sinalizações de novas medidas fiscais para 2025 e expectativa de piora na inflação.

Às 12h04, a moeda norte-americana subia 0,25%, cotada a R$ 6,118. Já a Bolsa subia 0,40%, aos 119.334 pontos, com uma sessão favorável para as ações da Petrobras e de bancos.

O dólar abriu a semana em alta nesta manhã, mas passou a cair e começou a rondar a estabilidade. O movimento de subida se firmou a partir da divulgação dos dados sobre a inflação.

O BC (Banco Central) divulgou nesta segunda-feira nova edição da etapa piloto da nova pesquisa Firmus, que traz a percepção de empresas de fora do setor financeiro sobre seus negócios e as principais variáveis econômicas, apontando uma visão mais pessimista para a inflação este ano e no próximo.

O projeto piloto do Firmus tem coletas trimestrais e o resultado divulgado nesta segunda diz respeito à percepção apresentada em novembro por 136 empresas participantes.

De acordo com os dados, as companhias projetavam em novembro que a inflação brasileira fechará 2025 em 4,20% na mediana das estimativas, acima dos 4% apontados no levantamento de agosto.

Na pesquisa Focus desta segunda, que capta projeções de instituições financeiras, a mediana para o IPCA deste ano é de alta de 5%.

Em relação à atividade econômica, segundo a mediana da pesquisa Firmus, o PIB deste ano deve crescer 2%. Foi a primeira vez que as empresas foram questionadas sobre a atividade econômica para 2025.

A previsão ficou ligeiramente abaixo dos 2,02% apontados no Focus desta semana.

Mais cedo nesta segunda, o dólar teve leve baixa após Haddad e Durigan sinalizarem novas medidas fiscais em 2025.

Os investidores haviam reagido positivamente nesta sessão a promessas de que a equipe econômica apresentará novas medidas a fim de garantir a sustentabilidade do arcabouço fiscal.

Haddad disse em entrevista à GloboNews na última sexta-feira que o governo segue estudando novas iniciativas para sanear as contas públicas, acrescentando que “só o que se faz” na Fazenda é estudar novas iniciativas.

Já o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, afirmou em entrevista ao jornal O Globo que o governo deve adotar novas medidas fiscais neste ano.

De acordo com Durigan, as novas propostas de corte de despesas e arrecadação devem começar a ser debatidas após a aprovação pelo Congresso do Orçamento de 2025, informou O Globo.

“Hoje o mercado está um pouco menos pessimista em relação ao fiscal, que já vimos notícias bem interessantes e melhora na perspectiva para 2025”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.

“Vejo uma força-tarefa do governo para melhorar a credibilidade em relação ao governo a fim de mostrar compromisso com o fiscal”, acrescentou.

Os agentes do mercado financeiro também acompanharam comentários do diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, em evento do Bradesco Asset.

Segundo Guillen, a meta de resultado primário do governo federal de 2024 tende a ser cumprida, considerando o limite inferior estabelecido, mas o quadro fiscal ainda demanda atenção.

O diretor apontou que a percepção de mercado captada pelo BC no questionário pré-reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) piorou em relação à situação fiscal.

“Há incertezas em relação ao cumprimento das metas nos próximos anos e as projeções dos analistas indicam trajetória crescente da dívida”, disse.

Também afirmou ter pouca dúvida de que a política de juros da autarquia está em patamar contracionista e está indo para “bastante contracionista”.

No cenário externo, os investidores reagiram a notícia de que as exportações chinesas aumentaram 10,7% em dezembro em relação ao ano anterior, segundo dados da alfândega nesta segunda-feira,

O número superou a previsão de crescimento de 7,3% em uma pesquisa da Reuters com economistas, e melhorando em relação ao aumento de 6,7% registrado em novembro.

Já as importações surpreenderam positivamente com um crescimento de 1,0%, o desempenho mais forte desde julho de 2024. Economistas esperavam um declínio de 1,5%.

As exportações têm sido um motor importante de crescimento para a economia chinesa, que ainda está sobrecarregada por uma crise imobiliária prolongada e pela confiança instável do consumidor.

Além disso, os chineses e o mundo se preparam para o aumento dos riscos comerciais sob a presidência de Donald Trump nos Estados Unidos.

Trump, que retornará à Casa Branca na próxima semana, propôs tarifas pesadas sobre os produtos chineses, provocando temores de uma nova guerra comercial entre as duas superpotências.

Na sexta-feira, o dólar fechou em forte alta de 1%, cotado a R$ 6,102, e a Bolsa caiu 0,77%, aos 118.856 pontos.

O dia foi embalado pela divulgação dos dados de inflação do Brasil em 2024, medidos pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), e pelo relatório de empregos “payroll” (folha de pagamento, em inglês) dos Estados Unidos.

A começar pela ponta doméstica, o IPCA fechou 2024 em 4,83%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A alta veio após variação de 4,62% em 2023.

O resultado confirma o estouro do teto da meta de inflação, definido em 4,5%. Com isso, o novo presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, teve de escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e justificou que a economia forte, o câmbio e o clima ajudaram no estouro da meta.

A variação de 4,83% veio praticamente em linha com a mediana das projeções do mercado financeiro, que era de 4,84%, segundo a agência Bloomberg. O intervalo das estimativas ia de 4,7% a 4,91%.

Já na ponta internacional, o “payroll” indicou que a criação de vagas de trabalho nos EUA acelerou de forma inesperada em dezembro: foram abertos 256 mil postos, enquanto as estimativas de economistas variavam de 120 mil a 200 mil. A taxa de desemprego caiu para 4,1%.

O dado reforça a abordagem cautelosa do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) em relação aos cortes na taxa de juros este ano.

O Fed, na última reunião de política monetária, em dezembro, sinalizou a possibilidade de uma interrupção no ciclo de afrouxamento. A taxa hoje está na banda de 4,25% e 4,5%, depois de três cortes em 2024 que somaram 1 p.p.

A autoridade monetária trabalha com um mandato duplo, isto é, olha de perto os números de inflação e emprego para balizar as decisões de juros. Com o mercado de trabalho demonstrando resiliência e os índices inflacionários ainda acima da meta de 2%, a expectativa é por uma manutenção da taxa de juros já na próxima reunião, também marcada para 28 e 29 de janeiro.

Redação / Folhapress

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