Dólar e Bolsa sobem, com mercado à espera de dados de inflação do Brasil e dos EUA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar apresenta alta nesta segunda-feira (7), engatando uma semana que terá números de inflação no Brasil e nos Estados Unidos como principais destaques.

Às 14h56, a moeda subia 0,49%, cotada a R$ 5,482. Já a Bolsa avançava 0,28%, aos 132.171 pontos.

A semana reserva dados cruciais para calibrar as expectativas sobre as políticas monetárias do BC (Banco Central) e do Fed (Federal Reserve, a autoridade americana).

Na quarta-feira, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o indicador oficial de inflação do Brasil, mostrará como os preços se comportaram no mês passado. A expectativa de analistas consultados pela Reuters é de alta de 0,46%, ante queda de 0,02% em agosto.

A divulgação vem em um momento de grande atenção aos próximos passos do Copom (Comitê de Política Monetária), que deixou a trajetória da taxa básica de juros do país em aberto. O colegiado reiniciou o ciclo de altas na Selic na reunião de setembro, quando optou por um aperto de 0,25 ponto percentual e a levou ao patamar de 10,75% ao ano.

As próximas decisões, porém, estão à mercê dos dados econômicos, em especial os de inflação. O BC trabalha com uma meta inflacionária de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo, e a taxa de juros é o principal instrumento da autarquia para controle de preços.

No boletim Focus desta segunda, economistas consultados pelo BC passaram a projetar um IPCA em 4,28% ao final de 2024, uma alta de 0,01 ponto percentual em relação ao relatório da semana passada.

Ainda que dentro da banda, o dado indica que as expectativas de inflação estão desancoradas do centro da meta. Em declarações recentes, dirigentes do Copom afirmaram que o foco das decisões continuará sendo a perseguição do alvo de 3%, e não das margens de tolerância.

Neste cenário, a expectativa dos investidores é que a Selic suba em 0,50 ponto na próxima reunião de política monetária, marcada para novembro.

O movimento aqui é oposto ao dos Estados Unidos. Lá, o Fed iniciou o ciclo de afrouxamento nos juros também no encontro de setembro e realizou um corte de 0,50 ponto na taxa, agora na faixa de 4,75% e 5%.

Na quinta-feira, os dados de inflação medidos pelo CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) serão divulgados. A projeção é de alta de 0,1% em setembro, contra o avanço de 0,2% de agosto.

O Fed trabalha com um mandato duplo, isto é, observa de perto os dados de inflação e do mercado de trabalho para decidir sobre juros. O objetivo é atingir o chamado “pouso suave”, quando os índices de preços convergem para a meta de 2% sem maiores deteriorações na empregabilidade do país.

Nas leituras dos últimos meses, os indicadores inflacionários têm mostrado uma convergência gradual à meta de 2%, ao passo que os números de emprego estavam desacelerado a cada nova leitura. Foi esse o movimento que levou o Fed a cortar os juros de forma mais contundente na reunião de setembro.

Dados divulgados na semana passada, no entanto, indicaram que o mercado de trabalho não está passando por uma deterioração aguda, e, sim, por um esfriamento moderado.

Relatório mais aguardado pelos investidores, o “payroll” (folha de pagamento, em inglês) mostrou a abertura de 254 mil vagas em setembro, uma aceleração em relação às 159 mil abertas em agosto. A previsão era de 140 mil postos de trabalho. Também houve surpresa positiva na taxa de desemprego, que recuou para 4,1%, de 4,2% em agosto.

Os números benignos selaram apostas de que os próximos cortes nos juros serão graduais.

“Para a economia, isso significa que está ocorrendo um ‘pouso suave’. Continuamos criando emprego em um ritmo acelerado e a taxa de desemprego está caindo”, disse Ross Mayfield, estrategista de investimentos da Baird.

“Isso significa que é improvável que o Fed corte em 0,50 ponto percentual em novembro ou dezembro, certamente, e talvez até faça uma pausa em novembro.” Com isso, na ferramenta CME FedWatch, a probabilidade de um corte de 0,25 ponto chegou a 90%.

Quanto maior a Selic e menor os juros nos EUA, melhor para o real, que se torna mais atraente para investimentos do tipo “carry trade”, isto é, quando operadores tomam empréstimos a taxas baixas e aplicam recursos em moedas de países de taxas maiores.

Por outro lado, as projeções de juros maiores nos EUA faziam os rendimentos dos Treasuries, os títulos ligados ao Tesouro americano, subirem. O rendimento do contrato de dez anos —referência global para decisões de investimento— subia 0,04 ponto percentual, a 4,02%, ultrapassando a marca de 4% pela primeira vez em dois meses.

Como consequência, recursos de mercados emergentes e de mercados de ações eram atraídos para os títulos públicos.

Há ainda outro fator de relevância para os ativos globais: a escalada de conflitos no Oriente Médio.

Desde terça-feira (1º), o mundo —e o mercado financeiro— tem estado em alerta para uma possível guerra generalizada na região. O Irã, em retaliação às ofensivas de Tel Aviv contra a Faixa de Gaza e o Líbano, disparou cerca de 200 mísseis contra Israel, que já prometeu uma resposta.

A possibilidade de um ataque ao Irã, um dos maiores exportadores de petróleo do mundo, tem levantado temores de uma diminuição da oferta da commodity. Na semana passada, a cotação do barril do Brent, referência do mercado externo, disparou, e, hoje, ultrapassava US$ 80.

Olhando para o mercado doméstico, a alta do petróleo no exterior costuma favorecer o real ante o dólar, já que o Brasil é exportador da commodity.

“Apesar de os mercados observarem agora uma desaceleração mais lenta na taxa de juros dos EUA, a redução dos conflitos geopolíticos deve reaquecer o apetite por risco, favorecendo principalmente as moedas emergentes e países exportadores de commodities”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.

Isso também costuma se traduzir em fluxos de compra de ações ligadas ao petróleo, como a Petrobras, em alta de 0,80% no pregão desta segunda.

Já a Vale subia 1,18%, seguindo a valorização do minério de ferro no exterior.

Redação / Folhapress

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