SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar fechou em queda de 0,60% nesta quarta-feira (7), aos R$ 5,624. Os investidores deixaram de lado os temores de uma recessão nos Estados Unidos e voltaram a buscar ativos de maior risco, provocando uma recuperação dos mercados globais.
Já a Bolsa brasileira teve alta firme de 0,99%, aos 127.513 pontos. A ata do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada na manhã de terça, ainda seguiu no radar, bem como uma série de balanços corporativos relevantes para a cena doméstica.
Os mercados globais continuaram o movimento de retomada nesta quarta-feira, após índices acionários e moedas emergentes derreterem na segunda-feira com temores de recessão nos Estados Unidos.
Dados recentes da atividade de serviços norte-americana e falas de autoridades do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) afastaram a percepção de que a maior economia do mundo estava em processo de desaceleração acentuado, estimulando o retorno a ativos de risco.
“Desde ontem, já vemos uma recuperação no Ibovespa após a queda mais acentuada de segunda-feira. O impacto aqui, no entanto, foi mais brando do que no exterior -o que faz sentido pensando no investidor estrangeiro, que já está com saldo negativo de saída da Bolsa no ano e tem voltado a se posicionar aqui desde as últimas semanas de junho”, avalia Jaqueline Kist, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital.
“Do ponto de vista macro, nossa Bolsa passa a ter mais atratividade pelas relações de preço e lucro. Vemos os preços ainda muito comprimidos, especialmente pela saída massiva do capital estrangeiro no ano, enquanto os resultados dos balanços continuam apresentando fundamentos sólidos, o que explica a ‘virada’ do investidor estrangeiro nessas últimas semanas.”
Notícias do Japão também deram fôlego à procura por ativos de maior risco. O vice-presidente do banco central japonês, Shinichi Uchida, afirmou que a autoridade monetária não irá elevar os juros enquanto os mercados estiverem instáveis.
A declaração vem uma semana depois que a taxa de referência subiu para 0,25%, o que valorizou o iene em relação ao dólar -e, por consequência, adicionou mais pressão ao real pelo desmonte de operações de “carry trade”.
Neste tipo de investimento, agentes financeiros tomam recursos em países como o Japão, onde as taxas de juros são baixas, e reinvestem em países como o Brasil, onde a taxa de juros é maior. Na desmontagem destas operações, o real vinha sendo penalizado.
A sinalização de Uchida impulsionou as Bolsas asiáticas e levou à desvalorização do iene. Em Tóquio, o Nikkei 225 avançou 2,51%, e o dólar subiu 2,02% em relação à moeda japonesa.
Na cena doméstica, a ata do Copom seguiu no radar dos investidores. O comitê do BC (Banco Central) reafirmou o compromisso com a convergência da inflação à meta e disse que não hesitará em subir a taxa Selic mais uma vez, caso necessário.
A ata, na visão da equipe de pesquisa macroeconômica do Itaú, transmite que o colegiado está atento às perspectivas de inflação e pronto para subir os juros caso o câmbio continue deteriorado.
“Como acreditamos que o real se fortalecerá nas próximas semanas, à medida que os mercados globais se acalmarem, mantemos, por enquanto, a previsão de que a Selic permanecerá em 10,50% ao ano”, afirmou a equipe em relatório a clientes.
“Se o câmbio não reagir, um ciclo de alta, começando em setembro, será inevitável.”
Com o alívio no câmbio, a expectativa de um aperto monetário por parte do BC diminuiu -o que tem reflexo direto nas curvas de juros futuros. Nesta terça, as taxas de DIs (Depósitos Interbancários) apresentaram baixas firmes.
O contrato para janeiro de 2025, que reflete a política monetária no curtíssimo prazo, estava em 10,680% ao final do pregão, ante 10,698% do ajuste anterior.
O alívio nas curvas de juros futuros beneficiou ações sensíveis à economia doméstica no Ibovespa. MRV saltou 5,97% e Magazine Luiza, 7,88%. Pão de Açúcar, que publicou balanço corporativo melhor do que o esperado, liderou ganhos com alta de 8,42%.
Vale teve leve queda de 0,19%, e os papéis preferenciais e ordinários da Petrobras recuaram 0,14% e 0,15%.
Ainda na coluna negativa, bancos caíram em bloco. Banco do Brasil, que divulga seu resultado após o fechamento desta quarta-feira, caiu 1,31%. Santander recuou 0,77%.
Bradesco perdeu 0,45%, com ajustes, após forte valorização desde o começo da semana na esteira da repercussão positiva ao balanço do segundo trimestre.
Itaú, que passou a maior parte do pregão em queda, reverteu o sinal e fechou em alta de 0,27%. O banco reportou aumento de 15% no lucro líquido recorrente do segundo trimestre, com melhora na rentabilidade. Na véspera, as ações fecharam com alta de mais de 2%.
Na terça-feira (6), o dólar fechou em queda firme de 1,40%, aos R$ 5,658, e a Bolsa brasileira avançou 0,80%, aos 126.266 pontos.
Redação / Folhapress