SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar opera perto da estabilidade contra o real no início do pregão desta quarta-feira (20). Investidores estão em compasso de espera no aguardo de dados de inflação dos Estados Unidos previstos para esta sexta (22).
Às 9h36 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,04%, a R$ 4,8655.
Nesta terça-feira (19), o dólar fechou em queda de 0,83%, a R$ 4,8631, após a divulgação da ata da última reunião de política monetária do Banco Central, que mostrou um Copom cauteloso, e com a queda dos juros americanos. Já a elevação de nota de crédito da S&P para ‘BB’ não teve grandes impactos, dizem analistas.
Já a Bolsa brasileira renovou o seu recorde nominal na terça. O Ibovespa subiu 0,58%, a 131.851 pontos, nova máxima de fechamento, segundo dados da CMA. O recorde de pontuação máxima durante o pregão também foi batido, aos 132.047 pontos.
Em termos reais, porém, o recorde está longe. Se for considerada a inflação, o pico do Ibovespa seria de 177.098 pontos, quando corrigido pelo IPCA atual, e de 212.305 pontos, quando corrigido pelo IGP-M, ambos atingidos em maio de 2008, antes da crise financeira. Os cálculos são da Economatica.
Segundo agentes do mercado, a melhora na avaliação da S&P já era esperada e já estava precificada, uma vez que, agora, ela se assemelha à avaliação das demais agências de classificação de risco. Dessa forma, não teve grande influência no pregão desta terça.
Outro ponto de cautela é que a agência disse que a situação fiscal do país ainda preocupa. A agência de classificação de risco aponta que o déficit nas contas públicas segue elevado e que, caso a dívida pública aumente acima do esperado, a agência poderá revisar para baixo a nota do Brasil.
“Na verdade, a S&P estava atrasada com relação às outras agências, a nota BB da S&P é equivalente a Ba2 da Moody e BB da Fitch. Acredito que o evento é positivo, mas sem grandes repercussões porque, na verdade, a S&P corrigiu a defasagem com relação à nota das outras agências, para ter efeito nos preços locais, teria que ser uma revisão para BB+ ou uma nota superior. Aí sim, estaríamos diante de uma novidade significativa”, afirma Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura.
Em sua ata, o Copom também adotou um tom de cautela. O documento divulgado na manhã desta terça diz que “houve um progresso desinflacionário relevante, em linha com o antecipado pelo comitê, mas ainda há um caminho longo a percorrer para a ancoragem das expectativas [convergência em direção aos alvos perseguidos pelo BC] e o retorno da inflação à meta, o que exige serenidade e moderação na condução da política monetária”.
Nos Estados Unidos, as Bolsas também subiram. O índice S&P 500 teve alta de 0,59% e o Dow Jones, de 0,68%. O Nasdaq sobe 0,66%. O movimento é beneficiado pela queda no rendimento do título de 10 anos do Tesouro americano, a 3,93%, de 3,95% na última sessão.
A queda de juros é uma antecipação aos novos dados sobre a inflação americana, que virão nesta sexta (22), e refletem a aposta de quedas de juros mais cedo nos EUA. Caso haja arrefecimento das pressões de preços, o Fed (BC dos EUA) pode ter de que afrouxar a política monetária no começo de 2024, o que tornaria o dólar menos atraente quando comparado a divisas arriscadas de retornos mais elevados, como o real.
Redação / Folhapress