Dólar oscila e Bolsa sobe com dados mistos sobre economia dos EUA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar oscila nesta quinta-feira (10), com investidores repercutindo sinais mistos sobre a economia dos Estados Unidos.

Às 15h33, a moeda tinha leve variação negativa de 0,05%, a R$ 5,583, em dia de alta volatilidade. Na máxima da sessão, chegou a R$ 5,604 e, na mínima, R$ 5,566. Já a Bolsa subia 0,32%, aos 130.378 pontos.

Principal dado da semana, a inflação americana medida pelo CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) avançou 0,2% no mês passado, depois de subir na mesma intensidade em agosto.

Nos 12 meses até setembro, acumula alta de 2,4%, leitura mais baixa desde fevereiro de 2021 e na esteira do avanço de 2,5% de agosto. A expectativa de economistas era de alta de 0,1% na base mensal e 2,3% na anual.

O dado indica uma aceleração inesperada nos preços ao consumidor. Da ponta do mercado de trabalho, no entanto, os pedidos de auxílio-desemprego subiram para 258 mil na semana encerrada em 5 de outubro, ante 225 mil na semana anterior. A expectativa era por 230 mil.

Os números de inflação e de emprego têm sido monitorados de perto pelos investidores, que buscam pistas sobre as próximas decisões de juros do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA).

A autarquia americana trabalha com um mandato duplo, isto é, observa de perto os indicadores de inflação e de emprego para decidir sobre a política monetária. O objetivo é atingir o chamado “pouso suave”, quando os índices de preços convergem para a meta de 2% sem maiores deteriorações à empregabilidade do país.

No encontro de setembro, o Fed iniciou o aguardado ciclo de cortes nos juros, tendo como justificativa a tendência gradual de convergência da inflação à meta de 2% e a desaceleração dos níveis de emprego. A redução —a primeiro em quatro anos— foi de 0,50 ponto percentual, levando a taxa à banda de 4,75% e 5%.

Os dados desta quinta renovaram preocupações com o esfriamento do mercado de trabalho, mas também indicaram que a batalha contra a inflação não está totalmente ganha.

“Sinais mistos, logo mercado instável”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

“Já tivemos aqui duas alternâncias de sinal. Cedeu na abertura, virou para cima seguindo os treasuries [títulos do Tesouro americano, que medem apostas sobre juros] após os dados da inflação, e virou para baixo agora de novo”, completou.

Operadores consolidavam apostas de que o Fed cortará novamente a taxa de juros no próximo mês, mas de forma gradual, com 93% de chance de uma redução de 0,25 ponto, acima dos 83% projetados antes dos dados.

A ata da reunião, divulgada na quarta-feira, indicou que a redução mais agressiva, de 0,50 ponto, foi para “alinhar a política monetária com os indicadores recentes de inflação e do mercado de trabalho”, e não deve ser interpretado como indicativo de uma “perspectiva econômica menos favorável”.

Os dirigentes ainda disseram que, se a economia se comportar conforme o esperado, “provavelmente será apropriado adotar uma postura mais neutra da política monetária ao longo do tempo”.

Quanto menores os juros nos Estados Unidos, pior para o dólar, que se torna menos atraente conforme os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro norte-americano, os Treasuries, caem. A perspectiva de cortes mais graduais, porém, tem favorecido a moeda em relação às outras divisas, sobretudo o real, que acumula perdas de mais de 2,50% desde o início de outubro.

Para a divisa brasileira, outro fator também entra na conta: a trajetória da taxa básica de juros do país, a Selic.

Aqui, o movimento tem sido o oposto do adotado pelos Estados Unidos. Na reunião de setembro, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) reiniciou o ciclo de apertos na Selic com uma alta de 0,25 ponto percentual, levando-a a 10,75% ao ano.

O comitê deixou os próximos passos em aberto, mas afirmou que as decisões estarão à mercê dos dados econômicos, sobretudo os de inflação.

Na quarta, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acelerou a 0,44% em setembro, depois de apresentar leve queda (deflação) de 0,02% em agosto.

O resultado veio abaixo das expectativas de analistas consultados pela Bloomberg, que previam alta de 0,46%. Mas, na base anual, a inflação alcançou 4,42% —próximo ao teto da meta de inflação perseguida pelo BC, cujo centro é de 3%. A tolerância é de 1,5 ponto percentual para menos ou para mais, e a Selic é o principal instrumento do BC para controle de preços.

Ainda que dentro da banda, o dado indica que a inflação está desancorada do centro da meta. Em declarações recentes, dirigentes do Copom afirmaram que o foco das decisões continuará sendo a perseguição do alvo de 3%, e não das margens de tolerância.

Neste cenário, a expectativa dos investidores é que a Selic suba em 0,50 ponto na próxima reunião de política monetária, marcada para novembro.

“A inflação ainda está desconfortável, transitando em um patamar ao redor de 4,5%, e isso deve continuar mantendo a expectativa de que o BC possa acelerar o ritmo de aperto no próximo encontro”, diz Camila Abdelmalack, economista chefe da Veedha Investimentos.

A perspectiva de uma Selic mais alta fez os juros futuros dispararem na véspera. O contrato para janeiro de 2026 subiu 1,63%, prevendo a taxa em 12,50%. O de janeiro de 2027 avançou 2,05%, a 12,58%, e o de 2028 teve ganhos de 2,12%, a 12,58%.

Redação / Folhapress

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