Dólar passa a subir após dados de emprego nos EUA comentário de diretor do Fed

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Apesar de ter começado o dia em leve queda, o dólar virou e passou a registrar alta ante o real após novos dados de seguro-desemprego e comentários mais conservadores de um membro Fed (Federal Reserve, o banco central americano).

Pela manhã, o Departamento do Trabalho americano informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego ficaram inalterados em 212 mil na semana encerrada em 13 de abril, em dado com ajuste sazonal. A previsão de economistas consultados pela Reuters era de 215 mil.

Além disso, o presidente do Fed de Nova York, John Williams, disse durante a tarde que a situação sólida da economia dos Estados Unidos significa que não há motivos urgentes para reduzir os juros no momento.

“Definitivamente, não sinto urgência em reduzir os juros”, dada a atual solidez da economia, disse Williams na Cúpula de Economia Mundial da Semafor, em Washington.

Após a sinalização do diretor, o mercado virou: o dólar engatou alta, e o Ibovespa, que havia começado o dia subindo, passou a cair.

Agora, o mercado aguarda entrevista coletiva do presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, que pode impactar os ativos locais.

Às 14h04, o dólar subia 0,57%, cotado a R$ 5,272, enquanto o Ibovespa caía 0,44%, aos 123.621 pontos.

Alguns participantes avaliaram que os dados de emprego não pesam muito no sentimento do mercado porque a resiliência da economia norte-americana e a provável necessidade de juros altos por mais tempo já foram precificadas nos últimos dias.

Endossa essa tese o fato de que o dólar seguiu oscilando próximo da estabilidade logo após a divulgação dos novos números. A virada só veio após o pronunciamento de Williams.

Colaborando para a recuperação do sentimento global no início do dia, não há sinais claros, pelo menos até o momento, de uma retaliação direta de Israel contra o Irã após ataques do último final de semana, em meio a pressão global para que não haja escalada desastrosa do conflito no Oriente Médio.

“No médio prazo, com a dissipação de alguns choques, como uma redução do impasse no Oriente Médio, a maior clareza da economia dos EUA e entendimento melhor sobre a evolução das contas públicas, a tendência é que o dólar fique em um patamar um pouco mais baixo”, avaliou Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research

Ele sublinhou que a recente alta do dólar pode ser uma preocupação para o Banco Central do Brasil.

“Se o câmbio continuar nesse patamar pelas próximos semanas e observarmos alguma pressão na parte das commodities, no médio prazo, a soma desses dois fatores pode se traduzir em inflação aqui no Brasil ou pode impedir um ritmo de queda mais acelerado dos preços”, disse Sung.

“Esse movimento poderia diminuir a flexibilização da taxa de juros pelo Banco Central do Brasil.”

Na quarta (17), o dólar teve seu primeiro dia de alívio após cinco sessões consecutivas de fortes altas, fechando em queda de 0,48% e terminando a sessão cotado a R$ 5,242.

A baixa ocorreu após a divisa ter acumulado valorização de mais de 5% nos cinco pregões anteriores. A perspectiva de juros mais altos por mais tempo nos Estados Unidos e preocupações com o cenário fiscal brasileiro foram os principais catalisadores da disparada do dólar e seguem limitando o apetite ao risco de investidores.

Na Bolsa brasileira, o Ibovespa até começou o dia em alta, mas devolveu os ganhos e fechou em leve queda. O índice caiu 0,17%, aos 124.171 pontos, renovando novamente seu menor patamar do ano.

O principal índice da Bolsa brasileira passou a devolver os ganhos pela manhã e teve sua queda mais acentuada por volta das 13h45. Na mínima do dia, tocou os 123.641 pontos.

A maior influência permaneceu sendo o cenário incerto sobre os juros norte-americanos, que manteve as negociações instáveis em Nova York, com os três principais índices acionários também fechando no vermelho.

Redação / Folhapress

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