SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após cinco sessões consecutivas de fortes altas, o dólar tem um dia de alívio e opera em queda na manhã desta quarta-feira (17), devolvendo parte dos ganhos. Na Bolsa brasileira, o dia é positivo, acompanhando os índices americanos.
O apetite ao risco dos investidores, no entanto, segue prejudicado por temores sobre o banco central americano e a trajetória fiscal do Brasil.
Às 12h30, o dólar caía 0,70%, cotado a R$ 5,230, enquanto o Ibovespa tinha oscilação negativa de 0,01%, praticamente estável aos 124.375 pontos.
O Ibovespa abriu em alta, mas passou a devolver alguns ganhos e teve sua queda mais acentuada por volta das 11h (horário de Brasília), quando tocou mínima no dia, aos 124.158,62 pontos.
“Os mercados estavam abrindo em alta muito mais por um respiro”, após uma sequência de quedas, afirmou Renato Nobile, analista da Buena Vista Capital. Na terça-feira, o Ibovespa marcou seu quinto pregão consecutivo de declínio.
“Como a gente está tendo um mercado muito sensível, por conta do risco geopolítico e por incertezas em relação à queda de juros [nos EUA], para encontrar uma sustentação de alta, acaba sendo muito difícil”, afirmou Nobile. “É uma volatilidade técnica.”
A fala corroborou a visão do gestor da Hike Capital, Ângelo Belitardo, que afirmou que as oscilações podem representar um “mercado voltando a se posicionar”.
Belitardo também citou o alerta nesta quarta-feira do FMI (Fundo Monetário Internacional) para as questões fiscais globais, que afirmou que sem esforços para reduzir os déficits, a dívida pública deve continuar a subir em muitos países.
Na terça (16), o dólar registrou sua quinta sessão consecutiva de alta, operando em seu maior valor desde março de 2023.
A divisa foi beneficiada por temores do mercado sobre a trajetória fiscal do Brasil, o adiamento das apostas de cortes de juros nos EUA e o aumento das tensões no Oriente Médio.
Investidores repercutem, ainda, novos dados de inflação na zona do euro, que vieram mais fracos que o esperado e reforçou expectativas de um corte nas taxas de juros pelo Banco Central Europeu em junho.
A inflação nos 20 países que usam o euro desacelerou para 2,4% no mês passado em uma base anual, de 2,6% em fevereiro, em linha com a estimativa preliminar.
O cenário também foi negativo para a Bolsa brasileira, que terminou o dia em baixa de 0,75%, aos 124.388 pontos, pressionada principalmente por recuo da Vale, a empresa de maior peso no Ibovespa, acompanhando a fragilidade do minério de ferro no exterior.
Investidores também repercutiram nesta terça um pronunciamento do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), Jerome Powell, que afirmou que os últimos dados mostram uma inflação mais forte que o esperado nos Estados Unidos. Segundo ele, o Fed provavelmente precisará de mais tempo para ter confiança de que a inflação está caminhando para a meta de 2%.
“Os dados recentes claramente não nos deram maior confiança e, em vez disso, indicam que provavelmente levará mais tempo do que o esperado para alcançar essa confiança”, disse Powell durante um evento realizado no The Wilson Center, em Washington.
Redação / Folhapress