Dólar registra forte queda antes de reunião de Lula com equipe econômica

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar registra forte queda desde o início do dia nesta quarta-feira (3), com o mercado aguardando uma reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os ministros da área econômica, nesta tarde, para tratar do câmbio e da situação fiscal.

O movimento foi reforçado após falas de Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre as contas públicas do país.

Lula disse, nesta tarde, que gasta quando é necessário e que não joga dinheiro fora e que responsabilidade fiscal é compromisso, não palavra.

“Se fizerem acontecer, ano que vem tem mais, e tendo mais, vai produzir mais, povo vai comer mais, e a gente vai ter política econômica sem causar sobressaltos a ninguém. Vai ter politica econômica, [vai] fazer esse pais crescer, vai continuar fazendo transferência de renda e ao mesmo tempo vai continuar com responsabilidade que sempre tivemos”, disse em discurso no lançamento do Plano Safra Agricultura Familiar.

Já Haddad afirmou, durante reunião do Conselho da Federação, no Palácio do Planalto, que ainda há pendências nas negociações da dívida com os estados, mas que espera conclui-las até o fim de julho. Ele mencionou quatro possíveis saídas sugeridas pela Fazenda, mas disse que os temas estão em aberto e evitou entrar em detalhes sobre as negociações.

No exterior, a maior parte das divisas também apresenta valorização ante a moeda americana, após a divulgação de dados de emprego mais fracos que o esperado nos EUA.

Na Bolsa, o dia é de alta, com apoio principalmente das ações da Vale, a empresa de maior peso do Ibovespa, e do alívio nas curvas de juros futuros locais.

Às 14h05, o dólar caía 1,98%, cotado a R$ 5,552, enquanto o Ibovespa subia 1,21%, aos 126.301 pontos. Na mínima do dia, a moeda americana chegou à cotação de R$ 5,540.

Para a Ágora Investimentos, o ambiente externo, incluindo a queda do dólar ante outras divisas, é tecnicamente favorável a ativos brasileiros, mas pode se tornar mais volátil ao longo do dia, uma vez que será uma sessão encurtada em Nova York em razão do feriado do Dia da Independência nos EUA na quinta-feira (4).

Nos EUA, dados divulgados nesta manhã mostraram que foram abertas 150 mil vagas de emprego no setor privado no mês passado, depois de 157 mil em maio, em dado revisado, conforme o relatório da ADP. Economistas consultados pela Reuters previam criação de 160 mil vagas.

Já os pedidos de auxílio-desemprego nos EUA atingiram 238 mil na semana passada, ante estimativa de 235 mil.

Os novos números fortaleceram a tese de desaceleração da economia americana e deram otimismo ao mercado sobre o início do ciclo de corte de juros nos EUA, também contribuindo para a queda global do dólar nesta quarta.

Na terça, a alta do dólar foi influenciada por declarações de Lula sobre o Banco Central. Em entrevista à rádio Sociedade da Bahia, o presidente afirmou que o Banco Central é uma instituição de estado e não pode estar a serviço do sistema financeiro. Ele também voltou a dizer que o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, tem viés ideológico.

“A gente precisa manter o Banco Central funcionando de forma correta, com autonomia, para que seu presidente não fique vulnerável às pressões políticas. Se você é democrata, permite que isso aconteça. Quando é autoritário você resolve fazer com que o mercado se apodere da instituição”, disse o presidente.

Lula também afirmou que há atualmente um ataque especulativo ao real, acrescentando que voltará a Brasília na quarta-feira e discutirá o que fazer em relação à alta do dólar.

Nos últimos 60 dias, nos meses de junho e julho, Lula fez ao menos 14 comentários públicos sobre política fiscal e monetária, em 10 diferentes dias. Criticou a autonomia do Banco Central, atacou o presidente da autarquia e colocou em dúvida a intenção do governo de cortar gastos, entre outros assuntos que afetam o humor do mercado.

Os comentários de Lula vêm sendo apontados por profissionais do mercado como um dos principais motivos para que o dólar tenha disparado ante o real e a curva de juros esteja em forte alta no Brasil. Em 2024, a moeda norte-americana acumula elevação superior a 16%.

Redação / Folhapress

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