SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A moeda americana e a Bolsa oscilavam próximos a estabilidade ao longo da manhã desta terça-feira (12), mas registraram fortes oscilações no início da tarde.
Às 14h30, o dólar subia 0,36%, a R$ 5,779 na venda. A Bolsa, referência do mercado acionário brasileiro, caía 0,24%, a 127.557 pontos.
Investidores monitoram as discussões sobre corte de gastos, ata do Copom (Comitê de Política Monetária) e dados do varejo, além de discursos de dirigentes do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano).
Nesta terça, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem reunião com o presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) para discutir os próximos passos na implementação do pacote de ajustes fiscais, esperado para esta semana.
As discussões sobre o conjunto de medidas para o ajuste fiscal chegaram à terceira semana prometido em meados de outubro.
A ideia é anunciar o pacote antes do embarque do presidente para o Rio de Janeiro, no fim desta semana, para os eventos relacionados com a cúpula do G20 o Brasil ocupa a presidência do bloco e vai sediar a cúpula de chefes de Estado.
Economistas do Itaú Unibanco calculam que, para que o mercado financeiro tenha mais confiança no ajuste fiscal proposto pelo governo, são necessários ao menos R$ 60 bilhões em cortes de gastos, sendo R$ 25 bilhões em 2025 e R$ 35 bilhões em 2026.
Diante do contexto, o mercado engatou a semana na expectativa pela divulgação das medidas de contenção de despesas do governo federal.
O vice-presidente Geraldo Alckmin disse, nesta terça, durante evento da COP 29, em Baku, no Azerbaijão, que o Brasil terá uma política fiscal rigorosa, e afirmou que o presidente Lula já deixou claro que o governo cumprirá o arcabouço fiscal.
Segundo Daniel Teles, especialista da Valor Investimentos, a estabilidade da bolsa e da moeda refletem um clima de “muita ponderação” no mercado.
“Existe uma possibilidade de que a nova data para esse anúncio seja amanhã, já que o presidente Lula sinalizou que pretende incluir mais ministérios no pacote de ajustes. Diante disso, o mercado tende a manter um movimento lateral até que haja uma definição”, afirmou Teles.
Interlocutores no Palácio do Planalto apontam que não há mais necessidade de grandes reuniões com os ministros das áreas sociais e que a decisão agora depende exclusivamente do presidente Lula.
O presidente teve uma nova rodada de reuniões na sexta-feira com titulares de algumas pastas.
Participaram do debate os ministros Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Nísia Trindade (Saúde), Camilo Santana (Educação), Luiz Marinho (Trabalho e Emprego), Carlos Lupi (Previdência) e o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços).
As atenções do mercado também estão igualmente voltadas para as vendas no varejo e a ata do Copom.
As vendas varejistas no Brasil aumentaram 0,5% em setembro, voltando a crescer após um tropeço no mês anterior, mas ainda ficaram bem abaixo das expectativas de 1,1%, segundo pesquisa da Reuters.
Os dados foram divulgados nesta terça pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Já na ata do Copom, o colegiado do BC reforçou o alerta sobre os riscos fiscais e sinalizou que uma deterioração nas expectativas de inflação pode prolongar o ciclo de alta dos juros, acrescentando um elemento de incerteza para o mercado.
Na última quarta (6), o Copom decidiu elevar a taxa básica (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 10,75% para 11,25% ao ano.
Na ata, o colegiado também repetiu que o ambiente externo permanece “desafiador”, apontando como principal fator de incerteza a possível mudança na política econômica nos Estados Unidos, logo após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais.
As projeções das propostas de Trump na economia têm ajustado posições de investimentos nos mercados globais. O movimento é chamado de “Trump Trade”, que tenta prever quais serão os ativos mais favorecidos pela política econômica do republicano.
Até agora, ações em Wall Street, títulos do Tesouro americano, dólar e criptomoedas se valorizaram em alguns casos, a patamares recordes.
Mas, para mercados emergentes como o brasileiro, o clima é de cautela. Isso porque, além da valorização do dólar, a proposta de aumentar as tarifas em ao menos 60% para produtos chineses pesa para países de forte pauta exportadora, que costumam ter a China como principal mercado consumidor.
O mercado também está atento aos discursos de dirigentes do Fed dos Estados Unidos, que acontecem ao longo do dia.
A fala de Christopher Waller, membro do conselho do Fed, e de Neel Kashkari, presidente do Fed de Minneapolis, são aguardadas com expectativa, pois poderão dar pistas sobre o futuro da política monetária americana.
Redação / Folhapress