SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Depois de dois dias em queda, o dólar voltou a subir nesta quarta-feira (20). A moeda americana fechou em alta de 0,98%, a R$ 4,910, ainda abaixo dos R$ 4,94 de sexta (15) passada.
Segundo agentes de mercado, o movimento é uma correção à desvalorização de 1,5% da moeda entre segunda e terça, fruto da queda nos juros dos treasuries (títulos do Tesouro dos Estados Unidos). Hoje, porém, o dólar voltou a ganhar força no exterior.
O movimento foi sustentado em parte pela desaceleração da inflação do Reino Unido. Em novembro, o índice de preços ao consumidor do país subiu 3,9%, menor nível em mais de dois anos, após registrar alta de 4,6% em outubro. A queda da inflação elevou a expectativa de que o Reino Unido pode se juntar aos Estados Unidos e cortar juros já no primeiro semestre de 2024, o que fez a libra desabar ante o dólar.
Já a Bolsa brasileira começou a quarta em alta após bater recordes nominais de pontuação por dois pregões seguidos, mas acabou virando para o território negativo, acompanhando os pares estrangeiros. O Ibovespa fechou em queda de 0,79%, a 130.804 pontos.
“Essa queda parece estar muito relacionada ao que chamamos de realização de lucros. Nos últimos dias, tivemos uma alta significativa aqui no Brasil, com a expectativa de que os juros caiam antes do esperado lá nos EUA”, diz Rachel de Sá, chefe de economia da Rico.
Nesta quarta, investidores recalibraram suas expectativas para a queda na taxa básica de juros americana.
A maioria ainda aposta em um corte de 0,25 ponto percentual em março, o que levaria os juros para a faixa de 5% a 5,25% ao ano. Mas, segundo alguns dirigentes do próprio Fed (banco central americano), isso pode ser cedo demais.
Nesta terça, Patrick Harker, presidente do Fed da Filadélfia, disse que a autoridade monetária não vai cortar taxas em um futuro próximo. “Precisamos segurar os níveis de juros por enquanto”, disse a uma rádio americana.
O banco americano Morgan Stanley também não vê um corte no primeiro trimestre e projeta um alívio monetário apenas em junho.”Nossas projeções de inflação indicam uma aceleração dos preços nos próximos dois meses, por isso acreditamos que o mercado esteja antecipando demais um corte de juros em março”, disse o banco em relatório.
Nesta sexta (22), serão divulgados os de inflação dos EUA em novembro, o que pode balançar as previsões do mercado financeiro.
Os posicionamentos de Harker e Morgan Stanley foram o suficiente para reverter a tendência de alta do mercado acionário global. Em Wall Street, o S&P 500 caiu 1,47% e o Dow Jones, 1,27%. Já o Nasdaq perdeu 1,50%.
IBC-BR SURPREENDE
Pela manhã, o Banco Central informou que o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica) recuou 0,06% em outubro na comparação com setembro, em dado dessazonalizado. O resultado ficou bem abaixo da expectativa de economistas consultados pela Reuters, de avanço de 0,10%.
“Essa queda outubro pode indicar um cenário econômico desafiador, influenciado por condições globais e políticas monetárias restritivas. Contudo, fatores como o mercado de trabalho aquecido, o aumento da massa salarial e a diminuição da inflação parecem promissores, podendo impulsionar o consumo e, por extensão, amenizar os impactos negativos na economia. Isso sugere um possível equilíbrio entre os desafios atuais e aspectos positivos que podem sustentar a economia”, disse Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital.
CASAS BAHIA SE RECUPERA
As ações do Grupo Casas Bahia dispararam 8,86%, a R$ 10,94 cada uma, em uma recuperação após recuarem nas quatro sessões anteriores, acumulando no período um declínio de cerca de 24%. O papel ainda registra em 2023 uma perda em torno de 79%.
No setor, o papel da Magazine Luiza caiu 2,78%, a R$ 2,10.
Redação / Folhapress