Dólar tem leve queda e Bolsa sobe com dados de inflação dos EUA e estímulos da China

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar apresenta leve queda nesta sexta-feira (27), com investidores digerindo os dados de inflação dos Estados Unidos medidos pelo PCE (índice de preços de despesas de consumo pessoal, na sigla em inglês).

O mercado analisa também a divulgação da taxa de desemprego no Brasil, que ficou em 6,6% entre junho e agosto, e novas medidas de estímulos anunciadas pela China.

Às 11h29, o dólar caía 0,11%, cotado a R$ 5,438, em movimento global de desvalorização. Já a Bolsa subia 0,60%, aos 133.818 pontos.

Indicador de inflação mais monitorado pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), o PCE teve alta de 0,1% em agosto —uma desaceleração em relação ao resultado de julho, de 0,2%.

No acumulado de 12 meses, o índice ficou em 2,2%, após marcar 2,5% no mês anterior. Já no núcleo do PCE, que exclui os componentes voláteis de alimentos e energia, a alta foi de 0,1%, ante projeção de 0,2%.

O BC americano trabalha com um mandato duplo, isto é, olha de perto os dados de inflação e do mercado de trabalho para decidir sobre juros. Enquanto os índices inflacionários têm mostrado uma convergência gradual à meta anual de 2%, os números de emprego têm desacelerado a cada nova leitura e chegaram até a instalar temores de que a economia estaria a caminho de uma recessão.

Na quarta-feira da semana passada, a autoridade americana fez o primeiro corte nos juros em mais de quatro anos, com uma redução de 0,50 ponto percentual. A taxa agora está na faixa de 4,75% e 5% —e a expectativa do mercado é que o ciclo de alívio se sustente pelas próximas reuniões.

“O comitê ganhou maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a [meta de] 2% e julga que os riscos para alcançar metas de emprego e inflação estão aproximadamente equilibrados”, disseram os diretores do Fed no comunicado da decisão.

O ritmo dos cortes, porém, está dependente dos números da economia americana. “Não há nada que sugira pressa”, disse em entrevista coletiva Jerome Powell, presidente do Fed, em referência à velocidade com que o banco provavelmente reduzirá os juros.

Com o PCE de agosto, as apostas de uma redução maior, de 0,50 ponto, passaram a reunir 52,1% dos operadores na ferramenta CME Fed Watch. As de um corte menor, de 0,25 ponto, concentram os 47,9% restantes.

O dólar costuma se depreciar à medida que os juros nos Estados Unidos caem, conforme o rendimento dos ativos ligados à renda fixa americana se depreciam. Isso leva operadores a investimentos de maior risco, como moedas emergentes e mercados acionários, pela possibilidade de rentabilidade maior.

A cena externa ainda penalizava o dólar por outro motivo: o pacote de estímulos anunciado pela China nesta semana.

Na quinta-feira, o Partido Comunista chinês prometeu “gastar o necessário” para que o país cumpra a promessa de terminar o ano com um PIB (Produto Interno Bruto) em 5%.

As falas, que incluíram orientações para sustentar o consumo das famílias e estabilizar o conturbado mercado imobiliário, foram feitas em uma leitura oficial da reunião mensal das principais autoridades do Partido Comunista, o Politburo.

A reunião de setembro não costuma ser um fórum para discussões macroeconômicas, o que sugere uma ansiedade crescente em relação à desaceleração do ritmo do PIB.

Na terça-feira, a China já havia anunciado o pacote de estímulo à economia mais agressivo desde o início da pandemia de Covid-19, em 2020. As medidas incluem cortes em algumas taxas de juros, uma injeção de liquidez de 1 trilhão de iuanes (US$ 140 bilhões) no sistema financeiro e outros impulsos.

Desde então, os mercados globais têm experimentado ganhos devido à expectativa de maior demanda por commodities vinda da China, o maior importador de matérias-primas do mundo.

“Um pacote de estímulos econômicos vultoso como o chinês tem melhorado as expectativas de investidores em relação ao desempenho econômico do país, o que ajuda a elevar as expectativas de demandas por commodities”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

O efeito do estímulo chinês era mais evidente em mercados emergentes, cujas moedas dependem diretamente do desempenho dos preços das matérias-primas. Com isso, o dólar recuava ante o peso mexicano, o peso chileno e o rand sul-africano.

O índice do dólar —que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas— ainda caía 0,23%, a 100,29.

O real, porém, tinha dificuldades de acompanhar a força das outras moedas no exterior. Aqui, o mercado voltava a elevar os prêmios de risco para o país, em meio a indícios de aceleração da inflação e preocupações com as contas públicas.

O IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado), conhecido como a “inflação do aluguel”, acelerou a 0,62% em setembro, depois de ter avançado 0,29% no mês anterior, informou a FGV (Fundação Getulio Vargas).

A expectativa de analistas era de que a alta fosse de 0,47%. Com o resultado, o acumulado de 12 meses bateu 4,53%.

Ao mesmo tempo, a taxa de desemprego brasileira continuou em trajetória de baixa e recuou a 6,6% no trimestre encerrado em agosto, mostrou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Analistas consultados pela agência Bloomberg esperavam o dado em 6,7%.

Também continuava no radar o cenário fiscal brasileiro, com agentes financeiros ainda demonstrando preocupação com o compromisso do governo com o ajuste das contas públicas, enquanto persegue a meta de déficit primário zero deste ano.

A Fitch Ratings afirmou na quinta-feira que a política fiscal atual do Brasil e seus efeitos não estão acompanhando o forte desempenho da economia nacional e que os desafios para o governo federal devem persistir e crescer no próximo ano.

“Vejo muita cautela ainda com o cenário fiscal, e isso está nitidamente limitando a recuperação de nossos ativos locais”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

Redação / Folhapress

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