Dólar volta a fechar em alta, a R$ 5,711, após registrar o menor valor em três meses; Bolsa sobe

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após despencar 1,21% e fechar a sessão de sexta-feira (14) cotado a R$ 5,696 -menor valor em três meses-, o dólar encerrou com alta de 0,26%, a R$ 5,711, nesta segunda-feira (17).

A moeda dos EUA abriu o dia rondando a estabilidade e chegou a atingir R$ 5,695, na mínima. Na maior parte do pregão, seguiu com avanço leve, mas terminou a sessão em alta. No exterior, a divisa americana tinha sinais mistos antes as demais moedas.

O dia foi marcado por poucos dados econômicos e mercados americanos fechados em razão do feriado do Dia dos Presidentes. Os investidores monitoraram novas notícias sobre tarifas dos Estados Unidos e discussões pelo fim da guerra na Ucrânia.

Com a cena internacional esvaziada, o mercado brasileiro se voltou para a agenda doméstica, tendo como destaque o cenário de desaceleração econômica evidenciado pelo IBC-Br (Índice de Atividade Econômica), além do último boletim Focus, que prevê uma inflação ligeiramente mais alta para 2025 e 2026.

Já a Bolsa terminou o pregão com alta de 0,25%, aos 128.549 pontos, segundo dados preliminares, após ficar acima dos 129 mil pontos na maior parte do dia. As ações do Itaú estavam entre os principais suportes. A queda da popularidade de Lula, apontada pelo Datafolha, seguiu repercutindo entre os investidores e trouxe sinais positivos para a Bolsa.

Na ponta doméstica, a sessão era movimentada pelas projeções de inflação, dólar e PIB divulgadas pelo último boletim Focus, que capta a percepção do mercado para esses indicadores econômicos.

Analistas consultados pelo Banco Central passaram a ver uma inflação ligeiramente mais alta ao fim deste ano, de 5,60% , frente 5,58% do boletim da semana passada. É a 18ª semana seguida de aumento da previsão. Para 2026, a projeção para a inflação brasileira é de 4,35%, de 4,30% anteriormente.

O centro da meta perseguida pelo BC é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

A expectativa para a taxa básica de juros (Selic) se manteve em 15% para 2025, enquanto para 2026, a projeção é de que a taxa atinja 12,50%.

Já o preço do dólar deve encerrar 2025 e 2025 em R$ 6.

O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro deve crescer 2,01% neste ano, abaixo da projeção da semana anterior de 2,03%

Já o IGP-10 (Índice Geral de Preços-10) subiu bem mais do que o esperado em fevereiro, em 0,87%, depois de ter avançado 0,53% no mês anterior, com pressão maior do café tanto no atacado quanto no varejo, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira pela FGV (Fundação Getulio Vargas).

Além disso, dados do Banco Central divulgados nesta segunda mostraram que a atividade econômica brasileira encerrou 2024 com crescimento de 3,8%, apesar de ter encerrado dezembro com recuo.

O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do BC), considerado um sinalizador do PIB, caiu 0,7% em dezembro sobre o mês anterior, em dado dessazonalizado. O resultado foi bem pior do que a expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de 0,4%.

Foi o resultado mensal mais fraco desde maio de 2023, quando registrou uma queda de 1,72%, levando o índice a fechar o quarto trimestre com estagnação na comparação com os três meses anteriores.

“A economia brasileira está desacelerando, não tem maiores dúvidas em relação a isso. Resta ver que tamanho de desaceleração é esta”, disse o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, sobre o resultado do IBC-Br.

Diante dessa desaceleração, as taxas de DIs (Depósitos Interfinanceiros) fecharam em baixa firma. Para janeiro de 2026, estava em 14,67%, ante o ajuste de 14,794% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 14,575%, ante o ajuste de 14,791%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,29%, em queda de 26 pontos-base ante 14,553% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,25%, ante 14,514%.

Durante evento pela manhã, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, disse que o governo tem percebido uma desaceleração da economia e acrescentou que é “natural” que 2025 tenha crescimento um pouco inferior do que os dois anos anteriores.

Na ponta internacional, os agentes financeiros estiveram atentos a novas ameaças tarifárias de Donald Trump. Na última sessão, a divisa passou o dia em queda firme, com alívio dos investidores após o presidente americano adiar a imposição de tarifas recíprocas aos parceiros comerciais dos EUA -o que deve acontecer até o dia 1º de abril, segundo o secretário do Comércio, Howard Lutnick.

A percepção é de que as ameaças tarifárias de Trump são mais uma tática de negociação do que planos concretos, e abrem espaço para acordos entre os países que estão na mira do presidente americano.

O “tarifaço”, além de estimular uma guerra comercial ampla, tem o potencial inflacionário, ou seja, de encarecer o custo de vida dos norte-americanos, o que pode comprometer a briga do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) contra a inflação e forçar a manutenção da taxa de juros em patamares elevados.

Quanto maiores os juros por lá, mais atrativos ficam os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, os chamados treasuries, o que fortalece o dólar globalmente. Com a percepção de que a política tarifária será mais branda, parte das apostas nos treasuries seriam desmontadas, enfraquecendo a moeda norte-americana, o que torna o dólar mais barato por aqui.

O mercado também monitorou uma possível trégua na guerra entre Rússia e Ucrânia depois de Trump ter ligado, na semana passada, para o presidente russo Vladimir Putin e o presidente ucraniano Volodimir Zelenski para iniciar negociações de paz.

Autoridades de Washington e de Moscou devem se reunir na Arábia Saudita nos próximos dias, segundo informou a agência de notícias Reuters. Reino Unido e Suécia já disseram que vão mandar forças de paz à Ucrânia caso o cessar-fogo ocorra. A guerra que completará três anos daqui uma semana.

As conversas entre o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e o chanceler russo, Sergei Lavrovchegou, estão programadas para começar na terça-feira, em Riade.

O conflito na Ucrânia tem influenciado as decisões de investidores nos últimos três anos, principalmente devido a seu impacto em preços de commodities, como grãos e petróleo.

Na sessão de sexta-feira, as notícias de que as tarifas recíprocas seriam adiadas impulsionaram a queda do dólar ao longo do dia. As perdas aceleraram após às 16h, quando a Folha de S.Paulo informou que a aprovação do governo Lula (PT) desabou, segundo dados do Datafolha.

A Bolsa, que também estava em forte alta, passou a disparar acima de 2% depois da publicação da pesquisa, ainda que outros fatores também tenham pesado na sessão. Fechou em alta de 2,69%, aos 128.218 pontos.

A pesquisa Datafolha seguiu movimentando os mercados na sessão desta segunda-feira, que vislumbram menores chances de reeleição do presidente em 2026, trazendo novas perspectivas na agenda econômica e sinais positivos para a Bolsa.

Com a pesquisa, parte do mercado passou a enxergar a possibilidade de uma renovação política nas próximas eleições, em 2026. Até agora, não há indicação de sucessor direto de Lula à Presidência, nem confirmação do petista de que ele irá disputar a reeleição.

“O mercado entende que se continuar assim ou se parar desse mesmo jeito, as chances do Lula se reeleger nas eleições de 2026 começam a ficar cada vez menores”, afirma Alison Correia, sócio-fundador da Dom Investimentos.

“Além disso, acredito que talvez ele tenha um choque de realidade da gestão e, de repente, comece a tomar medidas mais assertivas.”

“O dado chama muita atenção porque ele nunca teve uma avaliação tão ruim. A reprovação do governo foi recorde. Então isso trouxe um otimismo maior com essa possibilidade maior de, eventualmente, ele não ser reeleito nas próximas eleições”, diz Marcelo Bolzan, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital.

Para Alexandre Viotto, chefe da mesa de câmbio da EQI Investimentos, o presidente não tem tanta força quanto o mercado esperava.

“[O enfraquecimento da popularidade de Lula] é algo que boa parte dos investidores já tem colocado na conta e explica um pouco desse movimento baixista do dólar este ano contra o real”, diz Alexandre Viotto, chefe da mesa de câmbio da EQI Investimentos.

VITOR HUGO BATISTA / Folhapress

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