Domingo de eleição tem alta de desinformação sobre as urnas, segundo projeto de checagem

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dia do primeiro turno das eleições municipais foi marcado por uma alta de desinformação sobre as urnas e o processo eleitoral, segundo o Confia, iniciativa do Pacto pela Democracia que mapeia conteúdo desinformativo.

Além de identificar a alta neste domingo (6), o projeto mapeou cerca de 4.000 conteúdos sobre o tema desde 9 de setembro. Dentre as mensagens em circulação, há publicações que questionam o resultado das eleições de 2022, que deram a vitória ao presidente Lula (PT). As mensagens usam termos como “falcatrua” e “fraude”.

Algumas publicações fazem a ligação entre o último pleito e o atual, dizendo que candidatos como Pablo Marçal (PRTB), em São Paulo, e Alexandre Ramagem (PL), no Rio de Janeiro, provavelmente não ganhariam o pleito devido à manipulação nas urnas.

Segundo o projeto, a tendência é que narrativas de descredibilização aumentem com o fracasso de Marçal na corrida pela Prefeitura de São Paulo. O candidato do PRTB ficou em terceiro lugar na disputa, com 28,14% dos votos, atrás de Ricardo Nunes (MDB), 29,48%, e Boulos (PSOL), 29,07%, que disputam o segundo turno.

Circulou, segundo o Confia, mensagem que afirma que a fraude iria ocorrer a partir do uso incorreto da urna. O conteúdo engana o leitor ao afirmar que o voto do eleitor não seria computado se ele apertasse alguma tecla entre a tela “confira seu voto” e a de “confirma”.

Segundo José Bruno Lima, coordenador de comunicação do Pacto pela Democracia, o primeiro turno das eleições teve quantidade expressiva de ataque às urnas que ultrapassou o esperado.

“Principalmente nas últimas 24 horas, vimos diversas correntes no Facebook, por exemplo, de textos em que as pessoas vão replicando o texto de ataque às urnas eletrônicas”, afirma.

Segundo ele, o gesto foi também percebido no X (antigo Twitter), mesmo que a rede social esteja bloqueado no Brasil.

“Existem diversos perfis no X que a gente mapeou que estão também disseminando desinformação sobre o nosso processo eleitoral. Embora ele esteja bloqueado, muitos desses conteúdos desinformativos surgem a partir de lá e reverberam também em outras redes sociais”, diz Bruno Lima.

Segundo o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo), costuma circular na data das eleições informação falsa sobre urnas que dificultariam o voto em algum candidato e sobre transporte irregular das máquinas em veículos particulares.

Neste domingo, houve ocorrências como a clonagem de um site de notícias para divulgar conteúdo falso sobre uma candidata no Tocantins e vídeo no qual o ex-deputado federal Fernando Chiarelli (PDT-SP) afirma, sem provas, que o sistema eleitoral é uma fraude.

O vídeo, que voltou a viralizar neste domingo, foi gravado em 2010 durante sessão plenária. Ao contrário do que diz a gravação, a urna não favorece candidatos. Além disso, o TSE sempre abre o código-fonte do equipamento para a auditoria de entidades fiscalizadoras um ano antes da votação.

O Confia recebe conteúdo identificado por usuários como desinformação e depois analisa o material, que passa a compor uma base de dados estudada pelo grupo. O usuário também pode pedir conteúdo confiável sobre o processo eleitoral pelo número de Whatsapp +55 71 40404119.

Segundo o projeto, contestar as eleições tem se tornado estratégia de “grupos políticos e autocracias”, que tem sido acompanhada por queda na confiança sobre as eleições.

“Governos autocráticos e candidatos de extrema direita têm usado como tática o ataque aos sistemas eleitorais dos seus países. Esse processo de descredibilização também do sistema de votação é para causar um tumulto, um descrédito por parte da população nos seus sistemas e, principalmente, para minar a confiança na democracia”, afirma Lima.

ANA GABRIELA OLIVEIRA LIMA / Folhapress

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