SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Pouco adiantou a batalha jurídica para Nathasha Rosa Figueiredo competir em Tóquio-2020 após ter sido pega no doping. Nona colocada no Japão, ela foi novamente julgada este ano, suspensa por 16 meses, e não só está fora da próxima Olimpíadas como perdeu o resultado conquistado na passada, segundo a federação internacional.
COMO ELA CONSEGUIU COMPETIR EM TÓQUIO?
Nathasha, que tem 27 anos, testou positivo para dois diuréticos em um exame surpresa realizado em 31 de março de 2021, e depois repetiu o resultado em um teste no Campeonato Pan-Americano. Essas substâncias são proibidas por ajudarem no emagrecimento (o que é importante em uma modalidade que tem categorias por peso) e por mascararem outras substâncias proibidas.
Então principal destaque do halterofilismo brasileiro, ela foi suspensa provisoriamente em maio daquele ano de 2021, mas conseguiu convencer tantos os árbitros da ITA, um órgão independente que faz o combate ao doping para a Federação Internacional de Levantamento de Peso (IWF), quanto a Corte Arbitral do Esporte (CAS) de que não teve culpa na ingestão.
Como é de praxe nas defesas feitas pelo advogado Marcelo Franklin, alegou que consumiu um suplemento alimentar que estava contaminado com os diuréticos. Durante o processo, apresentou três potes deste suplemento, que não era manipulado, todos contendo as mesmas substâncias proibidas.
Condenada, recebeu a suspensão mínima de um mês, que foi ratificada pela CAS em 22 de julho. Competiu no dia seguinte, terminando em nono lugar na categoria até 49kg.
REVIRAVOLTA
O caso, porém, não foi dado por encerrado. A Agência Mundial Antidoping (Wada) recorreu na CAS à punição aplicada à brasileira e ela voltou a julgamento em março passado, dois anos após os exames.
O site da ITA informa que ela foi punida com 16 meses de suspensão, que vai durar até 3 de maio de 2024. Além disso, o site aponta que a brasileira perdeu todos os resultados conquistados durante a janela entre o primeiro e o segundo julgamentos, entre o início de julho de 2021 e o fim de fevereiro de 2023.
Isso significa que fica anulado o resultado obtido por Nathasha em Tóquio-2020. Ela também perde o bronze no Campeonato Pan-Americano de 2022, a prata nos Jogos Sul-Americanos do mesmo ano, e o oitavo lugar no Mundial disputado em dezembro de 2022. Também é desqualificada do sexto lugar no Campeonato Pan-Americano de 2021.
Procurada pela reportagem, Nathasha disse que foi instruída a não conceder entrevista, mas alegou que o processo segue aberto, uma vez que não houve publicação de uma decisão final por parte da Corte Arbitral do Esporte (CAS). A halterofilista entende que não perderá o resultado de Tóquio-2020, mas confirmou que está impedida de competir.
FORA DE PARIS-2024
O resultado do Mundial de 2022 continua aparecendo no ranking olímpico da IWF, para deixar a brasileira em oitavo lugar na lista que vai classificar 10 atletas para os Jogos Olímpicos de Paris. A entidade, porém, determina que um atleta só élegível para as Olimpíadas se participar do Campeonato Mundial, e Nathasha, suspensa, não foi ao torneio realizado na Arábia Saudita na semana passada.
Com a suspensão de Nathasha, a principal atleta do país na categoria olímpica até 49kg agora é a irmã mais nova dela, Emily, de 25 anos, que teve maior sucesso na base, e vinha competindo em uma categoria mais leve, vencendo inclusive o Campeonato Pan-Americano do ano passado. Emily não foi ao Mundial. Com o resultado do Brasileiro, teria sido 15ª colocada.
Hoje o Brasil tem não mais do que oito atletas de nível internacional adulto: Emily, as quatro que foram ao Mundial (Duda SOuza, Amanda Schott, Laura Amaro e Taiane Justino), Marco Túlio Gregório, Josué Luas e Thiago Felix. Em compensação, são dois atletas de ponta suspensos por doping (Nathasha e Fernando Reis) e outros
DEMÉTRIO VECCHIOLI / Folhapress