SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Dorival Júnior é de novo campeão da Copa do Brasil. Vencedor do torneio pelo Flamengo no ano passado, ele foi descartado pelo clube apesar do título e da conquista ainda mais relevante da Copa Libertadores. À sua maneira, discreta, tranquila, o agora vencedor pelo São Paulo deixou seu recado ao time que o dispensou.
“É um resultado que representa o trabalho e a dedicação de todo um grupo. Seria um grande pecado se o São Paulo não saísse com esse resultado, por todos os processos respeitados, por todo o ambiente gerado”, afirmou o treinador, com ênfase nos “processos respeitados” e no “ambiente gerado”.
Foi tudo o que faltou no Flamengo, que fracassou na ideia de substituir o treinador campeão pelo português Vítor Pereira, derrotado em todos os campeonatos que disputou em vermelho e preto. O argentino Jorge Sampaoli o substituiu e não teve resultados muito diferentes. Até chegou perto, na Copa do Brasil, mas prevaleceu o trabalho de Dorival.
“Tivemos merecimento. Fizemos um grande primeiro jogo. E, em uma decisão de duas grandes equipes, acredito que [tenha prevalecido] aquela que entendeu os processos. O que nós nos preparamos para esta decisão! Sou sincero, nunca aconteceu em equipe nenhuma. Diretoria, torcida, atletas, comissão técnica Foi um trabalho gigante”, acrescentou.
O treinador, por fim, valorizou o triunfo diante de “uma das melhores equipes sul-americanas, se não é a melhor”. “Eu estava do outro lado até outro dia, com esses jogadores. Sei a capacidade que o grupo tem.”
Essa capacidade não foi suficiente diante de um São Paulo que saiu do Maracanã, no jogo de ida, com vantagem de um gol. A formação tricolor saiu atrás no Morumbi, mas buscou rapidamente o empate, suficiente para a celebração do título.
Foi o segundo troféu erguido por Lucas Moura no time. Importante na conquista da Copa Sul-Americana, em 2012, ele saiu para construir carreira na Europa. Voltou recentemente, a tempo de ser decisivo no confronto semifinal com o arquirrival Corinthians, e erguer uma taça mais significativa.
“Nunca vivi o que vivi hoje. Nada se compara, nem nos clubes por que passei na Europa. Nada se compara ao que eu vivi hoje no Morumbi. Conquistar um título com a camisa do São Paulo é especial, estar neste grupo é especial. É um grupo diferenciado, fantástico, de grandes jogadores e grandes pessoas também. Só gratidão”, afirmou.
O jogador não tem dúvida de que o triunfo obtido em 2023 é mais importante do que o alcançado 11 anos antes. Não só porque a Copa do Brasil é um torneio de maior relevância do que a Copa Sul-Americana. Mas porque a carência do torcedor, após anos sem resultados nacionais relevantes, cresceu.
“É muito diferente. Naquela situação, o São Paulo vinha de uma década de 2000 muito vitoriosa. Em 2012, era um tempo menor sem conquistas. E a Copa do Brasil era uma competição muito desejada pelo torcedor, pelo clube. Qualquer jogador, experiente ou não, se não estava ansioso hoje, estava morto por dentro, não tem como. Estava ansioso a semana toda, foi diferente. A competição foi diferente, a torcida merece”, afirmou.
A competição é diferente. E Lucas é diferente do garoto de 20 anos que ergueu a taça com Rogério Ceni há mais de uma década.
“Estou vivendo um sonho, literalmente. Por tudo o que envolveu minha volta, a mobilização da torcida nas redes sociais, até alguns jogadores mandando mensagens para mim. Estou vivendo um sonho. São Paulo é sentimento, está na minha pele, fui formado no clube, subi com 17 anos. Agora estou com 31, careca e com dois filhos, aguentando a molecada me zoando”, gargalhou. “Mas feliz demais.”
Também estava feliz Luciano, que, por questões táticas, foi reserva nas duas partidas decisivas. Ainda, assim, enalteceu Dorival e, por tabela, os dirigentes do rival.
“Queria agradecer à diretoria do Flamengo por ter mandado o Dorival embora”, sorriu. “Ele é um paizão de todo o mundo. Quando estava para definir o time, a gente se juntou e falou que não haveria vaidade. Saímos campeões.”
Redação / Folhapress