Dorival vê ‘movimento sujo’ limpar barra da seleção

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A seleção brasileira conseguiu limpar a barra diante do Peru fazendo algo de Dorival Júnior pede desde o início do trabalho à frente do Brasil: o tal “movimento sujo”.

O QUE ELE QUER DIZER?

Não é nada pejorativo ou contra o fair play do futebol. Mas uma dinâmica de jogo que pode abrir brechas para que o time empilhe gols, como aconteceu no segundo tempo em Brasília —o jogo terminou 4 a 0.

“Movimentos sujos” são ultrapassagens de jogadores para um posicionamento mais adiantado, mesmo que não recebam a bola.

Dorival já vem buscando essa dinâmica desde a Copa América. Teve dificuldades de aplicação, mas ficou feliz com o que viu nesta data Fifa.

“Trabalhamos muitas infiltrações no CT do Palmeiras, movimentos sujos, que dizemos de quem não recebe a bola. Foi nosso maior ganho”.

O QUE MAIS AJUDOU

Além do trabalho nos treinos, a troca nas laterais, com Vanderson e Abner, trouxe uma dinâmica diferente em relação ao que vinha sendo feito na seleção.

Dorival pagou o preço de estabelecer algumas amarras, sobretudo para o lateral-direito, que vinha sendo Danilo. A preocupação dele foi estabelecer uma espécie de linha de três, prendendo esse lateral em questão.

Contra os peruanos, a “sujeira” positiva apareceu de forma mais concreta no segundo tempo.

A dinâmica do time abre espaço para os pontas, que podem ficar mais no mano a mano com os marcadores. Savinho e Luiz Henrique se valeram disso pelo lado direito.

Vínhamos tendo sustentação defensiva na maioria dos jogos. Nos faltavam ataques em profundidade. Queríamos as bolas nos pés de cada jogador, com aproximação se trabalhava na mesma linha, passando comodidade ao adversário

A mudança de desenho na marcação por parte do Peru também ajudou o Brasil a ficar mais solto em campo, quando já tinha construído o 2 a 0, em dois pênaltis.

“Todos os comportamentos são importantes, tudo que foi treinado e trabalhado aconteceu. A dinâmica da troca de passes do segundo tempo mudou pelo segundo gol, com o adversário mais exposto. No primeiro tempo era impossível pela forma que estava, circulação um pouco lenta, podíamos ter sido mais simples. Melhoramos e isso foi importante para a construção do resultado”, analisou o técnico.

VEM MAIS ‘SUJEIRA’?

A missão de Dorival Júnior a partir de agora é conseguir replicar o que se viu no segundo tempo contra os peruanos.

O trabalho do treinador até o momento tem sido marcado por mudanças constantes no time —forçadas ou não. Lesões, tentativas com novas opções e uma falta de desempenho aumentaram a pressão sobre ele.

Em novembro, a próxima oportunidade. Primeiro, contra a Venezuela, fora de casa, dia 14. Depois, no dia 19, diante do Uruguai, jogo que encerra o calendário da seleção no ano. A ideia, claro, é limpar a barra diante do torcedor.

EDER TRASKINI, IGOR SIQUEIRA E LUCAS MUSETTI PERAZOLLI / Folhapress

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