Dr. Luzinho diz que irmã exonerada se tornou diretora de Fundação Saúde devido a ‘currículo e capacidade’

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O deputado federal Doutor Luizinho (PP) afirma que a irmã, Débora Teixeira, chegou ao cargo de diretora de planejamento e gestão da Fundação Saúde, no Rio de Janeiro, devido ao “currículo e capacidade” e que ela não tem relação com os contratos da entidade.

Débora foi exonerada nesta segunda (21). A Fundação Saúde é a empresa pública responsável pelo contrato com o PCS Lab Saleme, laboratório com sócios e funcionários presos após a infecção de pacientes com HIV após transplantes no Rio de Janeiro.

Doutor Luizinho ocupava a posição de secretário estadual da Saúde no Rio de Janeiro durante a contratação da empresa, em 2023. O parlamentar, porém, defende que a irmã não atuava na área de contratos.

Em nota, o parlamentar diz que Débora é cirurgiã-dentista e especializada pelo Corpo de Bombeiros na área de gestão e coordenação de UPAs (Unidades de Pronto Atendimento). Segundo ele, foi este o motivo para alçá-la ao posto na fundação estadual.

“Com a transferência das Upas para a Fundação Saúde, em agosto de 2021, Débora foi cedida ao órgão -que tem autonomia e independência administrativa- para atuar no planejamento dessas unidades, portanto, nunca teve qualquer ligação com a área de contratos da entidade”, afirma em nota.

“Na Fundação Saúde, Débora implantou a Portaria que cria o Núcleo Central de Educação permanente, ensino e pesquisa, expandindo o conhecimento dos profissionais e favorecendo uma assistência baseada em evidências. O currículo e capacidade de Débora a levaram ao cargo de direção”, acrescenta a nota do parlamentar.

Um dos principais alvos da investigação envolvendo o PCS Lab Saleme e a doação de órgãos contaminados com HIV é Walter Vieira, 61, sócio do laboratório. Ele é casado com a tia do deputado federal. A clínica também tem como um dos sócios Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, primo de Luizinho.

Nesta terça (22), Matheus foi incluído no inquérito. Ele é sócio do PCS Lab Saleme e também filho de Walter Vieira, preso desde o último dia 14.

O parlamentar também foi secretário de Saúde do estado do Rio de Janeiro entre os anos de 2016 e 2018.

EXONERAÇÕES

Foram exonerados nesta segunda-feira (21) todos os membros da diretoria da Fundação Saúde.

Por meio de nota, o governador Cláudio Castro (PL) informou que aceitou a renúncia da diretoria e que a medida “amplia a transparência e assegura que não haja interferências nas apurações já determinadas pelo Governo do Estado”. Informou também que em breve será anunciada uma nova administração da instituição.

Renunciaram aos cargos na Fundação Saúde: João Ricardo da Silva Pilotto, diretor executivo, Alessandra Pereira, diretora administrativa e financeira, Bruno Klein, diretor de recursos humanos, Débora Teixeira, diretora de planejamento e gestão, Carla Boquimpani, diretora técnico-assistencial, e Luiz Romano Quagliani, diretor jurídico.

ENTENDA O CASO

Seis pacientes que estavam na fila de transplante da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro receberam órgãos contaminados pelo vírus HIV e, posteriormente, receberam resultados positivos para a doença.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, ordenou a instauração de uma auditoria para investigar o sistema de transplantes no Rio de Janeiro e verificar possíveis irregularidades na contratação do laboratório responsável pelos exames.

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro denunciou nesta terça-feira (22) seis pessoas, dentre sócios e funcionários do laboratório PCS Saleme, responsável por realizar exames de sorologia em pacientes transplantados, por contrato com a Fundação Saúde do estado. Cinco já estavam presos.

Os denunciados são acusados de associação criminosa, lesão corporal grave e falsidade ideológica. Uma das funcionárias também foi denunciada por falsificação de documento particular.

MARCOS CANDIDO / Folhapress

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