Duilio respeita protesto, mas diz que torcedores passaram do ponto

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O presidente do Corinthians, Duílio Monteiro, concedeu entrevista no programa Os Donos da Bola, do Neto. Duílio falou sobre a pressão de ocupar esse cargo e que a torcida passa do ponto quando o chama de corrupto e canalha.

“É difícil estar nesta cadeira, a pressão é muito grande, como você colocou, eu acho que ontem, as manifestações foram pacíficas, tem que elogiar, sem sombra de dúvida. Mas acho também que passaram do ponto quando entram nessa parte de corrupto, canalha, aí acho que passou do limite, porque eu tô fazendo exatamente o que o Corinthians precisa que seja, é duro, é difícil aguentar uma pressão dessa. Mas é o meu propósito.”

VEJA O QUE MAIS O PRESIDENTE DO CORINTHIANS DISSE:

Relacionamento com as organizadas

Eu sempre fui criticado pela maioria da imprensa de recebe-los mas o Corinthians é um time democrático, quando eles querem conversa, a gente da conversa, quando eles querem silêncio, a gente também sabe ficar em silêncio. E acho que realmente sim, está passando do ponto. As conversas sempre foram feitas para que a gente evitasse esse tipo de violência, não manifestações, jamais, mas violências.

Manifestações durante o jogo contra o Liverpool (URU)

“Ontem as manifestações que foram feitas, as faixas dentro da Neo Química Arena, foram colocadas anteriormente ao jogo pela polícia militar, tudo que as faixas diziam, e o Corinthians não teve nenhuma objeção, eu principalmente, a decisão foi minha de que essas faixas entrassem ao estádio, é um direito do torcedor. Mas com paz né?! Apesar de, para mim, uma surpresa pela primeira vez na minha vida eu vejo a torcida do Corinthians em silêncio enquanto o time estava jogando, um Time de garotos , é o time do Corinthians né? É triste, mas é uma manifestação que eles fizeram, conseguiram chamar a atenção com isso, de uma forma pacífica. Então, não tenho nada para falar em relação a manifestação de ontem.

Protestos na chegada do ônibus do Corinthians em Santos

“Quanto a do ônibus em santos, sem dúvida nenhuma, a opção de retornar foi principalmente pensando nas famílias, crianças, torcedores, que foram ali ver seu ídolo, tirar uma fotografia. [Você que tomou a atitude?] Sim, o Vanderlei e o Alessandro me ligaram, colocaram a situação e a gente resolveu voltar por isso, para não colocar em risco quem estava ali em volta. Porque qualquer tipo de confusão, a gente podia, além dos atletas correrem riscos, pessoas que tavam ali para ver o seu time do coração.”

Racha político no clube e nas organizadas

“O problema hoje que a gente vive no Corinthians e também nas organizadas, eles tem eleições e estão rachados também. Tem diversas lideranças, então as lideranças que eu tenho conversado hoje, que é quem comanda, não tem adiantado, não sei se não tem passado aos torcedores, tudo que é falado, tudo que a gente trata, e você conversar e explicar as situações e você continuar tendo manifestações, eu começo a entender que a conversa não é valida, mas não existem só essas pessoas, a gente não pode generalizar em tudo. Não na torcida comum do Corinthians que são quase 40 milhões de torcedores. Ontem tiveram torcedores que quiseram se calar, mas outros também torceram, então, o Corinthians é um mundo, não podemos generalizar, nem dentro das organizadas. De imediato assim, a minha postura é que as lideranças que eu tenho conversado, infelizmente, hoje não estão conseguindo transmitir por problemas políticos, assim como o clube vive.”

Arrependimento de ter escolhido o Lázaro

“Cara, é difícil assim. Lógico que tem decisões que a gente toma e depois do ocorrido a gente repensa se foi certa ou se foi errada. Mas, a gente vive hoje uma escassez de treinadores, a gente vê aí a nossa própria seleção brasileira, maior seleção do mundo, atrás de um treinador. A gente vê os clubes, hoje, trocando, não tendo novas opções. E a gente tinha o entendimento de que o Fernando estava pronto e varia um grande trabalho. Já tinha assumido o time algumas vezes, fez grandes jogos, por incrível que pareça, o Fernando é o treinador que passou por aqui nos últimos anos com o melhor aproveitamento, mas, não funcionou. E tem que corrigir a rota, quando a gente toma uma decisão e ela não funciona, a gente tem que mexer para poder correr atras do prejuízo e consertar. Não posso falar que eu me arrependo, mas sem dúvida, não deu o resultado esperado.”

Responsabilidade com as finanças do time

“Na época da minha eleição, na época de campanha, tudo que se pedia no Corinthians, pelos sócios, pelos torcedores, pelas torcidas organizadas, por vocês da imprensa, é que o Corinthians tivesse mais responsabilidade na parte financeira, que o Corinthians se organizasse. Que era momento, realmente, de não pensar só em títulos, e sim em colocar essa parte financeira em ordem. E foi isso que eu me comprometi a fazer. Eu ganhei a eleição falando isso. Na minha primeira entrevista, eu falei que o título durante a minha gestão, seria pagar as contas. Eu fui muito transparente com o torcedor.”

Reestruturação do elenco

“Demoramos até agosto de 2021, eu fui eleito em novembro, assumi em janeiro e até agosto foi o único clube do Brasil que não tinha contratado nenhum atleta. Saíram mais de 200 jogadores do Corinthians, nesses dois anos, entre atletas de base e profissionais. E aí a gente começou a remontar o time, sem investimento. Trazendo jogadores que tinham vontade de vestir a nossa camisa. No começo foi uma festa muito grande pela torcida, porque chegaram grandes jogadores como Giuliano, Roger Guedes, Renato Augusto, Yuri Alberto posteriormente. Então, a gente foi montando um grande time sem gastar dinheiro com contratações, porque nesse momento não permitia.”

Boas campanhas

“Falam muito do futebol do Corinthians nesses últimos anos, mas em 2021 o Corinthians chegou em 4º lugar no Brasileiro, classificando diretamente para a Libertadores. Em 2022, em 5º e finalista da Copa do Brasil. Na minha opinião, jogamos um futebol melhor, e infelizmente, acabamos sendo derrotados nos pênaltis. O que me chateia é que o futebol continua a mesma coisa, só vale se tiver resultado. Tudo que é feito, se aquelas bolas, se aqueles pênaltis perdidos pelos nossos atletas no Maracanã tivessem entrado, acho que nada disso estaria sendo falado, mas eu prefiro que seja assim, porque a gente tem que mostrar responsabilidade.”

Fazer o que precisa ser feito

“Eu sou muito feliz, de estar aqui neste momento, mesmo com tudo isso, porque eu vou enfrentar e vou fazer o que o Corinthians precisa que seja feito, porque o futuro a gente constrói e a gente tem que começar por algum lugar. Eu estou fazendo isso há dois anos e meio e, infelizmente, esse ano por resultados, sempre resultados, o Corinthians não está bem no Brasileiro, ele fez uma péssima primeira fase da Libertadores, com a eliminação na fase de grupos, e aí todo o resto não vale”.

Analisar o futebol de forma geral

“Eu acho que a gente tem, para analisar futebol, para analisar clube, tanto torcedor como os jornalistas, os sócios, os conselheiros, olhar de uma forma geral. Só resultado de campo, é muito mais fácil e vai privilegiar sempre a irresponsabilidade. Eu hoje faço 5/6 cheques, trago 5 jogadores de seleção, titulares e no fim do ano eu vou embora e a conta fica e o próximo vai passar o que eu estou passando, pagando diversas dívidas, tendo que correr atrás de dinheiro, com ameaças de transfer ban por causa de pagamento, por processos, por bloqueios em conta, mas isso diminuiu absurdamente no dia que eu entrei até hoje e pelo momento, infelizmente, as pessoas hoje dão mais valor sempre para a coisa ruim, porque infelizmente vem demais.”

Redação / Folhapress

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