SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após um primeiro turno ausente, Jair Bolsonaro (PL) participa do primeiro compromisso oficial de campanha com Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo.
Em discurso de pouco mais de dois minutos, o ex-presidente afirmou que era uma satisfação “poder sentir-se útil” e que é preciso “trabalhar com convicção e entendimento que o melhor para São Paulo é a continuidade de Ricardo Nunes”. “Em nove capitais, sou 22, mas aqui em São Paulo, sou 15”, disse.
Bolsonaro afirmou ainda que há muita abstenção e votos nulos. “Temos que comparecer”, emendou. E lembrou seu acordo com Nunes, quando era presidente, para a dívida de São Paulo.
Os dois participam de almoço com empresários e políticos nesta terça-feira (22) na Fazenda Churrascada, no Morumbi, na zona oeste de São Paulo.
Com a voz rouca, Tarcísio, que foi saudado pelos demais como a pessoa que mais trabalhou na campanha, brincou que essa era a voz “do fim de campanha”. “Até o último minuto, temos que buscar os indecisos. […] O que me dá conforto é saber que terei na prefeitura um grande parceiro”, disse o governador.
Nunes, em seu discurso, também foi breve na menção a Bolsonaro e repetiu o ex-presidente ao contar a história da renegociação da dívida, em 2021, um dos poucos pontos que eles têm em comum.
O prefeito, de forma indireta, buscou justificar a ausência de Bolsonaro em sua campanha, afirmando que o ex-presidente andou várias cidades do Brasil para eleger prefeitos “enquanto o Tarcísio ficou aqui no dia a dia com a gente”.
“Queria agradecer em meio a tantas e tantas agendas, a vinda aqui”, completou Nunes. “Minha parceria com Bolsonaro é desde 2021”, disse em referência ao acordo da dívida.
A uma plateia de cerca de 400 políticos e empresários, Nunes enfatizou que eles não deveriam viajar no fim de semana. “Não podemos baixar a guarda, não existe campanha ganha.”
Coube a Nunes fazer críticas a Guilherme Boulos (PSOL), o que os oradores anteriores, Temer, Baleia, Bolsonaro e Tarcísio não fizeram.
Nunes disse que o PSOL representa a turma do atraso e o extremismo e que o voto 15 iria salvar São Paulo. “Todo lugar que o PSOL passou deixou para a populacao as piores memórias”.
Entre aliados do prefeito, havia dúvidas se a participação de Bolsonaro no segundo turno seria benéfica, diante de sua rejeição perante o eleitorado paulistano e dado o fato de que Nunes, afinal, chegou à segunda etapa da disputa acirrada sem grande ajuda do padrinho, pelo contrário.
Bolsonaro, Nunes e Tarcísio chegaram juntos por volta das 12h45, vindos do Palácio dos Bandeirantes, onde o governador hospeda o ex-presidente. Do lado de fora, manifestantes de esquerda fizeram um protesto contra a presença do ex-mandatário.
Os três sentaram lado a lado no palco montado dentro da churrascaria. Ao centro, Bolsonaro teve Tarcísio à sua direita e Nunes, à esquerda. A primeira-dama Regina Nunes também sentou ao lado do prefeito.
O senador Rogério Marinho (PL-RN), o candidato a vice Ricardo Mello Araújo (PL), o ex-presidente Michel Temer (MDB) e o presidente do MDB, Baleia Rossi, também compõem o palco.
O almoço no Morumbi é organizado pelo empresário Fauzi Hamuche, da confraria Caves (Confraria de Amigos do Vinho Eduardo Saddi), e os participantes devem pagar R$ 130 para custear a refeição.
Também está previsto que Bolsonaro, Nunes e Tarcísio compareçam a um culto da Igreja Sara Nossa Terra à noite. O ex-presidente vai passar a noite em São Paulo e, na quarta-feira (22), vai a Santos (SP) fazer campanha para Rosana Valle (PL), candidata a prefeita.
Além disso, a ideia é que o ex-mandatário, o prefeito e o governador gravem juntos um podcast para alimentar o conteúdo de campanha, no estilo do que Nunes e Tarcísio fizeram no primeiro turno, com cortes sendo publicados nas redes sociais.
Bolsonaro não se engajou na campanha de Nunes temendo sofrer represálias de apoiadores que preferiam Marçal ao emedebista. A função de padrinho e cabo eleitoral do prefeito acabou sendo transferida para Tarcísio, que chegou a fechar sua agenda para se dedicar à reeleição do aliado.
A participação do ex-presidente, em comparação, se restringiu à presença na convenção eleitoral, em agosto, e à indicação do vice na chapa, o policial militar bolsonarista Mello Araújo. Nunes também participou no 7 de setembro de ato em apoio ao ex-presidente.
CAROLINA LINHARES E VICTÓRIA CÓCOLO / Folhapress