SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Languagem”, novo livro de poemas de Edney Cielici Dias lançado pela Iluminuras, relata experiências de um aprendizado por meio da poesia. Grande parte da obra é composta por poemas produzidos durante a pandemia –tempos, segundo o autor, de crise e de distopias.
“A partir do questionamento de uma realidade em crise, aponto perspectivas que vão contra um convencional que eu mesmo havia aceitado sem questionar no passado. São necessárias maturidade e reflexão embasada para chegar a isso”, conta o autor.
Cielici escreve poesia desde os oito anos de idade, mas sua vocação foi deixada de lado durante sua formação acadêmica, nas áreas de física e economia. Foi em 2019, depois de trabalhar por 20 anos como jornalista, inclusive na Folha de S.Paulo, onde editou por anos o Painel do Leitor, que o doutor em ciência política publicou sua primeira obra de poesia, “Cartas da Alteridade”.
“Resolvi publicar e me dedicar à poesia e à literatura como se deve, com a intensidade e o comprometimento de artesão”, diz o poeta de 61 anos.
A produção literária de Cielici é fruto de suas experiências pessoais e profissionais. “O que vivi é meu material de trabalho”, afirma. Seu conhecimento consolidado da norma culta da linguística foi o que o permitiu fazer uso de variações, alterar funções de palavras e retirar acentuações em prol da sonoridade.
O termo “languagem” expressa um artesanato de linguagem, é um mergulho erudito nas palavras e seus significados, mas também é uma contravenção, de acordo com Cielici. Ele cunhou a expressão para significar uma “vagabundagem” que preza pelo humor e vai contra a caretice.
Ao ser questionado se é a poesia que permite essa liberdade de “languagem”, o autor diz que a liberdade está em quem escreve. “Penso que se possa ser livre e criativo tanto em prosa como em poesia”, afirma.
Cielici preza por sua autenticidade e voz própria. Ele diz que só teve vontade de publicar seus escritos quando chegou à impressão de que seu texto não se assemelhava à produção de nenhum outro escritor, nem mesmo dos que ele admira.
O linguista Pasquale Cipro Neto, que foi colunista deste jornal e assina a orelha do livro, explica “languagem” como a subversão da linguagem e celebra a obra de Cielici por sua criatividade. Pois, como escreve na aba, “subversão sem criatividade é simplesmente um equívoco”.
LANGUAGEM
Preço: R$ 69 (148 págs.)
Autoria: Edney Cielici Dias
Editora: Iluminuras
ISADORA LAVIOLA / Folhapress