Einstein, Sírio e Rede D’Dor mais do que dobram atendimento por dengue em uma semana

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em uma semana, mais do que dobrou o número de pessoas com suspeita de dengue que buscaram os prontos-socorros de hospitais como Albert Einstein, Sírio-Libanês e Rede D’Or, maior grupo hospitalar privado do Brasil.

O número de internações por dengue no setor privado também já começa a subir, segundo pesquisa do SindHosp (Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo) divulgada nesta sexta (9). Em 91 hospitais particulares paulistas, a alta foi de 80%.

Nos pronto-atendimentos das unidades privadas do Einstein em São Paulo, o aumento de casos foi de 67%. Entre 21 e 27 de janeiro, foram 70 pacientes atendidos, contra 117, entre os dias 28 de janeiro e 3 de fevereiro. Nos últimos dias, entre 4 e 8 de fevereiro, já foram mais 79 pacientes.

Nesta sexta, cinco pessoas estavam internadas no Einstein devido à dengue.

Em 69 unidades da Rede D’Or em todo o país, a alta de atendimentos foi de 56%. Passou de 3.844 casos na última semana de janeiro, para 6.005 na primeira semana de fevereiro. Nesta quinta (8), o grupo tinha 59 pacientes internados com dengue.

No Hospital Sírio-Libanês, o número de pacientes diagnosticados com a doença nesse período cresceu de 11 para 23. Houve uma internação.

Em razão do aumento de casos, os hospitais estão adaptando seus processos e fluxos para ampliar a capacidade do pronto-atendimento.

“O aumento era esperado em razão do cenário epidemiológico atual. Já acionamos um plano de contingência, e estamos estruturando os hospitais da rede para atender à demanda crescente”, diz David Uip, diretor nacional de infectologia da Rede D’Or.

O Sírio-Libanês está se preparando para diferentes cenários. Nesse primeiro momento, a prioridade é ampliar a capacidade de diagnóstico rápido (hemograma, por exemplo) das pessoas que procuram o pronto-socorro com sintomas de dengue.

“Desde a triagem, se a pessoa estiver com suspeita de dengue, ela já vai começar a hidratação via oral. Estamos planejando a distribuição de garrafas de água”, diz Maura Salaroli de Oliveira, gerente médica de controle de infecção hospitalar do Sírio. O hospital também deve aumentar o número de poltronas de hidratação dentro do pronto-socorro.

Outra frente estará focada nos eventuais pacientes com dengue grave que vão demandar internação. “Temos um time de resposta rápida dentro do hospital para aumentar rapidamente o giro de leitos.”

Nesta semana, o Sírio também fez um treinamento técnico de todos os plantonistas, como médicos, enfermeiros e outros profissionais, para estarem atentos aos sinais de gravidade da doença.

O Hospital Alemão Oswaldo Cruz montou um comitê de crise para definir critérios para expansão de espaços de atendimento aos pacientes com suspeita de dengue.

“O maior impacto é no pronto-atendimento, o paciente que chega, precisa de avaliação, hidratação e reavaliação”, explica Filipe Piastrelli, coordenador do serviço de controle de infecção hospital da instituição.

Ele diz que, embora o número absoluto de casos de dengue confirmados até agora ainda não comprometa o fluxo do pronto-atendimento, o aumento do percentual é alto se comparado aos piores anos de epidemia da doença.

Em janeiro de 2016, por exemplo, foram dez casos confirmados. No mês passado, foram 56 dentro de um total de 143 casos suspeitos atendidos no hospital. Mas, para ele e outros especialistas ouvidos pela Folha, o pior ainda está por vir.

“O pico [da epidemia] deve ser entre a segunda quinzena de abril e a primeira de maio. A gente nunca começou tão mal um ano, em termos de número de casos de dengue, e a perspectiva é preocupante.”

Segundo Piastrelli, para as próximas semanas, a previsão é que sejam necessárias mais equipes e mais espaços para hidratação. “A preocupação maior é de área e de fluxo rápido de atendimento no PA [pronto atendimento] para que não se perca um tempo precioso na identificação de pacientes com sinais de alarme.”

Entre esses sinais estão dor abdominal persistente e intensa, vômitos, sinais de cansaço, alterações neurológicas e nos exames sorológicos. Nos anos anteriores, a taxa de pacientes que passam pelo pronto-atendimento e vão precisar de internação é de 5%. Por ora, não está prevista a expansão do número de leitos.

Até esta sexta, o Brasil registrava um total de 395.103 casos prováveis de dengue, com 53 óbitos confirmados. A Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde fez uma projeção de 4,2 milhões de casos de dengue no país em 2024.

Outras preocupação dos hospitais é que, com as aglomerações no Carnaval, possa haver também um aumento expressivo de casos de Covid, e que isso sobrecarregue ainda mais as emergências.

“A gente tem esse receio de haver essas duas coisas concomitantes porque já tivemos um aumento discreto de casos leves de Covid no pronto-socorro”, diz Maura Oliveira, do Sírio. Caso isso ocorra, o hospital deverá ter fluxos separados para atender pacientes com Covid e com dengue.

CLÁUDIA COLLUCCI / Folhapress

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