SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O empresário Adriano Domingues da Costa investigado por atirar contra um carro ocupado por um casal em uma estrada paulista na tarde de sexta-feira (14) segue sendo procurado pela Polícia Civil, segundo a Secretaria da Segurança Pública.
O advogado Luiz Carlos Tucho de Souza e Castro Valsecchi, que defende Costa, nega que seu cliente esteja foragido, como classifica a pasta. Ele afirmou ter conversado nesta segunda-feira (17) com um delegado de Itapetininga (interior de São Paulo) sobre a apresentação de seu cliente.
“Combinei com ele a apresentação do Adriano, numa data que eu acertei com ele. Ele vai se apresentar, portanto, o Adriano não está fugindo de ninguém, a arma vai ser devolvida, o Adriano vai prestar o depoimento”, disse.
O empresário foi filmado atirando contra um Chevrolet Tracker após uma colisão seguida de briga de trânsito na rodovia Castelo Branco, na altura de Boituva (no interior de São Paulo).
Segundo Valsecchi, os ocupantes do veículo alvo dos tiros não denunciaram seu cliente. “Soube, examinando os autos, que este inquérito policial não foi instaurado a pedido da vítima. Isso é bastante relevante, porque a vítima sequer se mobilizou para pedir a proteção do Estado ou denunciar isso ao Estado. A vítima ficou silente. Depois de tudo aquilo, foi para casa. Quem pediu a instauração do inquérito policial foi o próprio delegado”.
Conforme a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), o carro e o passaporte do suspeito foram apreendidos neste final de semana, nas cidades de Piraju e Mairiporã, respectivamente, e diligências são realizadas para localizá-lo.
A Secretaria da Segurança Pública disse que as vítimas que estavam no carro baleado ainda serão ouvidas.
Parte da ação foi registrada em vídeos. Em um deles, Costa desce de um automóvel com uma arma nas mãos. Ele, que está acompanhado por uma mulher, caminha até o lado passageiro do carro em que estava o casal, desfere uma coronhada no vidro e pergunta o que eles querem. Ele e a mulher então retornam para o carro em que estavam.
Um segundo vídeo mostra Costa, já em um outro trecho da estrada, seguindo novamente em direção ao veículo do casal. Nesse instante a mulher está em contato com a central da Polícia Militar e narra o que acontece, sendo orientada pela atendente a não abaixar o vidro. Costa efetua ao menos cinco tiros. Um deles trinca o vidro dianteiro. O automóvel em que o casal estava é blindado.
Após os disparos o homem retorna para o carro em que estava. O vídeo encerra com o automóvel do casal acompanhando o do atirador.
Ambas as partes envolvidas narram versões divergentes sobre o que teria antecedido os disparos.
“Ele foi perseguido numa rodovia, jogaram o carro para cima do carro dele. Ele tentou fugir, o perseguidor estourou uma cancela de um pedágio, ficou atrás dele o tempo todo, imagens da concessionária vão demonstrar isso, e até que chegou no momento que ele parou e tirou a arma para fora”, disse Valsecchi.
“Depois que a coisa esquentou, ele, tendo a arma, fez essa bobagem. Não tivesse a arma, talvez estivesse morto também, não se sabe até onde o cara iria com essa perseguição”, acrescentou o advogado.
Já a advogada Náyara Souza, que defende o casal William dos Santos Isidoro, 36, e Gabrielle Martinez Gimenez, 29, que estavam no veículo que recebeu os tiros, relatou no domingo (16) que Costa bateu no veículo de seus clientes e não parou para resolver a questão de forma amigável.
“Houve uma ultrapassagem pela direita por parte do veículo Hilux, atingindo o veículo dos meus clientes na parte lateral direita. Após meus clientes pediram para o atirador parar no acostamento para resolver a questão de forma amigável, ele começou a xingar e dizer que não ia parar que a culpa era dos meus clientes por ele ter batido”, disse a advogada.
“Depois de alguns quilômetros eles pararam no acostamento o condutor da Hilux já saiu com arma em punho dando uma coronhada no vidro direito entrou no carro e evadiu-se. Alguns quilômetros mais à frente pararam novamente no acostamento momento em que o condutor da Hilux saiu novamente com a arma em punho gritando e fez os disparos”, acrescentou.
QUEM É ADRIANO DOMINGUES DA COSTA
Adriano Domingues da Costa se identifica em uma rede social (no momento desativada) como sócio de uma empresa de aluguel de móveis, como armários, mesas e cadeiras para eventos. O comércio tem sede na capital paulista e possui mais de 20 anos.
PAULO EDUARDO DIAS / Folhapress