SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Terminou de maneira apropriada a vitoriosíssima passagem de Arthur Elias pelo Corinthians. Em sua última partida à frente do time feminino do clube, celebrou a conquista da Copa Copa Libertadores do jeito mais apreciado pela torcida alvinegra: com sofrimento até o fim e triunfo sobre o arquirrival Palmeiras, abatido por 1 a 0 no estádio Pascual Guerrero, em Cali.
Foi o 16º título em preto e branco do treinador, agora comandante da seleção brasileira. Anunciado pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) em 1º de setembro, o paulistano de 42 anos vinha se dividindo entre suas responsabilidades na equipe do Parque São Jorge e na formação nacional. A partir de agora, trabalha só para o grupo verde-amarelo.
Antes, tinha mais uma taça para erguer, o que conseguiu graças a bom chute de Millene, aos 29 minutos do primeiro tempo. O Corinthians ficou com uma jogadora a menos aos 23 minutos da etapa final, quando Tarciane recebeu cartão vermelho. Aí, foi necessário contar com ótimas defesas de Lelê para festejar.
A formação alvinegra agora é tetracampeã da competição, com os quatro troféus levantados sob comando de Arthur Elias. Contratado em 2016, quando o clube tinha uma parceria com o Audax, ele ainda liderou a agremiação na conquista de cinco edições do Campeonato Brasileiro, três do Campeonato Paulista, duas da Supercopa do Brasil, uma da Copa Paulista e uma da Copa do Brasil.
Foram 327 partidas, com 258 vitórias, 44 empates e apenas 25 derrotas em quase oito anos. E o último dos triunfos foi especial para o técnico. Estava no outro banco de reservas Ricardo Belli, que questionou a primeira convocação de Elias na seleção, com nove atletas do Corinthians. Arthur chamou a declaração de “lamentável” e observou: “Nunca nos venceu”.
Arthur riu por último na Colômbia, onde foi realizada a Libertadores, e fez declarações de amor aos torcedores. Quando concedia entrevista em espanhol na transmissão oficial da decisão, não resistiu a um palavrão e afirmou: “A Fiel é f…”. Às gargalhadas, explicou: “É uma expressão brasileira, o pessoal vai entender”.
Em tom mais sério, observou que o público se aproximou do time feminino do Corinthians nos últimos anos. Ele parte com “um sentimento de dever cumprido” e espera que a modalidade continue crescendo no clube do Parque São Jorge e no futebol brasileiro como um todo, busca na qual terá papel importante.
“A gente tinha uma missão aqui, que sempre foi conquistar cada vez mais torcedores, porque o Corinthians tem mais de 30 milhões de torcedores fanáticos, e as mulheres, atletas, com tanta dedicação e honrando essa camisa, conquistaram muitos deles. Que venham mais. Só tenho que agradecer o apoio”, disse.
Segundo Elias, o sentimento geral seria positivo mesmo sem vitória no adeus, “mas claro que ganhar é sempre bom”, ainda mais em cima do time arqui-inimigo, dirigido por um desafeto. “Nunca imaginaria que fecharia toda a trajetória no Corinthians como foi: contra um clube rival, uma grande equipe”.
MARCOS GUEDES / Folhapress