PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – A modelo e influenciadora Ellen Milgrau trocou as casas de acumuladores, nas quais costuma fazer faxina, por residências afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul.
Ela e uma equipe de voluntários comandaram nesta semana a limpeza de casas em Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Eldorado do Sul.
À Folha de S.Paulo ela relata que a limpeza de uma casa que ficou submersa é muito mais pesada. Entre os desafios enfrentados a influenciadora relata a ausência do poder público e as condições precárias de locais que ainda sofrem com falta de água.
“Como é que faz faxina sem água? A gente faz a limpeza grossa para as pessoas conseguirem fazer suas reformas e terem a esperança de um recomeço”, disse Ellen, que nesta quinta-feira (12) esteve no Sarandi, o bairro mais afetado pela cheia na capital gaúcha, para ajudar moradores.
Em meio à previsão de fortes chuvas para este fim de semana, a influenciadora afirma que a sensação é de estar “enxugando gelo”, uma vez que ela, moradores e voluntários retiram objetos e móveis de dentro das casas e os colocam na rua, mas com a previsão de chuva o trabalho pode ser perdido.
“Eu não tinha tanta informação de como está a situação agora, as pessoas abafaram, influenciadores pararam de postar. Não tem mais resgate humano, mas falta ajuda para as pessoas voltarem às casas dela”, disse ela, que recentemente criticou a atuação de influenciadores digitais diante da tragédia.
“Cadê aquele povo blogueiro que veio aqui fazer turismo para ajudar agora?”, indagou ela, que é de São Paulo.
Ellen Milgrau participa da faxina em conjunto com a plataforma Meu Lar de Volta, que conecta voluntários com quem precisa de ajuda para limpar a casa. Atualmente a plataforma conta com 22 mil pedidos de ajuda e 19 mil voluntários –à frente do Meu Lar de Volta, Felipe Menezes, afirma que no início da tragédia o número de quem se dispunha a ajudar era superior ao de quem precisava de ajuda.
A queda na quantidade de pessoas que se dispõem a ajudar é relatada por outros envolvidos nos trabalhos de limpeza e reconstrução. Gustavo Trindade, à frente da plataforma Transforma Brasil, afirma que notou queda de 80% no número de pessoas dispostas a ajudar a partir do 20º dia.
“A desmobilização é forte. As pessoas precisam voltar a estudar, trabalhar, além disso, ficam sensibilizadas. Isso cansa tanto mentalmente como psicologicamente”, diz. Ele calcula que alguns centros de distribuição que trabalharam cerca de 2.000 pessoas no pico de tragédia hoje operam com 50.
A plataforma então tenta oferecer benefícios para que voluntários continuem ajudando, ele diz, como certificado de banco de horas que pode ser apresentado em universidades. “Apesar de ter passado o susto inicial, de pessoas presas no telhado, estamos na fase de reconstrução e vamos precisar de voluntários.”
Como ajudar na limpeza:
Meu Lar de Volta
A plataforma programa para o dia 23 de junho um mutirão de faxina em Porto Alegre, nos bairros Humaitá e Vila Farrapos.
Transforma Brasil
A plataforma conecta voluntários com quem precisa de ajuda. Para este sábado (15) estão agendados dois mutirões de limpeza em casas afetadas e outro mutirão para ajudar no centro de distribuição da Defesa Civil.
ISABELLA MENON / Folhapress