PUGLIA, ITÁLIA (FOLHAPRESS) – A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, abriu na manhã desta quinta-feira (13) os trabalhos da reunião de cúpula do G7, que ocorre até sábado (15) em Borgo Egnazia, na Puglia, no sul. Sorridente, Meloni acolheu um a um os líderes dos sete países do grupo, que representam algumas das economias mais ricas do mundo, por volta das 11h (6h de Brasília).
Além de Joe Biden (Estados Unidos) que chegou com 20 minutos de atraso, Emmanuel Macron (França), Olaf Scholz (Alemanha), Rishi Sunak (Reino Unido), Fumio Kishida (Japão) e Justin Trudeau (Canadá), foram recebidos pela primeira-ministra os presidentes das instituições europeias Ursula Von der Leyen e Charles Michel.
As primeiras sessões desta quinta incluíram debates sobre o continente africano um dos assuntos elencados como prioritários pela presidência italiana, mudança climática e desenvolvimento. Em seguida, viria o tema da guerra Israel-Hamas.
A principal sessão do dia é dedicada à Ucrânia, na parte da tarde, com a participação do primeiro convidado, o presidente Volodimir Zelenski.
Espera-se que os líderes formalizem a proposta americana de utilizar os bens russos congelados principalmente em países da Europa como forma de viabilizar um novo aporte financeiro para Kiev. As conversas avançaram nas últimas horas, com o acerto de detalhes técnico-jurídicos, e a expectativa é de que o anúncio seja feito durante a cúpula e que conste do documento final.
“O G7 assumiu um papel insubstituível na gestão das crises globais, especialmente aqueles que põem em perigo liberdade e democracia”, disse Meloni ao iniciar a sessão.
Na sexta (14), outros líderes participam do encontro, como o papa Francisco e os presidentes do Brasil, Índia e Turquia respectivamente, Luiz Inácio Lula da Silva, Narendra Modi e Recep Tayyip Erdogan. A sessão será principalmente sobre inteligência artificial, energia, África e Mediterrâneo. Segundo o Itamaraty, a fala de Lula deverá espelhar temas da presidência brasileira do G20, como o combate à fome.
Ainda no discurso de abertura, Meloni afirmou que uma prioridade italiana é valorizar o diálogo com todos. “O G7 não é uma fortaleza fechada em si mesma, que deve se defender de alguém. É uma oferta de valores que nós abrimos ao mundo para ter como objetivo um desenvolvimento compartilhado”, disse.
Além do ápice que representa a reunião de cúpula para o esforço de pragmatismo internacional de Meloni, ela também recebe os líderes em bom momento político, após o desempenho nas eleições para o Parlamento Europeu.
O partido da primeira-ministra ficou com 28,8% dos votos na Itália, pouco acima do percentual obtido em 2022, quando foi eleita. Nos cumprimentos cerimoniais desta manhã, seu sorriso era um contraste evidente com o ar sóbrio de Macron, cujo partido recebeu a metade dos votos da oposicionista Marine Le Pen.
Outro europeu derrotado foi o alemão Scholz, que amargou um terceiro lugar. Fora da União Europeia, Sunak também deve enfrentar um revés eleitoral quando o Reino Unido for às urnas, em 4 de julho.
“A Itália se apresenta no G7 e na Europa com o governo mais forte de todos. É uma satisfação, mas também uma responsabilidade”, disse a italiana ao comemorar os resultados, no domingo.
Longe das câmeras, os bastidores da conversas sobre o documento final esbarraram em um ponto de desencontro entre Roma, Paris e Berlim.
Segundo a imprensa italiana, diplomatas da França e da Alemanha acusam a Itália de ter atuado para retirar do rascunho do documento final uma referência ao acesso ao aborto seguro e legal. O governo Meloni desmentiu e disse que as negociações sobre o texto final estão andamento.
MICHELE OLIVEIRA / Folhapress