Em ato em SP, movimento negro pede obrigatoriedade de câmeras corporais contra violência policial

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – ‘Parem de nos matar!’, clamavam manifestantes em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo), na avenida Paulista, no início da noite desta quinta-feira (24), em ato convocado para reagir a casos recentes de violência policial e a episódios como o assassinato da líder quilombola Maria Bernadete Pacífico, na Bahia.

O protesto faz parte de um conjunto de manifestações organizadas em diversas cidades do país, como Salvador e Rio de Janeiro.

O protesto na Paulista foi conduzido por líderes religiosos de matriz africana. Com cânticos em iorubá e sob salva de palmas, o protesto foi marcado por fortes discursos contra a violência.

Enquanto entoava uma das canções, a professora universitária Clara Sanches, 43, chorava. “Não sei o que dizer. É uma vida muito triste para o povo preto do Brasil. Para que tanto sangue derramado?”, questionou.

Mais lágrimas escorriam aqui e ali quando Regina Lúcia, 67, do Movimento Negro Unificado, assumiu o microfone.

“O Estado brasileiro não tem o direito de nos matar como se fôssemos baratas. O povo negro deve viver. As crianças negras devem viver. Não quero mais derramar lágrimas sobre corpos”, disse.

Uma lista com 11 exigências feitas pelos organizadores foi lida e distribuída aos manifestantes: “Já faz tempo que passamos de todos os limites no que diz respeito aos massacres, chacinas e execuções promovidas pelo Estado, pelo crime organizado e pela violência civil generalizada. Basta!”, dizia o texto.

Entre as reivindicações apresentadas no documento está um pedido para que o Congresso Nacional torne obrigatória a presença de câmeras corporais em uniformes de agentes de segurança pública e segurança privada, em todos os níveis e em todo o país.

Pede também que sejam proibidas operações policiais “com caráter de vingança”.

“Que o Supremo Tribunal Federal proíba operações policiais reativas (com caráter de vingança) a assassinato de policiais e operações invasivas e em comunidades sob pretexto do combate ao tráfico de drogas, com base no precedente da ADPF 635 das Favelas e nas proposições da ADPF 973 das Vidas Negras”, diz trecho do documento.

O movimento solicitou, ainda, um plano nacional de reparação para vítimas do Estado e seus familiares e a federalização de todos os casos de assassinatos, execuções e/ou chacinas e massacres resultantes de incursão policial. Também solicitam o fortalecimento dos mecanismos de prevenção e punição à tortura.

Pediu também, ao Congresso e ao STF, a “construção de uma política de drogas que seja fundamentada em evidências científicas” e na garantia dos direitos humanos e individuais, bem como na redução de danos.

Outro item da pauta de reivindicações é o reconhecimento dos terreiros como espaços do sagrado e a titulação dos territórios quilombolas no Brasil.

BRUNO LUCCA / Folhapress

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