Em campanha marcada por atentado, Engenheiro Daniel é eleito em Taboão da Serra

SÃO PAULO E TABOÃO DA SERRA, SP (FOLHAPRESS) – O candidato Engenheiro Daniel (União Brasil), 40, foi eleito prefeito de Taboão da Serra (SP) neste domingo (27), derrotando o prefeito Aprígio (Podemos) no segundo turno das eleições municipais, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Com 84,65% das urnas apuradas, Daniel tem 65,11% dos votos válidos e não pode mais ser alcançado por Aprígio, que tem 34,89%.

O Datafolha havia projetado a vitória de Daniel às 18h02, quando 63% das urnas estavam apuradas. Para projetar a vitória de um candidato, o Datafolha acompanha a apuração divulgada pelo TSE e, por meio de um sistema próprio, calcula o resultado considerando o peso que cada zona eleitoral tem em relação ao total de eleitores da cidade.

O eleito já tinha alcançado uma confortável vantagem no primeiro turno, quando angariou 48,98% dos votos, contra 25,93% do rival.

A campanha em Taboão foi marcada pelo atentado a tiros sofrido por Aprígio em 18 de outubro, pouco antes da votação da segunda rodada. O atual prefeito foi atingido na região da clavícula e ficou internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Aprígio recebeu alta na noite deste sábado (26), véspera da votação, depois de passar por uma cirurgia para remoção de três fragmentos de bala. Chorando muito, chegou ao local de votação às 12h46, escoltado por quatro carros da PM. Ele foi colocado em uma cadeira de rodas para ir à seção eleitoral.

“É muito constrangedor, muito constrangedor”, disse ele, num momento em que conseguiu se recompor e falar com a imprensa.

Na quinta-feira (24), a Polícia Civil disse ter identificado quatro suspeitos, três diretamente envolvidos no ataque. Um deles foi preso.

Daniel prestou solidariedade e anunciou uma pausa na campanha até a prisão dos suspeitos do crime e a recuperação do adversário. Apesar disso, na quarta-feira (23) ele retomou as agendas de rua.

O candidato ainda difundiu em suas redes sociais um vídeo em que o jornalista Alexandre Garcia põe em dúvida o ataque a Aprígio, questionando “a quem interessa” o atentado.

Daniel contou com uma chapa composta por sete partidos para chegar à prefeitura. Apesar de ter em sua coligação o Republicanos do governador Tarcísio de Freitas, ele não recebeu apoio explícito do correligionário.

A disputa em Taboão foi um replay das eleições de 2020, quando Aprígio venceu Daniel com uma virada no segundo turno por uma margem apertada: apenas 1.700 votos a mais que o adversário, em um universo de 153 mil eleitores.

Nascido na capital paulista em 1983, Daniel Bogalho é engenheiro civil de formação.

Ele foi candidato pela primeira vez em 2020, quando concorreu à Prefeitura de Taboão da Serra pelo PSDB e foi derrotado por Aprígio.

Em 2022, foi candidato a deputado estadual pelo Republicanos, mas ficou com a suplência. Após a derrota em 2020, assumiu a secretaria de Obras da cidade de Embu das Artes, na gestão de Ney Santos (Republicanos), cargo que ocupou até este ano.

O prefeito de Embu das Artes ocupou um lugar de destaque nas eleições deste ano em Taboão.

Aprígio acusava Ney Santos de querer intervir na política local da cidade e Ney aparecia em materiais da campanha de Daniel chamando a gestão do prefeito pelo Podemos de “pior da região”.

Ney já foi investigado sob suspeita de elo com o PCC (Primeiro Comando da Capital), o que ele sempre negou. Ele também já foi condenado por formação de quadrilha e receptação, em 1999, e por assalto a carro-forte, em 2003.

Daniel defendeu o padrinho em sabatina do segundo turno realizada pelo portal G1. “[A investigação] foi arquivada justamente por falta de provas. Conheci o Ney prefeito e afirmo para você que nos últimos quatro anos foi o melhor prefeito de toda a região”, afirmou.

BRUNO XAVIER E MAURÍCIO MEIRELES / Folhapress

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