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Em ‘Die My Love’, Jennifer Lawrence volta a debater maternidade em Cannes

CANNES, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Lynne Ramsay tem um cinema de lenta digestão, que costuma polarizar o público. Seu mais novo filme, que concorre à Palma de Ouro neste Festival de Cannes, não é diferente.

Na verdade, talvez seja o mais complexo nesse sentido, já que temas fortes se alternam na tela numa rapidez e visceralidade que são difíceis de assimilar.

Por isso, boa parte do êxito de “Die My Love” -algo como “morra, meu amor”- se deve aos protagonistas Robert Pattinson e Jennifer Lawrence, esta num trabalho que deve lhe tornar candidata ao prêmio de atriz do festival.

Eles vivem um casal apaixonado, com algo de animalesco em sua relação. Se amam e fazem sexo de forma violenta, intensa, muito particular. Mas tudo muda quando o filho nasce.

Aos poucos, o aspirante a roqueiro e a potencial escritora deixam a insubordinação que regem sua filosofia de vida rumo à ideia de família convencional. Quando ele chega em casa com um cachorro, é o fim para ela, que se entrega à depressão pós-parto.

Mais uma vez para Ramsay, diretora de “Precisamos Falar Sobre o Kevin”, e para Lawrence, vencedora do Oscar por “O Lado Bom da Vida” e estrela de “Mãe!”, maternidade e saúde mental estão no centro do debate.

Juntas, elas questionam a ideia de instinto materno, de forma crua e gráfica, o que certamente não agradará a todos. Também está em jogo aquilo que as mulheres, mais do que os homens, abrem mão quando os filhos chegam.

Outra diretora na corrida pela Palma de Ouro é a japonesa Chie Hayakawa, em seu segundo longa-metragem.

Seu gosto por aberturas impactantes e violentas pode até nos levar a acreditar que existe uma aproximação com o cinema da britânica, absolutamente visceral, mas as comparações param nas primeiras cenas.

Hayakawa já havia mostrado sua capacidade de aliar a agressividade reprimida de seus personagens a uma narrativa delicada, intimista, que se torna muito mais contemplativa após um primeiro momento de ação pungente.

Foi assim com “Plano 75” e o chocante assassinato de idosos que o abre, por um suicida que quer ajudar o Japão a se livrar do problema de uma população em envelhecimento. E é também com “Renoir”, que põe uma garotinha sendo estrangulada na tela logo no início.

Há um assassino em série à solta, e após ficar sabendo da notícia, a pequena protagonista fantasia com a ideia de ser sua próxima vítima.

Aqui também temos algum tipo de questionamento à maternidade, mesmo que esta não seja a principal preocupação do filme. A mãe de Fuki, afinal, tem pouco tempo e cuidado para ela, pois se divide entre o emprego e o tratamento do marido, internado devido a um câncer agressivo.

“Renoir” toma o lado de Fuki, mas também de personagens ao redor, ao fazer um retrato da solidão e da depressão, mais um problema que historicamente abala o Japão.

Dos filmes da seleção de Cannes até agora, “Die My Love” e “Renoir”, curiosamente ambos dirigidos por mulheres, são os que mais devem gerar reações contrastantes.

LEONARDO SANCHEZ / Folhapress

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