Em meio a demonstração de força de Trump, Partido Republicano recupera controle do Senado

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Depois de perder sua maioria em 2020, os republicanos vão recuperar o controle do Senado pelos próximos dois anos, projetou a agência de notícias AP (Associated Press) nesta quarta-feira (6). O partido já elegeu 13 senadores, chegando a um total de 51, mínimo necessário para uma maioria na Casa. Isso porque 38 cadeiras já nas mãos de republicanos não estavam em disputa.

Dessa forma, se o ex-presidente Donald Trump vencer a eleição presidencial, como parece ser provável neste momento com as vitórias nos estados-pêndulo da Geórgia e da Carolina do Norte, o republicano pode ter ao seu dispor uma maioria nas duas Casas legislativas, uma vez que pesquisas eleitorais apontavam vitória republicana também na Câmara dos Representantes.

Os democratas, por sua vez, também elegeram 13 senadores, além do independente Bernie Sanders, que costuma votar com o partido da vice-presidente Kamala Harris. Com isso, estão com 42 cadeiras na Casa.

A vitória do Partido Republicano se deu graças a duas corridas em particular: em Ohio, o senador democrata Sherrod Brown, no cargo desde 2007, foi derrotado pelo republicano Bernie Moreno, empresário do ramo de automóveis de luxo. A derrota de Brown mostra que Ohio se tornou um estado cada vez mais republicano —ele também é representado no Senado pelo vice de Trump, J.D. Vance.

Moreno, nascido em Bogotá, na Colômbia, é um apoiador de Trump e fortemente contrário à legalização do aborto, e já se disse ser favorável a uma proibição sem exceções em casos de estupro ou risco à vida da mulher, embora tenha recuado dessa posição durante a campanha. Também afirmou que ativistas do movimento LGBTQIA+ buscam impor uma “cartilha de doutrinação” nas escolas, e apoia o plano de Trump de deportar milhões de imigrantes dos EUA.

A outra corrida que definiu a vitória republicana foi na Virgínia Ocidental. Depois que o senador Joe Manchin III, parte da ala mais à direita do Partido Democrata, deixou a agremiação e disse que não buscaria um novo mandato, sua cadeira no Senado foi capturada com facilidade pelo atual governador do estado, o republicano Jim Justice.

Justice, milionário dono de minas de carvão, é um defensor do uso do combustível fóssil, dizendo que “não é o momento” dos EUA abandonarem formas de energia poluentes. O agora senador também já disse não acreditar na existência do aquecimento global ou de mudanças climáticas. Como governador, assinou uma lei que baniu o aborto no seu estado, após a derrubada do direito pela Suprema Corte em 2022, com exceções para estupro e incesto.

O senador John Barrasso, um dos republicanos mais importantes do Congresso e reeleito no Wyoming, disse ao jornal The New York Times que “os eleitores depositaram sua confiança no Partido Republicano e nos deram uma oportunidade extraordinária. Com essa nova maioria, podemos manter o foco em prioridades que reflitam as do país: diminuir o custo de vida, menos gasto estatal, fronteiras seguras, e controle americano do mercado de energia”.

Os republicanos também tiveram uma vitória importante no Texas. O senador Ted Cruz, no cargo desde 2013 e ex-candidato à nomeação republicana para presidente, conseguiu manter sua cadeira contra o candidato democrata Colin Allred, que havia recebido financiamento considerável de seu partido na tentativa de derrotar Cruz. O republicano é uma das figuras mais controversas de seu partido e já havia vencido outra corrida acirrada em 2018, contra o democrata Beto O’Rourke.

De acordo com projeções, o Partido Republicano também deve vencer corridas para o Senado nos estados-pêndulo de Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, refletindo o bom desempenho de Trump nessas unidades federativas até aqui.

Se isso se concretizar, os republicanos podem ter uma maioria de 55 cadeiras na Casa, a maior desde 2004, quando os republicanos obtiveram controle sólido do Senado nas primeiras eleições presidenciais após o atentado do 11 de setembro de 2001.

Em uma das poucas boas notícias da madrugada, os democratas conseguiram manter uma cadeira em Maryland com a vitória de Angela Alsobrooks, que derrotou o ex-governador republicano Larry Hogan e se tornou a primeira mulher negra a representar esse estado no Senado. Em Delaware, a democrata Lisa Rochester, que também é negra, venceu a sua corrida —será a primeira vez que a Casa terá duas mulheres negras como membros ao mesmo tempo.

VICTOR LACOMBE / Folhapress

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