Em meio a demonstração de força de Trump, Partido Republicano recupera controle do Senado

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Depois de perder sua maioria em 2020, os republicanos vão recuperar o controle do Senado pelos próximos dois anos, projeta a agência de notícias AP (Associated Press). O partido, que já ocupava 38 cadeiras que não estavam em disputa, elegeu até o momento 14 senadores. Tem, assim, 52 assentos —o mínimo necessário para maioria na Casa é 51.

Pesquisas eleitorais apontam para uma provável vitória republicana também na Câmara dos Representantes. Com isso, pode ser que o ex-presidente Donald Trump, eleito presidente na madrugada desta quarta-feira (6), tenha ao seu dispor uma maioria nas duas Casas legislativas.

Os democratas, por sua vez, elegeram 13 senadores, além do independente Bernie Sanders, que costuma votar com o partido da vice-presidente Kamala Harris. Têm, desse modo, 42 cadeiras na Casa.

A vitória do Partido Republicano se deu graças a duas corridas em particular: em Ohio, o senador democrata Sherrod Brown, no cargo desde 2007, foi derrotado pelo republicano Bernie Moreno, empresário do ramo de automóveis de luxo. A derrota de Brown mostra que Ohio se tornou um estado cada vez mais republicano —ele também é representado no Senado pelo vice de Trump, J.D. Vance.

Moreno, nascido em Bogotá, na Colômbia, é um apoiador de Trump e fortemente contrário à legalização do aborto, e já se disse ser favorável a uma proibição sem exceções em casos de estupro ou risco à vida da mulher, embora tenha recuado dessa posição durante a campanha. Também afirmou que ativistas do movimento LGBTQIA+ buscam impor uma “cartilha de doutrinação” nas escolas, e apoia o plano de Trump de deportar milhões de imigrantes dos EUA.

A outra corrida que definiu a vitória republicana foi na Virgínia Ocidental. Depois que o senador Joe Manchin III, parte da ala mais à direita do Partido Democrata, deixou a agremiação e disse que não buscaria um novo mandato, sua cadeira no Senado foi capturada com facilidade pelo atual governador do estado, o republicano Jim Justice.

Justice, milionário dono de minas de carvão, é um defensor do uso do combustível fóssil, dizendo que “não é o momento” dos EUA abandonarem formas de energia poluentes. O agora senador também já disse não acreditar na existência do aquecimento global ou de mudanças climáticas. Como governador, assinou uma lei que baniu o aborto no seu estado, após a derrubada do direito pela Suprema Corte em 2022, com exceções para estupro e incesto.

O senador John Barrasso, um dos republicanos mais importantes do Congresso e reeleito no Wyoming, disse ao jornal The New York Times que “os eleitores depositaram sua confiança no Partido Republicano e nos deram uma oportunidade extraordinária. Com essa nova maioria, podemos manter o foco em prioridades que reflitam as do país: diminuir o custo de vida, menos gasto estatal, fronteiras seguras, e controle americano do mercado de energia”.

Os republicanos também tiveram uma vitória importante no Texas. O senador Ted Cruz, no cargo desde 2013 e ex-candidato à nomeação republicana para presidente, conseguiu manter sua cadeira contra o candidato democrata Colin Allred, que havia recebido financiamento considerável de seu partido na tentativa de derrotar Cruz. O republicano é uma das figuras mais controversas de seu partido e já havia vencido outra corrida acirrada em 2018, contra o democrata Beto O’Rourke.

De acordo com projeções, o Partido Republicano também deve vencer corridas para o Senado nos estados-pêndulo de Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, refletindo o bom desempenho de Trump nessas unidades federativas até aqui.

Se isso se concretizar, os republicanos podem ter uma maioria de 55 cadeiras na Casa, a maior desde 2004, quando os republicanos obtiveram controle sólido do Senado nas primeiras eleições presidenciais após o atentado do 11 de setembro de 2001.

Em uma das poucas boas notícias da madrugada, os democratas conseguiram manter uma cadeira em Maryland com a vitória de Angela Alsobrooks, que derrotou o ex-governador republicano Larry Hogan e se tornou a primeira mulher negra a representar esse estado no Senado. Em Delaware, a democrata Lisa Rochester, que também é negra, venceu a sua corrida —será a primeira vez que a Casa terá duas mulheres negras como membros ao mesmo tempo.

VICTOR LACOMBE E CLARA BALBI / Folhapress

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