SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em mais um capítulo da queda de braço com o prefeito Ricardo Nunes (MDB), o vereador Rubinho Nunes (União Brasil) contratou o ex-subprefeito da Lapa, Luiz Carlos Smith Pepe, para trabalhar em seu gabinete na função de coordenador especial legislativo.
Advogado, Pepe foi exonerado pelo prefeito no dia 2 de outubro, em meio à campanha eleitoral dois dias após Rubinho, que era aliado de Nunes, anunciar apoio à candidatura de Pablo Marçal (PRTB).
Naquela altura, o atual prefeito viva momento complicado na tentativa de se reeleger enquanto Marçal avançava nas pesquisas de intenções de votos.
Na ocasião, o prefeito admitiu à rádio CBN que a demissão foi consequência do apoio de Rubinho para Marçal. “É uma questão de time. Se você tem essa contaminação de um traidor, de uma pessoa sem caráter, sem personalidade, que é o Rubinho Nunes, é preciso restabelecer as relações no que diz respeito à participação dele no governo”, afirmou Nunes, no dia da exoneração de Pepe.
A relação entre Nunes e Rubinho ficou tão estremecida ao ponto de Nunes trabalhar para que o vereador não assuma a presidência da Câmara na próxima legislatura, como mostrou a Folha de S.Paulo.
Mesmo reeleito, Nunes não engoliu a atitude de Rubinho e, inclusive, teria pedido aos caciques do União Brasil a sua expulsão do partido.
Rubinho e Pepe são amigos. Foi o próprio vereador quem indicou Pepe para assumir a Subprefeitura da Lapa na gestão Nunes.
“O Pepé é um advogado qualificado, fez um trabalho brilhante no Psiu e na Subprefeitura. Foi a única pessoa que encontrei com coragem para enfrentar o problema dos bailes funk”, disse Rubinho.
À frente da pasta, Pepe passou a ser investigado após fiscais da Subprefeitura da Lapa atuar em em uma blitz em bailes funk na comunidade da zona sul, sob responsabilidade da Subprefeitura do Ipiranga.
Pepe esteve à frente do Psiu (Programa de Silêncio Urbano) entre 2015 e 2016 e priorizou ações para combater a realização dos bailes funk.
Na campanha de reeleição, Rubinho destacou suas atuações na tentativa de coibir os pancadões em bairros da periferia. Para isso, ele contou com o apoio de Pepe.
O salário líquido para o cargo de coordenador especial do legislativo é de quase R$ 17 mil. Já o vencimento para o subprefeito é de R$ 28 mil.
Na Câmara Municipal, Pepe tem auxiliado Rubinho a sabatinar os representantes das concessionárias responsáveis pelo serviço funerário na capital e o presidente da SP Regula, João Manoel da Costa. A agência reguladora do município é a responsável por supervisionar a prestação do serviço feito pelas concessionárias.
Favorável ao modelo de privatização e antes aliado de Nunes, o vereador adotou uma postura bastante crítica em relação à concessão dos cemitérios.
Rubinho tem liderado um movimento para aglutinar os vereadores e solicitar a caducidade dos contratos com as empresas. “O contrato de concessão foi feito de uma maneira incestuosa. É um contrato de pai para favorecer determinadas pessoas. É um contrato leonino para a população e beneficia exclusivamente os grupos de concessão”, disse Rubinho.
Desde a privatização do serviço funerário em março de 2023, na gestão Nunes, há uma série de críticas com relação à falta de zeladoria dos cemitérios e os preços cobrados pelas empresas.
CARLOS PETROCILO / Folhapress