Em Rio, BH e São Paulo, dois terços da população veem mudanças climáticas como risco imediato

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com cada vez mais eventos climáticos extremos tomando o noticiário em todo o país, a maioria da população em Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo enxerga nas mudanças do clima um risco imediato.

O índice mais alto foi registrado na capital mineira (76%), seguido pela paulista (71%), fluminense (66%) e pernambucana (59%).

Os resultados são de uma nova pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira (25). O levantamento foi realizado presencialmente, com pessoas de 16 anos ou mais, entre os dias 17 e 18 de setembro. A margem de erro é de três pontos percentuais. Em Belo Horizonte, foram feitas 910 entrevistas, em São Paulo, 1.204, no Rio de Janeiro, 1.106, e no Recife, 910.

A taxa das pessoas que acreditam que as mudanças climáticas são um risco apenas para o futuro variou de 20%, em Belo Horizonte, a 28%, no Recife —onde também foi registrado o maior índice dos que não veem risco nas mudanças climáticas (8%).

Com o aumento do nível do mar, causado pela emissão de gases de efeito estufa pelas atividades humanas, as duas capitais litorâneas que integram a pesquisa estão entre as mais ameaçadas pelo aquecimento global no país.

Tendo em vista o período eleitoral, o Datafolha também fez perguntas a respeito dos candidatos a prefeito, questionando qual deles se sairia melhor ao lidar com os impactos das mudanças climáticas.

De modo geral, os resultados se aproximam daqueles encontrados nas pesquisas de intenção de voto do instituto —ou seja, a maioria parece apontar o candidato em que pretende votar como o mais preparado para lidar com os extremos climáticos.

Em São Paulo, por exemplo, os mais bem avaliados quanto ao preparo para lidar com a crise climática são Ricardo Nunes (MDB), com 23%, Guilherme Boulos (PSOL), com 21%, e Pablo Marçal (PRTB), com 13%.

No levantamento eleitoral feito simultaneamente pelo instituto, Nunes teve 27% da preferência, Boulos, 26%, e Marçal, 19%.

Luciana Chong, diretora do Datafolha, explica que perguntas como essas tendem a obter um resultado que se aproxima da intenção de voto. Porém, ela ressalta que muitos entrevistados demonstraram ter dúvidas ou acreditar que nenhum dos postulantes tem a aptidão necessária.

“O importante é justamente destacar quem diz ‘nenhum’ e ‘não sabe’. Aqui em São Paulo, cerca de 30% não conseguem apontar um candidato [como apto a lidar com a crise climática]”, diz.

Na pesquisa eleitoral na capital paulista, apenas 6% declararam voto branco ou nulo 6%, e 3% não responderam.

Chong ressalta que a mesma pesquisa demonstrou que a atuação das prefeituras para lidar com os impactos das queimadas recentes no país, intensificadas por uma seca extrema e altas temperaturas, é mal avaliada e que isso se reflete também nas perguntas sobre clima.

“Nas quatro capitais, os atuais prefeitos estão tentando a reeleição”, relembra. “O Eduardo Paes [PSD, do Rio de Janeiro], por exemplo, tem uma intenção de voto muito alta, de 59%, e a percepção de que ele é o candidato que tem melhores propostas para o clima é bem mais baixa, cai para 43%. Então, nem os prefeitos que estão agora no poder estão conseguindo transmitir [confiança sobre esse tema] para a população.”

Em Belo Horizonte, o atual prefeito, Fuad Noman (PSD), fica em segundo lugar (14%) entre os mais preparados para lidar com o clima extremo, assim como nas intenções de voto.

Ele aparece atrás de Mauro Tramonte (Republicanos), que teve um índice de 20%. Na cidade, 16% responderam que nenhum candidato tem a capacidade de lidar com esse problema e 18% não souberam responder.

No Recife, João Campos (PSB), que teve 76% das intenções de voto na última pesquisa eleitoral, foi considerado por 64% dos entrevistados o mais apto a lidar com os efeitos das mudanças climáticas.

Entre os quatro municípios analisados, a capital pernambucana teve o menor índice de entrevistados que responderam “nenhum” ou disseram não saber qual postulante seria o mais preparado para lidar com o tema, totalizando 16%.

JÉSSICA MAES / Folhapress

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