SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Fabricante de aviões brasileira recebe indenização por frustração no plano de fusão, dólar em ritmo de queda e outros destaques do mercado nesta terça-feira (17).
**EMBRAER EMBOLSA US$ 150 BILHÕES DA BOEING**
A novela entre a americana Boeing e a brasileira Embraer chegou ao fim após quatro anos. A companhia estrangeira pagará US$ 150 milhões (R$ 833 milhões) por desistir de uma fusão com a linha de aviação comercial da empresa brasileira.
RELEMBRE
As duas concorrentes fizeram uma acordo para formarem uma gigante da aviação comercial em 2018. Ela teria os aviões de pequeno e médio porte da Embraer e o portfólio de grandes aeronaves da americana, rival da europeia Airbus.
Os segmentos de defesa e jatinhos executivos iriam permanecer com a brasileira.
A negociação era estimada em US$ 5,2 bilhões (R$ 29 bilhões) em valores atuais.
SIM, MAS…
A Boeing desistiu da compra perto de ela ser efetivada. Alegou que a companhia brasileira descumpriu exigências.
Analistas apontam a crise em que a americana entrou após acidentes com o modelo de avião 737 Max como responsável pela desistência. As consequências duram até hoje, com investigações e revisão do processo industrial em curso.
ROMBO
A Embraer já havia feito grandes investimentos para separar a companhia em duas partes. A mais recente estimativa da empresa estipula em R$ 980 milhões o prejuízo pelos valores empregados nesse processo de segregação.
Como a negociação foi feita sob sigilo, numa corte de arbitragem em Nova York, não se sabe se os brasileiros pediram algum valor específico ou os US$ 150 milhões alcançados.
ÁGUAS PASSADAS
A reviravolta impactou as finanças da Embraer nos últimos anos, mas a empresa tem crescido no pós-pandemia, efeito de um processo de renovação da frota de aviões por diversas companhias aéreas.
Investimentos em defesa ao redor do mundo também reforçaram as encomendas do principal modelo militar da companhia.
No último trimestre, o lucro da brasileira aumentou 50%, o que refletiu positivamente sobre as ações na Bolsa.
REAÇÃO
Apesar do desfecho, investidores esperavam um valor maior para o acordo, o que levou as ações caírem 5,30%. Segundo o banco de investimentos Itaú BBA, eles previam entre US$ 250 e 300 milhões.
Ainda assim, o BBA reforçou a recomendação de compra das ações em relatório, justificando que a empresa tem boas perspectivas no mercado e melhora na lucratividade.
**DÓLAR CAI**
A semana começou com o dólar em queda de 1%, cotado a R$ 5,50. Os motivos são dois: as previsões de os juros estão prestes a cair nos Estados Unidos e a subir por aqui.
Na quarta, o banco central americano e o brasileiro definem as taxas básicas.
ENTENDA
A moeda dos EUA tende a se valorizar se os juros por lá estiverem altos. Isso porque o país torna-se mais atrativo para alguns investimentos, especialmente os títulos do Tesouro e outras modalidades de renda fixa.
Com uma remuneração alta, investidores saem de países como o Brasil e migram para lá.
Os títulos americanos são considerados um dos investimentos mais seguros que existem.
ALÍVIO
Esse foi o cenário dos últimos dois anos, desde que os juros subiram para combater a inflação no pós-pandemia. Agora, é hora de eles baixarem. Com o corte nas taxas, o dólar flui mais facilmente para outros mercados.
Os juros americanos estão entre 5,25% e 5,50% ao ano.
ESPAÇO PARA CAIR
Esse patamar alto é um dos motivos para a alta do dólar frente ao real. Críticas do presidente Lula à necessidade de controle das contas públicas também pesaram.
A cotação está acima de R$ 5,40 desde junho, e passou de R$ 5 em março.
Enquanto isso Os juros em alta por aqui tendem a desvalorizar mais o dólar pois aumentam a atratividade do Brasil para esses mesmos investidores.
SENTIDOS OPOSTOS
Essa divergência é um dos pontos de atenção. Há quem defenda que o banco central brasileiro espere um pouco mais. Se os juros caírem nos EUA, os daqui ficam “mais fortes” em termos relativos. Assim, ganham força no combate à inflação, mesmo permanecendo no mesmo patamar.
**BETS FORA DO METRÔ**
O metrô de São Paulo vai receber, ainda em setembro, propostas para conceder os “naming rights”, os direitos de nome, da estação Vergueiro da linha 1-Azul.
O processo permitirá que uma marca seja atrelada ao nome da estação, prática já adotada em paradas como Carrão, patrocinada pelo Assaí, e Saúde, patrocinada pela Ultrafarma.
Porém, pela primeira vez, o Metrô decidiu proibir o uso de nomes de sites de apostas nesse processo.
A restrição também se aplica a bebidas alcoólicas, entidades religiosas, instituições político-partidárias e personalidades.
Desde que foram autorizadas pelo Congresso em 2018, as bets têm investido pesadamente em publicidade, incluindo influencers. Mas há quem defenda a proibição no Congresso, como a deputada Glesi Hoffman.
EM ALTA
Levantamento publicado pela Folha mostra que as casas de apostas patrocinaram 20% dos comerciais em intervalos esportivos na TV aberta
Entre as marcas de apostas esportivas que anunciam na TV, a mais presente é a Betano, com 23% de participação nos intervalos.
O segundo lugar é da novata Superbet, que começou a operar neste ano no Brasil, com 17%.
MERCADO BILIONÁRIO
Gigantes do setor oficializaram o interesse em atuar no Brasil, como a inglesa Bet 365, a grega Betano, a sueca Betsson e a americana Caesars Sportsbook. As bets movimentam R$ 110 bilhões ao ano no Brasil, valor que atualmente escapa totalmente de tributação.
Esse valor inclui apostas esportivas, caça-níqueis e até transmissão ao vivo de roleta, segundo dados da ANJL (Associação Nacional de Jogos e Loterias).
DENTRO DA LEI
O mercado legal de casas de apostas começa a tomar forma no Brasil. A partir de 1º de janeiro de 2025, apenas as empresas com autorização do Ministério da Fazenda poderão operar. Mais de 100 empresas, entre elas Globo e a própria Caixa Econômica solicitaram autorização.
Diversas regras foram criadas para sites de apostas esportivas. Os que funcionam no modelo de cassino, como os conhecidos “jogo do tigrinho”, terão ainda mais restrições.
A legislação já autoriza apostas, mas sem regras e normas detalhadas.
As principais exigências incluem: filial no Brasil ou sociedade com empresa brasileira, hospedagem do site em servidores no país e reporte de atividade suspeita à Receita Federal.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
PIB
Potencial de crescimento do Brasil sem gerar inflação está perto de 2%, dizem economistas. PIB do segundo trimestre foi maior do que o esperado pelos analistas; mercado agora projeta mais juros e inflação para 2024.
CRISE ENERGÉTICA
Horário de verão no Brasil é ‘realidade muito premente’, diz Silveira. Ministro de Minas e Energia voltou a falar sobre o assunto e afirmou que mudança deve ser proposta ao governo para uma decisão final.
MERCADO
Seca na amazônia dificulta transporte de mercadorias e afeta vida de moradores. Barcos encalhados em bancos de areia se tornaram uma visão comum na região.
ENERGIA LIMPA
Mercedes lança caminhão elétrico e cobra infraestrutura para recarga na Europa. Montadora afirma que eActros pode rodar 500 quilômetros transportando 40 toneladas.
VICTOR SENA / Folhapress