Empresário morto em aeroporto denunciou à Corregedoria o sumiço de sete relógios de luxo e uma arma

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, 38, morto na sexta-feira (8) em um ataque a tiros de fuzil no aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, denunciou à Corregedoria da Polícia Civil que teve vários objetos de valor desviados durante uma ação para prendê-lo.

Segundo Gritzbach, ele tinha em casa uma valise onde guardava cerca de 20 relógios de luxo. Ao ser detido por policiais do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), ele não notou que tais objetos haviam sido retirados de sua residência.

Somente quando era encaminhado para a carceragem do 8° DP (Brás), os próprios agentes contaram que os objetos estavam em um armário.

Os policiais do DHPP teriam dito a ele que os relógios seriam devolvidos quando ele deixasse a prisão. Os relógios foram entregues na casa de Gritzbach, mas ele notou a falta de sete deles.

Em depoimento à Corregedoria da Polícia Civil no dia 31 de outubro ele listou os relógios não devolvidos, sendo eles:

– Rolex GMT Yacht Master 2 de ouro, com valor aproximado de R$ 200 mil

– Hublot King Power, no valor aproximado de R$ 58 mil

– Hublot King Power F1, no valor aproximado de R$ 56 mil

– Frederique Constant, no valor aproximado de R$ ,40 mil

– Rolex GMT Pepsi, no valor aproximado de R$ 150 mil

– Rolex Submariner, no valor aproximado de R$ 80 mil

– Rolex Sky Dweller, no valor aproximado de R$ 130 mil

Segundo Gritzbach, ele soube por terceiros que um dos policiais envolvidos em sua prisão ostentava nas redes sociais o uso do relógio mais caro, além dos dois Hublot e um segundo Rolex.

Além dos relógios, Gritzbach contou em seu depoimento sobre o sumiço de uma espingarda calibre 7,62 Remington. Por possuir o registro de CAC ele mantinha armas em casa, as quais foram apreendidas pelos policiais. A arma, segundo ele, não foi relacionada na relação dos objetos apreendidos.

Posteriormente, um advogado que o defendia foi ao 30° DP (Tatuapé) para elaborar um boletim de ocorrência sobre a arma em questão.

Gritzbach voltava de uma viagem ao Nordeste com a namorada quando foi assassinado. Em um acordo de delação premiada, ele acusou policiais civis de exigirem R$ 40 milhões em troca do encerramento do inquérito que investigava sua participação na morte de dois integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

Questionada sobre a denúncia, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) afirmou, por meio de nota, que “as investigações prosseguem sob sigilo e todas as denúncias e informações fornecidas durante a delação do homem citado integram as apurações”. Disse, ainda, que “detalhes serão preservados para garantir a autonomia do trabalho policial”.

“Todos os policiais civis e militares que estão sendo investigados foram afastados preventivamente e as respectivas corregedorias acompanham o caso, reafirmando o compromisso e o respeito da secretaria às leis, à transparência e à imparcialidade no processo investigativo”, afirmou a pasta.

Na quarta-feira (13), a SSP afirmou que todos os policiais civis citados na delação de Gritzbach foram afastados de seus cargos operacionais e encaminhados a funções administrativas. Antes disso, oito policiais militares também haviam sido afastados —estes integravam a escolta particular de Gritzbach e já eram investigados pela Corregedoria da PM há um mês, segundo o secretário Guilherme Derrite.

PAULO EDUARDO DIAS / Folhapress

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