SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente do conselho de administração e sócio sênior do BTG Pactual, André Esteves, disse nesta quarta-feira (7) que é preciso se ater aos fatos e não às falas de bastidores com relação à indicação do governo para uma cadeira na mineradora Vale.
Segundo o banqueiro, as grandes companhias brasileiras, tanto privadas como as estatais, têm boa governança para serem bem geridas, e que isso está acima de qualquer desejo de uma possível interferência por parte dos governantes.
“A Eletrobras se tornou uma empresa privada, continuou uma empresa privada e essa discussão foi se diluindo. A Vale é uma empresa privada e continuará uma empresa privada. E a Petrobras, que é uma empresa controlada pelo Estado, não estou vendo nenhuma decisão que está sendo muito contestada. Pelo contrário, continuo vendo uma companhia bem administrada, com um corpo técnico admirável”.
A fala aconteceu durante painel mediado pelo jornalista William Waack na CEO Conference Brasil 2024, evento realizado pelo BTG Pactual. Waack questionou Esteves sobre interesses do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em empresas como a Vale e a imagem que isso passa para os investidores no exterior.
Segundo Waack, o governo pressionou para colocar um nome de seu interesse na presidência da companhia.
“Eu acho que a gente tem suficiente governança para as empresas seguirem o caminho de serem bem geridas e continuarem produzindo riquezas para o Brasil”, declarou Esteves.
“Existe essa confusão, essa cacofonia de objetivos, de declarações e ideias. Agora, vamos nos ater aos fatos (…). O que vejo até agora não me preocupa”, completou.
Esteves disse que as empresas são organismos vivos, com corpo técnico e funcionários que vestem a camisa, e afirmou que isso está acima dos interesses particulares de um ou outro governante.
Na última terça-feira (6), a Vale informou que está avaliando eventual renovação de contrato de seu atual presidente, Eduardo Bartolomeo, ou a realização de um processo sucessório, já que o mandato do executivo se encerra em 26 de maio.
Em comunicado ao mercado, a mineradora esclareceu que a decisão de seu conselho de administração, que tem competência exclusiva para decidir sobre a escolha do presidente da companhia, poderá ocorrer até o término previsto do mandato em vigor de Bartolomeo.
Na sexta-feira passada (26), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, negou que Lula teria tratado sobre sucessão na Vale e afirmou que o presidente “nunca” se disporia a fazer interferência em uma empresa com capital aberto.
As declarações do ministro ocorreram após a divulgação na imprensa que Lula estava buscando meios para que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega assuma o comando da mineradora ou ao menos um cargo no conselho de administração da companhia.
STÉFANIE RIGAMONTI / Folhapress