RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – As enchentes de proporções históricas no Rio Grande do Sul desafiam o andamento da coleta de dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no estado.
O temor é de que as restrições logísticas trazidas pela crise climática atrasem a produção de pesquisas do órgão, mas o real impacto ainda não é conhecido.
Até o momento, o IBGE apenas sinalizou que aguarda o desenrolar dos acontecimentos antes de se manifestar oficialmente.
A reportagem perguntou ao instituto nesta segunda-feira (13) se será possível finalizar a coleta de indicadores como o IPCA-15 e o IPCA dentro do prazo em maio, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem.
O Rio Grande do Sul amarga uma tragédia de proporções históricas. Porto Alegre e cidades do interior sofrem com as restrições de mobilidade em razão das inundações de ruas e avenidas.
Parte das empresas e residências ainda está debaixo dágua. O atual contexto dificulta atividades presenciais, o que inclui a coleta de parte dos dados do IBGE.
Em comunicado, o instituto disse na semana passada que conta com 36 agências distribuídas no estado.
Conforme o órgão, informações preliminares apontavam que cerca de 20 unidades sofreram “danos significativos”, como a de Lajeado (a cerca de 120 km de Porto Alegre), que estava incomunicável. A sede estadual, localizada na capital gaúcha, também foi impactada por alagamentos.
No último final de semana, o Rio Grande do Sul voltou a registrar fortes chuvas que elevaram os níveis de rios. Projeções indicam que, com a movimentação das águas, o patamar do lago Guaíba, na capital gaúcha, pode voltar a bater o recorde histórico no início desta semana.
“O IBGE ressalta que será necessário esperar a evolução dos acontecimentos e verificar como a transmissão de informações para o IBGE vai se comportar ao longo do mês para estimar os possíveis impactos em termos de geração de resultados e da publicação de indicadores relativos ao Rio Grande do Sul, e a participação deste em indicadores nacionais”, afirmou o comunicado do instituto na semana passada.
A coleta de preços para os índices de inflação IPCA-15 e IPCA, por exemplo, abrange a região metropolitana de Porto Alegre.
No caso do IPCA-15 referente a maio, a apuração dos dados está prevista para o período de 16 de abril a 15 de maio já afetado pelas enchentes. A divulgação do resultado deste mês está agendada para o próximo dia 28.
No caso do IPCA, o índice oficial de inflação do Brasil, a coleta de maio está prevista para o intervalo dos dias 1º a 29. Esse período também já abrange os reflexos das inundações. A divulgação do IPCA está marcada para 11 de junho.
LEONARDO VIECELI / Folhapress