Enel é muito responsável por apagões em SP para 70% dos paulistanos, segundo Datafolha

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Para 7 de cada 10 paulistanos, a Enel é muito responsável pelos apagões que atingem São Paulo e a região metropolitana da capital. No mesmo patamar também está a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), com 66%.

Os números fazem parte de uma pesquisa do Datafolha, que entrevistou 1.204 pessoas em São Paulo com 16 anos ou mais nos dias 23 e 24 de outubro. O levantamento tem margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos no total da amostra, com nível de confiança de 95%.

A pesquisa mostra que 71% dos paulistanos acham que o contrato da concessionária deveria ser cancelado. Parcela similar, de 73%, considera que a cidade está nada preparada para eventos climáticos como ventos fortes e tempestades.

Para 51% dos entrevistados, a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) é muito responsável pelos apagões. Já o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), é apontado como muito responsável por 49%, enquanto a gestão Lula (PT) tem 46%.

Entre quem declara voto em Nunes no segundo turno da eleição paulistana, 53% atribuíram ao governo federal a principal responsabilidade pelos apagões, e 42%, ao governo estadual, com 38% indicando a prefeitura. Já 69% dos eleitores de Guilherme Boulos (PSOL) apontaram a administração municipal como principal culpada, com 59% responsabilizando o governo estadual e 38%, o federal.

No segmento dos que declararam terem votado em Marçal no primeiro turno -grupo a quem Boulos tenta atrair nessa reta final de campanha-, 16% consideram ótimo ou bom o desempenho do prefeito Nunes para resolver problemas causados por ventos fortes e tempestades. Para 31%, o desempenho é ruim ou péssimo.

Já o desempenho da Enel para resolver problemas causados por eventos climáticos foi considerado péssimo para 70% dos entrevistados, enquanto o de Nunes recebeu essa avaliação de 42% e angariou uma opinião regular para 39%.

Metade dos entrevistados (54%) não entrou em contato com a Enel por causa da falta de energia. Entre os que acionaram a companhia, 26% disseram não ter sido atendidos.

O apagão que atingiu a capital e a Grande São Paulo no último dia 11 afetou 3,1 milhões de consumidores, segundo a empresa. Na manhã do dia 17, a Enel afirmou que a crise pela falta de luz havia sido resolvida. No entanto, ainda havia 36 mil imóveis sem luz no momento do anúncio -número considerado perto da normalidade pela concessionária.

O Datafolha mostra que 34% dos paulistanos disseram ter ficado sem energia elétrica nas últimas semanas. Destes, 42% afirmaram que o problema durou mais de 24 horas.

Do total de afetados, quase metade (47%) disse ter tido algum tipo de prejuízo em decorrência do apagão. Os problemas mais frequentes foram alimentos estragados por falta de refrigeração (42%), a impossibilidade de uso de aparelhos para monitoramento e tratamento médico (10%), a queima de aparelhos eletrônicos (7%) e a perda de medicamentos por falta de refrigeração (6%).

Procurada, a companhia citou o registro recorde de vento durante o apagão, com rajadas de até 107,6 km/h, registrados pela Defesa Civil estadual. “A companhia mobilizou todos os esforços e recursos para restabelecer o fornecimento no menor tempo possível e, até o fim da noite do dia 12/10 (sábado), o serviço foi normalizado para cerca de 80% dos consumidores.”

Ocorrido uma semana após o primeiro turno das eleições municipais, o problema entrou rapidamente no debate político, com trocas de acusações entre a prefeitura, a gestão Tarcísio e o governo Lula.

Enquanto Nunes e Tarcísio se voltaram contra a companhia e acusaram o governo federal de omissão, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem feito críticas à Aneel e à gestão de podas de árvores na cidade e defendido mudanças nas agências reguladoras.

Três dias após o último apagão, a Aneel, por sua vez, se defendeu em um ofício das críticas do ministério. O documento, assinado pelo diretor-geral Sandoval Feitosa, diz que a Aneel “vem sistematicamente realizando fiscalização na prestação do serviço pela Enel SP” -empresa responsável pela distribuição de energia na capital paulista.

Reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que, de janeiro a agosto deste ano, os apagões aumentaram em regiões onde estão 3,3 milhões de clientes da empresa, segundo dados da Aneel.

O QUE DIZEM A ENEL E AS AUTORIDADES

A Enel afirmou que mobilizou, ao todo, 2.800 eletricistas para restabelecer a energia para os clientes afetados. “Técnicos da companhia precisaram reconstruir em poucos dias quilômetros de rede, atuar em 1.500 ocorrências envolvendo vegetação, além de substituir mais de 250 postes e 100 transformadores.”

Ainda, a empresa citou investimentos de R$ 6,2 bilhões de 2024 a 2026, e voltou a anunciar a contratação, até março do ano que vem, de 1.200 profissionais.

Em nota, a gestão Nunes apontou a empresa como ” reiteradamente pela falta de energia em milhares de imóveis na cidade, além de se mostrar incapaz de resolver o problema no menor tempo possível, conforme registrado por toda a imprensa”.

A prefeitura afirmou ainda que, além de ter enviado ofícios desde novembro do ano passado ao TCU (Tribunal de Contas da União) e à Aneel, exigindo maior fiscalização do contrato de concessão e aplicação de multa, acionou o Procon e a Justiça, em duas ações contra a empresa. Também relatou a entrega ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), de propostas para alterar a lei de concessões e dar mais autonomia a municípios na escolha e na fiscalização das concessionárias.

Citou, ainda, investimentos de R$ 7,4 bilhões desde 2021 no combate e prevenção a enchentes, e disse que podou 627.734 árvores no mesmo período, além de ter reduzido o tempo médio de atendimento para podas ou retirada de árvores na cidade de 507 para 54 dias.

Procurada, a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) não respondeu até a publicação.

LUCAS LACERDA E TULIO KRUSE / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS