SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Enel SP, distribuidora de energia que atende a capital e a região metropolitana de São Paulo, terá novo presidente. Max Xavier Lins pediu a renúncia de seu cargo como diretor-presidente e será substituído por Guilherme Gomes Lencastre ele presidia o conselho de administração da empresa.
A Enel SP não diz por quais motivos Max Xavier Lins decidiu sair do cargo. O diretor-presidente vinha sob pressão desde o início de novembro do ano passado, quando, após um temporal, 2,1 milhões de clientes da empresa ficaram sem energia elétrica na região metropolitana.
Segundo comunicado aos acionistas divulgado pela companhia, Damian Papolo, então diretor de Relação Externas e Sustentabilidade da Enel Brasil, foi eleito para presidência do conselho. O comunicado diz também que Xavier Lins ocupará novas funções no Grupo Enel.
A Enel SP segue sob crise com os governos municipal e federal desde que as falhas na distribuição de energia se avolumaram. Na capital paulista, uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) foi aberta na Câmara de Vereadores.
Em âmbito federal, A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) multou a empresa em R$ 165 milhões e deu início a um processo para apurar a possibilidade de extinção do contrato da empresa.
A apuração atende a uma determinação do Ministério de Minas e Energia, que citou a série de apagões recentes na cidade de São Paulo e falou em “histórico de falhas e transgressões” da empresa privada perante suas obrigações.
O objetivo da pasta é saber se a Enel descumpriu com o contrato, se tem condições técnicas de seguir operando e se atendeu a ordem recente da Aneel para regularizar seus serviços.
Antonio Scala, presidente da Enel Brasil, disse, dias depois da abertura do processo, que respeitava as opiniões do poder público, mas afirmou ter o respaldo de “contratos robustos” e estar “seguro” dos investimentos anunciados pela empresa para resolver as falhas.
A companhia anunciou que investirá R$ 18 bilhões no Brasil (o grupo também tem concessões no Ceará e no Rio) até 2026, dos quais 80% serão para distribuição. Em São Paulo, serão R$ 6,2 bilhões para tornar a rede mais resistente. A companhia também disse que contratará, em um ano, 1.200 funcionários para atender, com equipe própria, emergências.
Há uma semana, uma delegação da Enel vinda da Itália (país de origem da companhia) chegou ao Brasil e teve um encontro rápido com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), em Brasília.
A reportagem apurou que, durante o encontro, Silveira reforçou o que já tinha dito a jornalistas, que se a companhia não fizer investimentos na qualidade do serviço de distribuição de energia, ela “pode dar tchau” ao país.
FERNANDA BRIGATTI / Folhapress