Enem 2023 teve 32% de faltosos; MEC vai anular questão repetida de 2010

Camilo Santana, ministro da Educação |Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Quase um terço dos inscritos no Enem 2023 não compareceu aos dois dias de prova. Dos 3,9 milhões de inscritos, 1,2 milhões não fizeram o exame, o primeiro sob a atual gestão do presidente Lula (PT),

A taxa de abstenção do exame foi de 32%.O volume de faltosos seguiu o padrão dos últimos anos, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira (12) pelo governo.

No Enem do ano passado, faltaram aos dois dias do exame 32,1% dos inscritos, segundo dados divulgados neste domingo.

Foram eliminados neste domingo 2.217 candidatos, por algum problema na aplicação. O ministro da Educação, Camilo Santana (PT), afirmou que o Inep identificou que imagem da prova circulou novamente neste domingo, a partir das 17h –depois do exame ter começado.

A prova é a principal porta de entrada para o ensino superior. Serve de acesso a vagas em instituições públicas com o Sisu (Sistema de Seleção Unificada) e ainda é critério para acesso a bolsas do ProUni (Programa Universidade para Todos) e ao Fies (Financiamento Estudantil).

Os candidatos fizeram neste domingo as provas de matemática e ciências humanas. Foram 45 questões de cada área.

O exame começou no último domingo (5), com as provas de linguagens, ciências humanas e com a redação. O tema foi “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”. Já no primeiro dia do exame a taxa de faltosos foi de 28,1%.

Esta edição do Enem ficou marcada por queixas de políticos de direita sobre um suposto viés ideológico em algumas questões. A bancada ruralista chegou a pedir anulação de duas questões que, na visão do grupo, produziam uma imagem negativa e errada do agronegócio.

O presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), Manuel Palácios, disse à Folha na última semana que as questões não são feitas para o candidato concordar com os textos, mas interpretar o que os autores quiseram dizer. Ele descartou anular os itens questionados.

Houve erros na alocação de cerca de 50 mil candidatos a mais de 30 km de casa –o que fere as regras do exame. A realização deste ano ainda foi marcada por chuvas pelo Brasil, como em São Paulo e Paraná, que derrubou a energia de muitos locais, incluindo escolas onde a aplicação era prevista.

O governo garantiu que os candidatos prejudicados pela distância dos locais de prova e também os afetados por problemas climáticos poderão fazer o Enem nas datas de reaplicação, marcada para os dias 12 e 13 de dezembro

Os prejudicados deverão submeter seus pedidos para a análise. Esse comunicado deve ser feito na página do participante, onde haverá uma aba específica para isso. O sistema receberá as informações no período de 13 a 17 de novembro. O Inep vai analisar os pedidos e cruzar dados para confirmar o direito à reaplicação.

O gabarito oficial do Enem será divulgado no próximo dia 24. Os participantes vão conhecer suas notas em 16 de janeiro de 2024.

Por conta do modelo matemático adotado pelo Enem, as notas de cada área de prova dependem de quais questões foram assinaladas corretamente, e não apenas a quantidade.

QUESTÃO DE 2010 SERÁ ANULADA

O MEC (Ministério da Educação) afirmou que vai anular uma das questões do segundo dia de provas do Enem 2023, que aconteceu neste domingo (12), por “falta de ineditismo”. A pergunta já havia sido usada na edição do exame de 2010.

A pergunta pedia ao candidato para interpretar um gráfico sobre os grupos que estavam mais expostos ao vírus da gripe A-H1N1 por estarem com baixa cobertura vacinal.

A elaboração do Enem pressupõe o uso de apenas perguntas inéditas.

A questão 177 da prova amarela deste ano já havia aparecido com os mesmos dados e informações na prova aplicada em 2010 na edição PPL (pessoas privadas de liberdade). A repetição dos itens foi identificada por professores da SAS – Plataforma de Educação.

A escassez do BNI (Banco Nacional de Itens), de onde são retiradas as questões do Enem, vem sendo alertada por servidores do Inep há anos. Em março do ano passado, a equipe técnica do órgão produziu um documento em que previa a possibilidade de utilização de itens utilizados em edições anteriores para fazem o Enem 2022.

No ano passado, a estratégia usada para contornar a falta de questões foi a reciclagem de itens usados em anos anteriores. Eles usaram questões feitas e pré-testadas em anos anteriores, mas que ficaram de fora das provas oficiais por terem apresentado alguma fragilidade nas informações piscométricas —que são as informações estatísticas que permitem a calibragem para a medição de diferentes proficiências entre os candidatos.

Eram itens que apresentaram falhas, mas foram corrigidos para torná-los adequados. São perguntas que poderiam, por exemplo, ter algum problema no enunciado ou nas alternativas de resposta. Ou seja, itens que tinham seu conteúdo pedagogicamente aprovado, mas apresentavam alguma falha, que foi corrigida pelos elaboradores.

Estima-se que cada item do Enem custe de R$ 2.000 a R$ 3.000 para ser elaborado, já que eles são feitos por uma banca de especialistas de cada área, passam por até quatro revisores e depois seguem para o pré-teste.

Desde 2009, quando o Enem ganhou o formato atual e virou vestibular, há dificuldade de produzir itens adequados em número suficiente para a compor a prova. O problema foi agravado durante o governo Jair Bolsonaro (PL), já que nos três primeiros anos de gestão não foram produzidas novas questões para compor o BNI.

ISABELA PALHARES/ PAULO SALDAÑA / Folhapress

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